12/4/2020 19:18

Campeão pelo Corinthians, Rosinei lembra quando colocou galácticos da MSI no banco e desculpas de Tite

Campeão pelo Corinthians, Rosinei lembra quando colocou galácticos da MSI no banco e desculpas de Tite
Em entrevista, o volante Rosinei definiu o técnico Tite, comandante da seleção brasileira e com quem chegou a trabalhar no Corinthians, no começo da carreira, como "um cara espetacular".



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Titular e campeão do Brasileirão de 2005, Rosinei passou a ser usado com frequência entre os profissionais do Corinthians no ano anterior, quando o técnico do clube ainda era Tite. Mas aquela não foi a primeira que os caminhos dos dois se cruzaram.

"Em 2003, eu fui emprestado para o São Caetano no profissional, mas eles tinham um timaço", contou Rosinei ao ESPN.com.br. "Fiquei treinando por lá e fui relacionado para alguns jogos. Logo que o Mário Sérgio foi mandado embora, chegou o Tite para ser o técnico. Eu era novo, não era muito escalado, e o Tite disse que não ia me utilizar."

Foi assim que acabou o primeiro contato entre jogador e treinador. Não aproveitado no São Caetano, Rosinei voltou ao Corinthians, mas não pôde atuar pelos juniores porque as inscrições dos torneios de base já tinham acabado.

Elogio de Rivellino e espaço no Corinthians

Antes de reencontrar Tite, o volante viu um outro personagem ligado à seleção brasileira aparecer de maneira decisiva em sua trajetória no futebol: Roberto Rivellino, um dos pilares do time tricampeão do mundo na Copa de 1970 e que ocupava o cargo gerente de futebol do Corinthians em 2003.

"Precisaram de cinco jogadores para completar um treino do profissional perto do final do ano. Eu fui com mais quatro meninos da base. O Rivellino me viu treinando e perguntou ao massagista: 'Quem é esse menino? Ele joga bem'. O massagista falou para ele que eu era muito bom jogador e que não tinha recebido nenhuma chance no profissional", contou Rosinei.

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"Assim que acabou treino, o Rivellino veio falar comigo e disse: 'Você vai ficar uns 15 dias treinando aqui para ver se dará sequência no que fez hoje ou se foi só hoje mesmo que você foi bem'. Foi legal. Aproveitei esse tempo como a chance da minha vida e me dediquei ao máximo. Pulei de cabeça mesmo. Eu fiquei por lá treinando e fui bem pra caramba."

Depois de ter feito parte do elenco profissional até o final de 2003, Rosinei foi levado para jogar a Copa São Paulo de 2004. "Quando o Corinthians era campeão, o jogador da base ia para o profissional e não voltava mais. A gente ficava muito pilhado com isso", lembrou.

Foi o que aconteceu com ele. O Corinthians conquistou o título daquela edição ao vencer o São Paulo na decisão por 2 a 0. O time profissional, porém, teve um começo de temporada complicado. Quase caiu no Paulista e passou as primeiras rodadas do Brasileiro flertando com a lanterna. As coisas só foram mudar após a chegada de um técnico que passou a dar maior espaço para os jovens.

Reencontro com Tite e pedido de desculpas

Esse técnico era Tite, que assumiu o cargo em maio de 2004, após a demissão de Oswaldo de Oliveira. Foi assim que ele voltou a cruzar com Rosinei. E desta vez, as coisas foram bem diferentes em relação à primeira vez.

"Na hora em que ele foi contratado, pensei: 'Caramba, ele nem me viu no São Caetano e me liberou. E agora?'", recordou-se o jogador.

"Logo que ele chegou ao Parque são Jorge, na primeira reunião com o grupo de jogadores, o Tite se desculpou comigo. Ele me falou: 'Não te conhecia na época, mas vi que você fez um excelente trabalho na Copa São Paulo e espero que você continue treinando e jogando desta forma."

Essa conversa fez Rosinei entender que Tite chegara ao São Caetano no ano anterior para treinar um time com muitos jogadores e que nem teve a chance de vê-lo treinando. Por isso que ele acabou entrando na lista de jogadores liberados.

A preocupação em prestar uma explicação, o pedido de desculpas e a confiança depositada nos meses seguintes o levaram a desenvolver uma admiração muito grande pelo treinador, ao ponto de considerá-lo "um cara espetacular".

"Foi quem me deu chances no profissional do Corinthians e com quem comecei a jogar. Com ele fiz meu primeiro gol no clube. Só tenho que agradecer a ele e ao Rivellino por tudo", disse Rosinei.

No resto do ano, o volante foi um dos destaques de um time pouco badalado, mas que conseguiu engatar uma boa recuperação e terminou o Brasileiro em quinto lugar.

Campeão Brasileiro

Em 2005, a realidade mudou completamente no Corinthians. A partir da parceria com a MSI, o elenco sem grandes contratações da temporada anterior passou a ser abastecido por nomes de peso. Entre as principais contratações, chegaram Tevez, Roger, Carlos Alberto, Gustavo Nery, Mascherano e Nilmar.

Tite foi demitido no começo do ano, durante o Paulista. Mas Rosinei não só continuou no Parque São Jorge como conseguiu se manter entre os titulares, mesmo em meio à concorrência dos "galácticos".

"Esse time teve histórias boas e ruins. O começo foi bem conturbado, teve a briga do Marquinhos com o Tévez. A gente achou que as coisas não iriam acontecer porque começamos meio mal o Brasileiro, mas depois as coisas fluíram", lembrou o volante, que afirmou ter sido muito bem acolhido por todo o grupo, mesmo sendo bem menos experientes que os companheiros contratados para aquela temporada.

Ofuscando galácticos e 'abraçado' por Carlos Alberto

Em 2004, Carlos Alberto ajudou o Porto a ganhar o título da Uefa Champions League, tendo inclusive marcado gol na final da competição. Foi o que o fez chegar ao Corinthians no ano seguinte sob muita expectativas, mas o rendimento apresentado por ele não as correspondeu e o levou à reserva.

O que não o impediu de reconhecer o melhor momento do companheiro e apoiá-lo. "Ele me abraçou na época", revelou Rosinei.

"Eu tinha acabado de subir e estava jogando no lugar dele porque ele não estava indo muito bem, ainda estava se acostumando com o Brasil. Eu acabei ocupando o espaço dele. Ele me ajudou demais. O Roger também me ajudou muito."

No decorrer do Brasileiro, Carlos Alberto acabou virando titular, mas isso só aconteceu por causa de uma lesão no tornozelo direito que afastou Roger da reta final da competição. Rosinei não só manteve a posição como foi destaque na campanha campeã, tendo sido vice-artilheiro do time, atrás apenas de Tevez.

"A gente foi campeão apesar de todos os problemas. Alguns jogadores da equipe não se falavam, mas quando chegava dentro de campo era impressionante. Os caras jogavam, lutavam e corriam demais. Além da qualidade, o time percebeu que precisávamos nos unir dentro de campo", contou o volante.

"Eu me destaquei muito e minha careira foi construída a partir daquele ano. Foi o ponto de partida de tudo e como consegui me estabilizar no profissional."



Em 2006, principalmente após a Libertadores, o time do Corinthians começou a ser desmontado. Rosinei foi embora em 2007, ainda antes de a equipe despencar na tabela do Brasileiro e ser rebaixada.


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