11/10/2019 15:10

Ídolo do Timão, Casagrande relembra como título de 1977 foi importante em sua carreira; confira a entrevista

Ex-centroavante e hoje comentarista, o ídolo do Timão relembra chegada ao Terrão e diz que teve carreira influenciada pela que considera a maior taça da história do clube

Ídolo do Timão, Casagrande relembra como título de 1977 foi importante em sua carreira; confira a entrevista
Um dos principais nomes do Corinthians ao longo dos anos, Walter Casagrande Jr. tem propriedade para falar do clube, não só por ter sido atleta alvinegro e ter liderado um dos maiores movimentos do futebol e da política nacionais: a Democracia Corinthiana, ao lado de Sócrates, Wladimir e outros. No entanto, sua história foi influenciada por outro grande fato: o título de 1977.



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Comentarista de futebol há mais de 20 anos, Casão foi uma das revelações do clube em 1980, ano em que disputou a Taça São Paulo de Futebol Junior. Sua trajetória junto ao Timão, porém, vem de família: corinthiano desde sempre, ele ia aos estádios com o pai, de quem escondeu sua chegada ao clube ainda na categoria Dente de Leite. E viu, de dentro do clube, o Fim da Fila acontecer.

Revelando que sofreu junto como torcedor e como atleta pelo jejum de 23 anos – a pressão, conta, vinha desde a base –, Casagrande tem cacife para avaliar que a conquista é, em sua opinião, a maior da história alvinegra, ainda que o time tenha sido campeão da Conmebol Libertadores e Bicampeão Mundial anos depois.

Confira a entrevista com Casagrande:

Como foi a sua chegada ao Corinthians?

Eu cheguei no Corinthians em 1975, que era o Dente de Leite, mas lá atrás, no Terrão. Ali onde existem os campos e quadras sintéticas, era tudo na terra. Fiz peneira lá, joguei lá, os treinos eram lá. E joguei no juvenil do Corinthians até 1980 sempre treinando lá. E era uma coisa que ficou até histórica, porque Rivellino saiu do Terrão, Wladimir saiu do Terrão, vários outros saíram do terrão, eu saí, depois o Viola saiu. Tem um monte de jogadores que saíram e têm orgulho de falar “eu sou do Terrão do Corinthians”. Era tudo muito difícil, mas para aquela época era o que tinha, e a gente não reclamava não, porque ninguém tinha uma estrutura muito boa.

E você já era torcedor antes de chegar ao clube?

Eu sou corinthiano, a minha família é corinthiana pra caramba. E o meu sonho era jogar no Corinthians. Eu estava treinando na Portuguesa de Desportos, no Dente de Leite, e quando passei de ônibus (na frente do clube) e vi que estavam abertas as inscrições para o Dente de Leite do Corinthians. Eu desci lá, fiz o teste e passei, e só falei pro meu pai dois meses depois que eu estava no Corinthians, porque ele quem tinha em levado para a Portuguesa. O meu sonho naquele momento quando eu cheguei lá era jogar com a camisa do Corinthians. Pouco importa o que tivesse pela frente, eu só queria jogar com a camisa do Corinthians. E foi o maior orgulho da minha vida quando eu coloquei a camisa do Corinthians para jogar no Dente de Leite, com 11 anos de idade.

Como foi que você percebeu que tinha chance de se tornar profissional?

Quando passei para as categorias juvenil e juniores, essa turma que é por idade, aí o meu foco já começou a ser outro. Comecei a jogar em preliminar, e quando acabava a preliminar eu ficava no campo vendo o jogo do time profissional e ia embora no ônibus do profissional. Então eu ficava e torcia. E nessa época o sonho já era jogar no profissional com a camisa do Corinthians. E aí eu fui jogar no profissional em 1981, e na minha estreia eu fiz quatro gols. Foi um sonho. E depois o sonho era jogar na Seleção Brasileira e tal. Mas na minha época o sonho de todos os garotos era jogar no profissional do Corinthians. O sentimento era outro. Ali, você corria num campo de terra, treinava a semana toda. Aí no domingo ia ter uma preliminar e era um sonho. E o sentimento era muito maior. Você queria ser profissional para não treinar mais no terrão, mas ao mesmo tempo quando subia, você sentia falta do Terrão porque tinha aquela coisa emocional. Agora eles já têm uma estrutura igual a do profissional. Mudou o sentimento, e não dá nem para condenar, porque mudou o mundo. O mundo é outro, então o sentimento da garotada que vai começar a treinar no CT é outro.

Sendo você torcedor desde antes da chegada ao Corinthians, como foi ver o Fim da Fila em 1977?

O primeiro jogo que fui ver do Corinthians foi em 1970, o primeiro jogo do time depois da Copa, o meu pai me levou para ver o Ado e o Rivellino. Depois disso o meu pai começou a me levar sempre aos jogos. Depois eu acompanhei a final de 1974, não no estádio, mas ouvindo no radinho com o meu pai, e vi a reação que o meu pai teve após aquela derrota. Fazia 17 anos que o Corinthians não ganhava um título, e perdeu para o Palmeiras. E eu vi a reação do meu pai. Então eu fui muito influenciado pelo meu pai. Eu era um torcedor muito torcedor, mesmo. A vitória de 1977 foi uma loucura. Eu tinha 13 anos, e acabou a zoeira comigo. Na escola era terrível, toda vez o ano acabava e vinha um palmeirense, um santista, um são-paulino zoar, e o corinthiano não tinha o que responder. Eu sofria, isso era bullying, todo mundo tirava uma onda. E quando chegou o título de 1977, foi uma loucura.

E como foi a comemoração?

Eu me senti aliviado. Lembro que foi em uma quarta-feira e na quinta tinha aula. Barbarizei na escola, porque estava tudo guardado aqui dentro. Eu fui no segundo jogo, mas treinava futebol de salão à noite e não deu para ir no terceiro. Então fui no segundo, aquele dia do recorde de público. O terceiro (jogo) foi aquela coisa louca. A minha irmã também era muito corinthiana, era casada, e quando o Corinthians foi campeão em 1977 ela e o marido dela foram me buscar em casa para dar volta pela cidade de São Paulo com uma bandeira do Corinthians. É inesquecível.

Para você, o título de 1977 está em que patamar na história do clube?

Para mim, que sou daquela época, se você me perguntar: “Qual é o título mais importante do Corinthians?”, eu começo com 1977. É claro que a Libertadores foi importantíssima, e o Mundial também. Mas para a nossa época de lá, fazia 23 anos que o Corinthians estava tentando ganhar um Paulista. Ninguém estava pensando em Brasileiro, Libertadores, nem nada, só pensava naquilo. Então para mim, como torcedor do Corinthians, o título mais importante foi o de 1977.

Acha que torcer em 1977 teve alguma influência na sua carreira como jogador?

Eu já sofria isso, porque todo mundo pegava o pacote. Você jogava no Dente de Leite do Corinthians e a cobrança era ser campeão porque o profissional não ganhava há 17 anos, e depois há 23 anos. A cobrança era geral. Não era só o profissional que sofria pressão por não ganhar títulos, desde a garotada do Dente de Leite já tinha a pressão. Eles cobravam da gente um título que a gente não conseguiria ganhar, porque era o do profissional. O Corinthians foi campeão do Dente de Leite, do Juvenil, do Juniores. Mas não importava, todo mundo colocava no pacote o título do Paulista que o profissional não ganhava. E por isso acho que eu subi (para o profissional) mais consciente, mais preparado, sabendo mais o que era o Corinthians. Quando você subia, você já estava preparado para a pressão que o Corinthians tinha naquela época.



Depois de ser torcedor em 1977 e campeão como atleta em 1982/83, como comparar a conquista de um Paulista pelo Corinthians com os outros títulos que você disputou por Seleção e equipes da Europa?

Eu fui Bicampeão Paulista com a Democracia Corinthiana, e foi um momento marcante para o futebol brasileiro e mundial. O mundo todo é interessado, já gravei documentários para a França, Noruega, Dinamarca, México. Porque era um momento diferente, de ditadura militar. Aquilo saiu de dentro do Corinthians para fora. Então foi marcante. Se o Sócrates estivesse vivo, você iria perguntar isso para ele, e ele te falaria isso também. Eu fui campeão da Champions League com o Porto, depois fui jogar na Itália, também disputei a Copa do Mundo. Mas é diferente. Aqueles dois títulos (Paulistas) foram muito marcantes. Não vai ter nada igual aquilo, até porque hoje o mundo mudou.

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Porra o cara se declara corintiano desde criança, c pai e irmã corintianos e aínda tem blog q dizem q ele era Bambi, Bambi é seus cunhoes seus anti''s FDP''S Casão é CORINGÃO!!!

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