Na coletiva de imprensa após mais uma vitória do Corinthians, o técnico Tite contou o caso de um vizinho que lhe disse não aguentar mais de tanta ansiedade para chegar a hora de gritar "é campeão". Falou ainda que o time, a partir de um determinado ponto do segundo tempo, se retraiu e passou a fazer coisas que normalmente não faz, como rifar bolas com as quais podia sair jogando, além da famosa e pouco útil ligação direta. Não dá para criticar os jogadores. A vantagem que o time conseguiu é muito cara para correr riscos, o Flamengo era um franco atirador, e os jogadores são humanos, também estão ansiosos pelo título. Melhor rifar uma outra bola, com 1 a 0 a favor, do que aparentar tranquilidade fazer bobagens como a de Rogério Ceni no fim do último clássico entre São Paulo e Palmeiras.

Tudo bem até aqui. Mas... se o time ficou ansioso em casa, contra o Flamengo, olhem o risco que corre diante de um gigante como o Atlético Mineiro, jogando a vida em casa. Não deixar o nervosismo tomar conta do trabalho é a grande tarefa de Tite até domingo. Maior, por exemplo, do que trabalhar Rodriguinho, que deve substituir Elias contra o Galo. Nos dez dias de paralisação pelas Eliminatórias, Tite fez isso tão bem que ninguém sentiu falta de Elias.

Quem teria de ficar nervoso agora são os jogadores atleticanos. Afinal de contas, o duelo de domingo é uma espécie de decisão de campeonato, no melhor estilo mata-mata, mas com o detalhe que, se der Galo, o Corinthians ainda tem chance de seguir em frente. Quanto ao Atlético, se perder se despede de 2016, e se vencer só lhe restara continar jogando com a calculadora numa mão e o secador na outra.

Dúvido que o Corinthians perca esta edição do Brasileiro. Mas, se acontecer, o título terá de ser dividido com o Atlético. Afinal, o Corinthians teria perdido para ele mesmo...