23/10/2015 08:35

Ao L!, Paulinho revela desavenças no Tottenham, 'quase volta' ao Corinthians e bastidores do 7 a 1

Hoje na China, volante falou, pela primeira vez, sobre relação conturbada com o treinador Mauricio Pochettino

Ao L!, Paulinho revela desavenças no Tottenham, 'quase volta' ao Corinthians e bastidores do 7 a 1
Paulinho sofreu racismo na Lituânia, passou por dificuldades financeiras na Polônia e esteve na maior derrota da Seleção Brasileira. Porém, ainda assim, afirma categoricamente que seus últimos seis meses no Tottenham (ING) foram os piores de sua carreira.

O volante saiu do Brasil como um dos melhores atletas do país após fazer uma ótima Copa das Confederações. Em julho de 2013, o camisa 8 chegou ao Tottenham por 20 milhões de euros, o jogador mais caro do clube inglês até então.

Em seu primeiro ano no futebol europeu, teve sequência, mas não foi tão bem. O futebol “para inglês ver” do volante veio à tona durante a Copa de 2014. Um dos homens de confiança de Felipão, Paulinho não rendeu dentro de campo como na Copa das Confederações. O pesadelo do volante não acabaria no 7 a 1.

Quando voltou ao Tottenham, Paulinho deparou-se com a contratação do treinador argentino Mauricio Pochettino, que viria a ser seu grande desafeto no último ano em que permaneceu no clube inglês. O diálogo entre ambos, segundo ele, era raro. E quando houve, foi cercado por promessas que nunca aconteceram, como Paulinho revela, pela primeira vez, nesta entrevista exclusiva ao LANCE!.

O volante estava cansado de ser “infeliz” na Inglaterra. Queria largar tudo e voltar ao Corinthians. Mas o nascimento de seu filho Ben o segurou no país por mais seis caóticos meses, nos quais pouco jogou e vivenciou a sua pior situação na Inglaterra após ser esnobado.

O pesadelo, de acordo com o volante, está acabando. Hoje no Guangzhou Evergrande, da China, ao lado do treinador Felipão, Paulinho diz ter retomado a confiança e a felicidade. E para quem o indaga se não é cedo para se esconder no outro lado do mundo, ele é direto.

– Não preciso mostrar mais nada para ninguém.

Por que você foi para a China?
Eu estava em um momento na Inglaterra onde não estava sendo aproveitado, não estava feliz, minha família não estava bem. Apareceram outras oportunidades para nós e de todas as coisas que apareceram, eu optei a China até mesmo pela chegada do Felipão, pelos brasileiros que aqui estavam. Todos os anos o time vai disputar o título, chegar na fase de mata-mata da Champions da Ásia, brigar pelo chinês. Isso fez com que eu tomasse a decisão. É um novo desafio, assim como foi sair do Bragantino para o Corinthians. É uma opção. Não me arrependo. Não vou me arrepender. Foi uma decisão muito boa.

Mas recebeu outras propostas?
Tive de grandes e médios europeus em janeiro. Nunca fui de citar nomes, mas foram alguns clubes europeus e brasileiros que fizeram propostas. Meu empresário me mostrou todas as opções. De tudo que tinha, sentei, analisei. Quando saí de férias, pedi dez dias para não tocar em assuntos de transferência. A maioria queria empréstimo até o meio do ano. Era muito difícil tirar a família inteira para fazer seis meses e voltar de novo. Esperei acabar o campeonato.

Foi o Felipão que pediu?
Eu iniciei as conversas antes de o Felipão acertar aqui. Depois que ele acertou, não cheguei a conversar enquanto estava em negociação. Falei com ele só depois que assinei o contrato, não falei antes com ele até mesmo porque já tinha iniciado as conversas. Foi também uma decisão onde foi muito fácil pelo Felipão ter assumido, ele confia em mim.



Você não tem medo de ficar escondido na China?
Eu sou um cara que já passou o tempo de se preocupar em relação a sumir no mercado, como muitos falam. Eu acho que tem tempo para tudo. Teve o tempo para não me transferir no Corinthians quando eu tinha só um ano e meio de clube. Após o final do Brasileirão, recebi oferta da Inter (de Milão) e da Rússia. Preferi continuar no Corinthians, sabia que tinha que continuar para ganhar mais títulos. Em 2012, recebi outras propostas e permaneci no Corinthians. Em janeiro de 2013, recebi outra oferta, mas fiquei. O que eu fiz no Corinthians e na Seleção ninguém vai apagar. Eu não tenho esse receio. Até teria anos atrás. Estou tranquilo. Se um dia eu tiver que voltar para o Brasil, não teria problema algum.

O lado financeiro pesou para você ir jogar na China?
Eu nunca coloquei o lado financeiro em primeiro lugar. No Tottenham, eu tinha uma condição muito boa. Dinheiro, o jogador vai ganhar em qualquer lugar. Eu tenho uma condição muito boa, onde fui conquistando a cada ano que passa. Não foi o dinheiro que pesou. Isso é um contexto da decisão que tomei, vem naturalmente. É uma condição boa aqui? É muito boa financeiramente. Sempre primeira coisa que pensam quando vem para China é isso. Todo lugar o jogador vai ganhar dinheiro. Basta o que ele quer, o que ele coloca em primeiro lugar.

O que aconteceu com você no Tottenham?
Minha primeira temporada foi boa, com confiança, sequência de jogos, mesmo com a mudança de treinadores. Foi uma temporada perfeita para mim devido a ser a primeira. No pós-Copa, quando retornei, já tinha novamente trocado de treinador, assumiu o Pochettino. Cheguei depois da Copa, ainda tive alguns dias de férias. Única coisa que aconteceu foi que demorei para voltar, demorei dez dias. Nunca tive problema com preparação física.

O que faltou para você no clube?
Se você não tem sequência de jogos, não tem como estar confiante para o trabalho. Eu não tive isso. Não tive sequência de jogos, daí o outro volante não jogava, e mesmo assim eu não era relacionado. O Pochettino tinha as decisões dele a tomar. Se ele achava correta, tudo bem. Nunca tive desrespeito com ninguém. Se fosse qualquer outro, não seria profissional como eu fui. Ficar três, quatro jogos sem ser relacionado pode não querer ir para o jogo quando chamado. Nunca dei trabalho para ninguém. Sempre fiz meu trabalho quieto, tranquilo. Nunca questionei ninguém.,



Você chegou a falar com ele sobre não estar jogando?
Conversei com ele uma vez, mas não sobre isso. Até mesmo como eu falei, ele deveria tomar a decisão. Nunca fui cobrar nada disso. Quando eu percebi que talvez eu não seria útil, eu falei com o diretor, falei com ele (Pochettino), que talvez seria melhor outro ambiente. Se você vê que não é útil, não é aproveitado, nada melhor do que as pessoas serem transparentes, coerentes, falar a verdade. É muito melhor chegar e falar a verdade do que levar com a barriga. Perguntei se teria oportunidade, ele colocou que teria oportunidades, disse para continuar trabalhando.

O tempo após a Copa atrapalhou sua adaptação com ele?
Iniciei a pré-temporada muito bem, louco para jogar. Se eu continuasse da forma que estava, ele disse que eu jogaria. Eu continuei e não joguei. Se ele me falou isso, fazendo meu trabalho, mas não jogando, como vou fazer? Questão é que não iria jogar. Teria que tentar outro local. Presidente, diretor, são pessoas que gostam muito de mim. Sempre cumpriram tudo que colocaram para mim. Queriam que eu ficasse. Ficaria os seis meses até julho, mas no meio do ano eu iria embora.

Você estava acostumado com um treinador direto, como o Tite...
Não gosto de comparar, acho muito ruim. Tite é um cara que me ajudou muito. Ele foi muito importante no meu crescimento dentro do Corinthians. Cara que sempre jogou as coisas muito claro comigo. Se tinha algo errado, está errado. Quando acertava, me elogiava. Eu não tinha esse diálogo com o Pochettino. Minha relação com o Tite nunca seria igual com o Pochettino. Eu conhecendo o meu estilo de vida, minha forma de viver. Era diferente.

Qual foi o momento mais difícil que você passou na Inglaterra?
Joguei todos os jogos da Copa da Inglaterra. Chegamos na final e não joguei. Nós jogamos um jogo fora de casa pelo campeonato inglês, voltaríamos no dia seguinte e no outro concentraríamos para jogar a final contra o Chelsea. Eu fui relacionado para esse jogo fora de casa. No outro dia, achei que o time que viajou para esse jogo seria o grupo que iria para a final da Copa. Na convocação, meu nome não estava.



E o que você fez?
Peguei e voltei para casa. Ninguém entendeu nada, nem os jogadores nem eu entendi, mas também não questionei. Aceitei. Foi o único dia da minha vida que não fui relacionado mas voltei para casa em paz, rindo. Não tinha mais nada o que fazer. Estava fazendo meu trabalho muito bem. Perdemos a final por 2 a 0. Ficou aquele clima meio chato, ruim. Foi o momento mais difícil que passei na Inglaterra. Janeiro até o meio do ano foram os piores meses. Foi o pior momento da minha carreira. Eu não estava feliz. Eu ia para um lugar que não era feliz. Talvez você não se sentir importante depois de tudo que ganhou é complicado. Eu, Paulinho, não preciso mostrar nada para ninguém. Meu estilo é esse.

Qual era a sua vontade naquele momento?
Quando deu janeiro de 2015, com o período da janela aberta, confesso que pesou um pouco de talvez um empréstimo para o Corinthians para eu melhorar minha cabeça. Eu não estava feliz. Seria uma boa opção para voltar a ser feliz. Ao mesmo tempo deslocar com a família, esposa perto de ganhar nenê, tem que segurar a barra junto com a família. Passou pela minha cabeça, sim, voltar, mas consegui segurar a barra.

Como era sua relação com os jogadores do Tottenham?
Eu me dava muito bem com os jogadores, mas ao mesmo tempo eu não poderia ficar sorrindo se eu não estava feliz. Foi difícil para mim. Você chega para treinar, um dia antes do jogo, correndo o risco de não estar na lista, de não ir para o jogo. Se você não vai para a partida, você vai treinar no outro dia só com alguns jogadores, fazer trabalho físico. É difícil absorver isso e ficar feliz. Primeiro ano foi tudo maravilhoso. No segundo ano complicou. Isso te faz infeliz.

E o ambiente no vestiário?
Acabava meu treinamento e ia para casa para ficar com a família, sendo que no Corinthians eu demorava meia hora para tomar banho, mais meia hora depois do banho para conversar. Você acabar seu trabalho e não ficar dez, quinze minutos para ficar com os companheiros... Foi dificultando muito.

O que aconteceu para você não ter conseguido repetir o desempenho da Copa das Confederações na Copa?
Eu estava tranquilo, muito bem na Copa. Eu não tive sequência porque machuquei em dezembro de 2013. Fiquei um mês parado. O campeonato inglês, como não para, a equipe continuou jogando. Eu voltei só em fevereiro, onde fiz o tratamento no Corinthians. Voltei, o treinador me colocou para jogar, depois fez rodízio. Não que isso tenha prejudicado, mas fiquei parado todo janeiro.






Acha possível voltar à Seleção?
Todo jogador sonha com a Seleção. Para voltar hoje, tenho que fazer meu trabalho. Pensar primeiro no clube, assim como aconteceu com a minha primeira convocação. Pensar no clube, ganhar títulos, para que seja lembrado. Não adianta pensar na Seleção e esquecer o clube. Para chegar a um nível de Seleção, tem que fazer o que sempre fiz. Vivo um momento muito bom na China, de confiança, brigando por títulos. Isso tudo acontece naturalmente. Se um dia estiver que voltar, será natural.

Como você avalia sua Copa do Mundo?
Achei o primeiro jogo, por ser estreia da Copa, até bom. Segundo e terceiro não foram da forma que eu esperava. Minha melhor partida foi contra a Colômbia. Foi uma Copa regular para mim. Pelo resultado que houve, se tivesse sido outro resultado, seria diferente.

Como você ficou após a derrota na Copa?
É claro que o pós-Copa é muito difícil. O primeiro e o segundo meses foram muito difíceis. Estar pensando na forma que foi, poder estar perto de disputar um título de Copa no nosso país foi o que me deixou mais chateado. Era triste, não tinha alegria. Tudo tem um tempo. Passou. Vida que segue.

Você entrou no intervalo dos 7 a 1. Estava 5 a 0 para a Alemanha. O que o Felipão pediu para você?
É difícil. Professor Felipão fez muita coisa. Assim, eu me coloco no lugar dele. O que ele vai falar numa partida que está o resultado que estava, com eu e o Ramires entrando para tentar ajudar a equipe a reverter esse placar? É muito difícil. Ele nos colocou para que tentássemos fazer algo, ajudar os companheiros. Entramos, mesmo com aquele resultado, muito bem. Dei dois bons chutes e o Neuer fez duas belas defesas. Equipe cresceu um pouco. O resultado estava feito, era difícil reverter. Entendi o lado do Felipão. O que ele falaria naquele momento?



O que você pensou quando o Felipão falou que ia te colocar?
Estava muito difícil, né? O que eu pensava era de talvez ajudar os companheiros a tentar fazer um, dois gols no início. Não sei se iria mudar. Talvez. Da forma que foi, não importava se fossem 5, 7 ou 10, tinha que entrar e ajudar os companheiros. Foi difícil imaginar o que fazer quando entrei.

Na China, você falou com o Felipão sobre a Copa?
Não, é um assunto onde que todos sabem como foi. O que aconteceu, da forma que foi, ficar alimentando isso só piora. Aconteceu, erramos. Tem que assumir a responsabilidade. Não ficar procurando algo. Perdeu, perdeu. Não pode procurar coisa onde não tem. Não conversamos, vida que segue.



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