Disputar uma vaga de titular com Cássio, goleiro campeão da Libertadores, do Mundial e peça fundamental na briga pelo hexacampeonato brasileiro, e com Walter, reserva que já caiu no gosto da Fiel pela confiança transmitida em momentos pontuais.
Um desafio e tanto para Douglas Friedrich, goleiro do Bragantino que já tem quase tudo acertado com o Corinthians para 2016, assim como o meia Alan Mineiro. Mas será apenas mais um desafio.
Aos 26 anos, o gaúcho de Candelária já viveu muita coisa na vida. Aos 18 anos, ao se profissionalizar pelo Galo Maringá (PR), foi diagnosticado com um tumor maligno no testículo esquerdo, que o afastou do futebol por um ano. Operado, enfrentou sessões de quimioterapia, viu o cabelo cair, mas venceu. Hoje, comemora a recuperação.
– O tumor estava em evolução e o médico disse que se eu não operasse se tornaria um câncer e se espalharia pelo meu corpo. Eu tinha 18 anos, estava cheio de sonhos e projetos, mas amadureci muito. Deixei de ser menino para ser homem.
Foi quase um ano entre a cirurgia e o tratamento, mas hoje agradeço a Deus por tudo. Passei por vários clubes e, mesmo diante das limitações, sempre demonstrei alegria por jogar futebol – conta ele, que virou exemplo de superação para Silas, um atleta do Capivariano que voltou a jogar recentemente após vencer uma leucemia.
Recuperado, foi emprestado pelo clube paranaense ao Naft Abadan, do Irã, onde atuou entre 2008 e 2010. No ano seguinte, foi cedido ao Capivariano, time que ainda é dono dos seus direitos econômicos. Passou ainda por Ituano e Caxias antes de chegar a Bragança Paulista no segundo semestre deste ano. Ali, com boas atuações, chamou a atenção do Corinthians.
– Tenho conversado muito com o Marquinho Chedid (presidente do Bragantino), que tem uma parceria de longa data com o Corinthians e que conhece muitos dirigentes de lá. Ele que tem feito as intermediações. Com o Capivariano eu sei que já está tudo certo e comigo também (salários). O que falta é a assinatura de contrato. Está bem encaminhado – admitiu ele.
Sobre a concorrência no setor, que tem ainda o jovem Matheus Vidotto, Douglas afirma que poderá ganhar espaço aos poucos, repetindo o mesmo caminho percorrido pelos dois principais goleiros do clube, que chegaram sem grande notoriedade e se firmaram.
– Tanto Cássio como Walter são exemplos para mim, chegaram no Corinthians em situação muito parecida com a minha. Quando Cássio chegou, Julio Cesar era campeão brasileiro, tinha um tempo de clube, mas quando Tite precisou dele, ele estava preparado.
Da mesma forma com Walter, que também chegou desconhecido e fez excelente trabalho quando foi exigido. Será uma honra trabalhar com eles, com esse grupo e essa comissão técnica. É um grupo vencedor. Chego com humildade, mas para mostrar meu potencial.
Fé e esperança, para Douglas, não faltam. Pai de Davi, de um ano e um mês, ele lembra que chegou a ouvir de um oncologista que o sonho de ser pai poderia se tornar impossível por conta da doença.
Quando atendeu a ligação do GloboEsporte.com, teve de passar a criança para o colo da esposa Daiana, para conseguir se concentrar nas respostas.
– Quando tive o tumor, tinha risco de ficar estéril. O médico me disse que talvez eu precisaria fazer um tratamento. Em janeiro de 2014, porém, fiquei sabendo que seria pai.
Nada é impossível. Por tudo o que passei até hoje, sabia que conseguiria uma oportunidade com essa do Corinthians. Tudo isso me dá confiança para fazer uma carreira de sucesso no clube nos próximos anos.