Desde a sua passagem anterior pelo Timão, quando conquistou tudo e mais um pouco, Tite implantou uma filosofia muito clara: todos jogam, mas todos marcam. Não existia mais aquele jogador sem obrigações defensivas, que ficava esperando a bola para poder num lance decidir a partida. Assim como também não existia mais aquele jogador super-defensivo, que “carrega o piano” para o craque do time poder jogar mais tranquilo. E assim ele mantém até hoje, com uma novidade no âmbito ofensivo: triângulos.
O sistema em questão foi muito propagado e utilizado por Pep Guardiola, quando ainda treinava o Barcelona. Mais do que o Tiki-Taka em si, o treinador espanhol cobrava exaustivamente de seus jogadores que sempre dois atletas se aproximassem do colega sob o domínio da bola. Assim, criava-se uma compactação ofensiva, maior posse e, por consequência, maiores chances de se chegar com perigo ao gol adversário.
É com essa teoria que Tite vem trabalhando. O técnico considera que ainda não chegou ao ponto ideal, que a equipe ainda vem assimilando o conceito nada simples de se implementar. Mas, além da liderança em si, já há frutos claros desse esquema de jogo. Gols como o marcado por Elias diante do Figueirense exemplificam claramente. Uma troca de passes e posições executada entre ele, Jadson e Edilson resultou na abertura do placar em Florianópolis. Outro que pode servir de análise foi o que Marciel assinalou contra o Fluminense. Não só pela construção ofensiva (onde aparecem o jovem, Jadson e Love puxando o contra-ataque) como também pela postura atrás, também triangular, na roubada de bola (vídeos ao final da matéria).
Ao UOL Esporte, o auxiliar técnico de Tite, Cléber Xavier, explicou resumidamente como funciona o método:
"Esse desenho vai de encontro ao conceito que temos que é de posse de bola. (...) Esse sistema facilita a formação dos triângulos. O nosso sistema que é o 4-1-4-1 proporciona essa facilidade com dois jogadores em cada beirada", conta.
As beiradas às quais o profissional se refere têm, na cabeça de Tite como formação ideal, Fagner, Elias e Jadson pela direita, com Uendel, Renato Augusto e Malcom no lado esquerdo. E na defesa a compactação é triangulada por Gil, Felipe e Ralf (ou Bruno Henrique).
Dessa forma, não é difícil compreender por que o Corinthians não só é líder como também pouco muda sua maneira de jogar mesmo com tantos desfalques. Com 61 pontos conquistados, o Timão enfrenta o Goiás na noite desta quinta-feira, em Itaquera, às 19h30.