23/9/2015 10:02

Questão de honra": conheça Yago, a nova revelação da base do Corinthians

Aos 23 anos, zagueiro teve grande atuação na vitória sobre o Santos, no domingo, mesmo improvisado na lateral esquerda. Pai corintiano, já falecido, é a inspiração

Questão de honra
A Arena Corinthians recebeu no domingo quase 42 mil pagantes na vitória do Timão por 2 a 0 sobre o Santos. Isso é quase o quádruplo da população de Ibirá, terra cidade a 420 quilômetros de São Paulo, segundo o último Censo (10.896 habitantes). Terra de Yago, zagueiro destro de 23 anos que foi escalado na lateral esquerda e que, com frieza, deixou o campo como um dos destaques do jogo.

Improvisado na função, já que Uendel e Guilherme Arana estavam machucados, o jogador anulou o talentoso Gabriel, chamou a atenção com desarmes e até aplicou um chapéu em Lucas Lima, nova aposta de Dunga para a Seleção. Ponto alto de uma carreira de dificuldades e de fatos que lhe obrigaram a amadurecer. Hoje, sente-se preparado para ajudar Tite em qualquer função dentro de campo.

– No início, achei que seria uma roubada (jogar na lateral), mas se tornou uma oportunidade que, talvez, na zaga eu daqui até o final do campeonato posso não ter. Porque os zagueiros titulares estão superbem e ainda tem o Edu Dracena na minha frente. De uma roubada virou uma oportunidade muito boa para mim – diz Yago, que hoje realiza o sonho do pai Everaldo.


ago recebeu a reportagem do GloboEsporte.com em sua residência, em Guarulhos


A força de vontade de Yago podia ser vista desde cedo. Aos nove, começou a fazer bicos pela cidade para ganhar o seu próprio dinheirinho. Dedicado, dividia a escola com turnos em mercadinhos, depósito de bebidas, lanchonetes ou até mesmo auxiliando um tio na instalação de forros para casas. Até que, aos 14 anos, foi com um primo passar por uma peneira na Portuguesa.

De meia ou volante nos jogos de brincadeira, virou zagueiro logo no primeiro treino na Lusa, por visão de um técnico de nome Carlão. Posição em que se consolidou. No clube até os 19, chegou a ser emprestado por dois meses para o Marília antes de partir em definitivo para o Corinthians.



– Eu tinha um técnico no sub-20 chamado Edu Miranda. Ele estava para acertar com o Corinthians, mas pediu para que contratassem eu e mais dois. No fim, ele não acertou, só a gente.

Na época, troquei o certo pelo duvidoso. Jogaria no profissional da Portuguesa e teria um novo contrato de três anos. Preferi o Corinthians, mesmo voltando para a base e com um vínculo de só um ano. Arrisquei, mas deu certo. No futebol, você tem de tomar decisões difíceis – conta Yago.

Vestir a camisa do Timão era mais do que um simples desejo para Yago. Era uma missão. Filho de Everaldo, um torcedor alvinegro que não realizou o sonho de ser jogador profissional, o jovem traçou como meta atuar pelo clube do coração do pai como uma forma de homenagem.

Em 2010, pouco depois da última Copa São Paulo do garoto pela Portuguesa, Everaldo descobriu uma leucemia e morreu três dias depois do diagnóstico. Um baque e tanto para o jogador.

– Ele era supersaudável, jogava bola, ia fazer 40 anos. Descobriu a leucemia na sexta-feira e na segunda faleceu. Rápido assim. Jogar no Corinthians foi uma questão de honra. Eu queria ser jogador para melhorar a nossa condição financeira.

Mas ir jogar no Corinthians foi por ele. Dizem que meu pai foi o melhor jogador de todos os tempos da minha cidade, tem até uma quadra com o nome dele. Era volante. Não teve as oportunidades, mas Deus me abençoou – diz o camisa 3 do Timão, que frequenta semanalmente a igreja com a esposa Bruna, também de Ibirá.

Apesar de não tê-lo visto com o uniforme alvinegro, Everaldo ao menos vibrar com o filho em ação pela televisão na Copinha de 2010. Na vitória da Lusa por 3 a 0 contra o Botafogo, nas oitavas de final, Yago marcou o último gol da partida e correu às câmeras para homenageá-lo.

– Ele nunca tinha me visto jogar na TV. Neste jogo, peguei uma bola depois dos 40 minutos, arranquei de trás, tabelei e fiz o gol de fora da área. Aquilo foi um presente de Deus para ele.

Tanto que depois do jogo ele me mandou uma mensagem: "Cara, se eu morresse hoje já estaria feliz". Realizei o sonho dele. Isso que às vezes me acalanta um pouco. Ele faleceu logo depois.



Dois dias antes de enfrentar o Santos na lateral, Yago pediu um treinamento específico da posição ao auxiliar Fábio Carille. Os trabalhos foram feitos aos olhos de Tite.

Apesar de já ter atuado assim contra o Grêmio, quando Arana se machucou, em dois jogos no Paulistão deste ano e até no Bragantino, Yago sabia que não poderia cometer erros em um clássico tão importante.

– Na posição de zagueiro você pega a bola sempre mais centralizado, tem mais opção para jogar. Na lateral você está sempre mais apertado, por ser o lado do campo, e ainda por ser o lado contrário. Sou um destro na lateral esquerda. Pedi para treinar uns passes e lançamentos de esquerda, que poderiam me ajudar – relata.

A personalidade e a liberdade com a comissão técnica são coisas novas. Promovido ao time principal em 2013, Yago completou o elenco no estadual e depois foi emprestado por um ano e meio para o Bragantino, onde amadureceu. Hoje, admite que travou ao subir para o time principal.

– Ir para o profissional me fez mal. O time tinha acabado de ser campeão mundial. Tinha Paolo Guerrero e Emerson Sheik. Ou seja, no treino eu era meio que um cone. Como ia chegar junto nuns caras destes? Imagine se eu machuco um deles?

No futebol a confiança é essencial, e eu não tinha nenhuma. Tinha medo de chegar nos caras, de receber bola no treino. Tinha 20 anos. Para mim, a transição entre a base e o profissional foi muito difícil. Ir para o Bragantino foi ótimo. Fiz mais de 50 jogos e aprendi bastante – diz Yago, que retornou ao elenco em janeiro.

Quarta opção para a defesa, o jogador vai, aos poucos, trilhando o seu caminho. No Paulistão, por exemplo, disputou oito partidas e marcou um gol, contra a Penapolense, em Itaquera.

Campeão paulista em 2013 tendo jogado apenas os acréscimos de uma vitória contra o Ituano, Yago diz que não se sentiu vencedor na ocasião. Dois anos depois, com o Timão na ponta do Brasileirão e tendo jogado quatro vezes na campanha, garante sentir-se parte do grupo.

– Não me senti campeão do Paulistão em 2013. Entrei só em um jogo depois dos 40 minutos. Tanto que nem fui na Vila Belmiro no último jogo para comemorar o título.

Não tinha o sentimento de que ajudei de alguma forma. Agora, caso a gente seja mesmo campeão, o que é nosso objetivo, vou me sentir parte do grupo. De alguma forma estou ajudando – diz o zagueiro.


Yago teve boa atuação no clássico contra o Santos


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