20/9/2015 10:21

Diretor financeiro revela valor da folha salarial do Timão, admite dívidas com elenco, conta número de demissões, explica saída de Guerrero...

Diretor financeiro revela valor da folha salarial do Timão, admite dívidas com elenco, conta número de demissões, explica saída de Guerrero...
Piovesan era candidato a vice na chapa de oposição em fevereiro (Nelson Coelho/Diário SP)

Responsável por cuidar do dinheiro no Corinthians, o engenheiro Emerson Piovesan tem dormido pouco. Atrasos de salário, cobranças de dívidas por parte de empresários e uma série de contas para pagar fazem parte do dia a dia do novo diretor financeiro do clube. “Mas o pior já passou”, assegura o corintiano, de 65 anos, que acumula passagens como executivo por vários bancos importantes do país. Ao Blog, ele revela uma série de números internos, admite ter demitido mais de cem funcionários, relembra a saída de Guerrero, fala do fim dos atrasos nos pagamentos dos direitos de imagem…

BLOG_ O que é mais difícil: cuidar das finanças do Corinthians agora ou na Era MSI, em 2005, quando você era o vice-presidente financeiro?
EMERSON PIOVESAN_
Naquela época, sem dúvida. Foi um dos períodos mais tumultuados da história do Corinthians e dava muito trabalho.

Mas a MSI investia milhões.
Investia em alguns jogadores, enquanto o clube não tinha dinheiro e era obrigado a pagar parte do elenco. Imagina a situação: uns ganhando muito, outros ganhando pouco e tendo dificuldade para receber. Sem contar as brigas por causa de licenciamento da marca, divisão de receitas…

Você foi durante sete anos oposição ao grupo de Andrés Sanchez. Inclusive, concorreu na última eleição como vice da chapa do Citadini. Não se surpreendeu com o convite para ser diretor financeiro do Roberto de Andrade?
Eu me surpreendi, mas fiquei honrado, porque foi a primeira vez na história recente do Corinthians que um elemento da oposição acabou convidado para compor a diretoria. Isso tem a ver com o fato de minha oposição sempre ter sido no sentido construtivo.

Não criou uma saia justa com seu grupo?
Eu conversei com todos antes de aceitar o convite do Roberto. E tem outra: acabou a eleição, somos todos Corinthians.

E ninguém da diretoria olha para você com desconfiança?
Acho que não, embora não dê para cravar. E fui muito bem recebido por todos.

Você virou diretor financeiro justo no momento em que o Corinthians dava um prejuízo mensal de pelo menos R$ 4 milhões. A situação continua desesperadora?
Acho que o pior já passou. Quando assumimos, o Corinthians tinha um custo mensal de R$ 19 milhões. Hoje, deve bater na casa dos R$ 15 milhões. Temos um controle maior em cima de todos os custos e foi legal porque toda a diretoria contribuiu para enxugar gastos.

Guerrero, Sheik, Fábio Santos, Petros… O quanto essas saídas no time profissional ajudaram nesta economia?
A folha salarial hoje é de pouco mais de R$ 8 milhões. Reduzimos em cerca de R$ 3 milhões. Além de diminuir as despesas, há outro aspecto relevante: a diretoria de marketing conseguiu patrocínios mesmo em um momento difícil da nossa economia.

Quanto entrou com novas receitas de marketing?
Aproximadamente R$ 5 milhões por ano, contando os patrocínios no omoplata e no calção. Dinheiro novo.

Você falou em enxugar. Isso também significou a demissão de quantas pessoas?
Incluindo jogadores profissionais e amadores, temos atualmente 750 funcionários no Corinthians. Eram por volta de cem a mais. E essa redução precisou ser muito bem pensada, porque havia duas exigências do presidente: manter um time competitivo e o clube social funcionando normalmente.

As categorias de base custaram R$ 20 milhões em 2014. Qual a estimativa para 2015?
Queremos fechar com um custo 20% menor, em um trabalho de renovação de plantel. Vários contratos que acabaram não foram renovados. Só não mexemos com os atletas dos esportes amadores, tanto que temos um time muito competitivo no futsal e a natação ganhou várias medalhas no Pan-Americano.

É verdade que você vetou jogadores por causa da crise financeira do clube?
Eu não entro em discussão sobre jogador, só exponho a situação do clube com números. Se isso é vetar, então vetei. O Roberto deixou bem claro que era para trabalhar com a gestão de caixa, ou seja, só gastamos aquilo que temos em caixa. Não tem dinheiro, não faz.

Mas ainda há muita gente reclamando. O Fragata, que vendeu o Marciel, o Grêmio Osasco, ex-clube do Matheus Vargas…
A prioridade era a folha de pagamento dos jogadores e os tributos. Disso, a gente não abriu mão. O resto, tentamos renegociar. Também revisamos todos os contratos de parceiros e adiamos os pagamentos. Até porque havia muita pendência.

De quanto o Corinthians precisa para ficar bem?
Com R$ 40 milhões, eu arrumo a casa. Seriam necessários uns R$ 20 milhões neste ano e mais R$ 20 milhões no ano que vem. Eu me refiro a receitas novas, como a venda de jogadores.

Hoje o Corinthians deve quanto e para quais atletas?
Temos alguns prêmios de 2013 e 2014 pendentes e devemos para os jogadores que ganham direito de imagem.

Quem são?
São poucos. Só cinco: Ralf, Danilo, Renato Augusto, Elias e Jadson. E não devemos mais do que três meses. Até o fim do ano, quero matar tudo.

Tem alguma data específica prometida a eles?
Não quero precisar uma data, porque já demos milhões de datas e isso acaba sendo uma loteria. Juntou a necessidade de dinheiro versus a situação econômica do país. Atualmente, está difícil até de obter uma operação financeira.

Em outubro, vence a terceira das quatro parcelas pela compra do Elias junto ao Sporting. O Corinthians já tem esse 1 milhão de euros separado?
Estamos planejando dinheiro para isso. Só que nesse meio tempo o euro aumentou brutalmente. Quando o compramos, 1 milhão de euros equivalia a R$ 3 milhões. Hoje, são quase R$ 4,5 milhões.

O Corinthians recebeu alguma proposta boa na última janela de transferências para vender jogador?
Nada que fosse atrativo. Eram coisas que talvez não valeriam a pena e não resolveriam nosso problema. Sem contar que ainda poderiam prejudicar o grupo no restante do Brasileiro.

A compra do Pato por R$ 45 milhões foi um mau negócio?
Muita gente se esquece, mas foi graças ao Pato que tivemos a chance de contratar o Jadson. E de graça. E ele tem sido decisivo para nós. É claro que existe a preocupação em relação à venda do Pato no futuro, mas temos de esperar.

O salário do Pato, de R$ 800 mil mensais, cabe no novo orçamento do Corinthians?
Isso é uma coisa para pensarmos a partir de janeiro, porque neste ano o São Paulo paga metade. Mas, se temos contrato com ele e não conseguirmos vendê-lo na próxima janela, é claro que vamos honrar com o que assinamos. Embora esses valores sejam complicados para qualquer clube nacional.

Não dava mesmo para renovar com o Guerrero?
Fomos até onde dava, mas ficamos longe da proposta dele. O problema é que o Guerreiro não baixou um centavo na pedida de R$ 18 milhões de luvas. A gente chegou a R$ 12 milhões, que seriam pagos em dois anos. Além do salário de R$ 500 mil.

Está muito claro que a bilheteria dos jogos em Itaquera vai para o fundo do estádio. Mas não há nada relacionado ao Itaquerão que renda dinheiro ao Corinthians?
Não. Todos os alugueis vão para o fundo, desde eventos, feiras e exposições. A gente ainda paga os custos de manutenção, infraestrutura e outras despesas, como limpeza, que custam em média R$ 1,5 milhão por mês. Mas o fundo nos reembolsa.

Teme que o Corinthians não tenha dinheiro para pagar o estádio, levando em conta que a prestação, que hoje é de R$ 5 milhões, chegará a R$ 10 milhões a partir de outubro do ano que vem?
Não tenho nenhuma preocupação. Temos tranquilamente recursos para honrar isso (o fundo tinha aproximadamente R$ 80 milhões em julho, quando venceu a primeira parcela). Sem contar que ainda há muito espaço a ser explorado na arena, como os camarotes.

Quando o Corinthians terá quitado tudo?
Imagino que em 12 anos.

E o naming rights?
Esse assunto está sendo discutido pela diretoria e envolve o Andrés e o marketing. Temos algumas propostas e estamos negociando.

Quantos empréstimos o Corinthians pegou na sua gestão?
Fizemos um logo que cheguei, na ordem de R$ 8 milhões, para pagar folha salarial e outras coisas. Até agora, não precisamos de mais nenhum. Estamos trabalhando em cima dos valores que recebemos com patrocínio, licenciamento, cotas de de TV, Fiel Torcedor…

O Fiel Torcedor garante quanto por mês?
É difícil ser preciso, porque varia muito. Quando fomos eliminados da Libertadores, centenas de sócios deixaram de pagar. Agora, com a chance do título brasileiro, recuperamos todos. Mas o Fiel Torcedor ajuda. Estamos falando de mais de R$ 1 milhão por mês.

O Roberto esteve na última segunda na FPF, para pedir a antecipação da cota de TV do Paulistão de 2016. Deu certo?
Quem falar que não precisa de dinheiro está mentindo. De fato, estamos tentando antecipar a cota, mas é um dinheiro que pertence ao Corinthians. Ainda não saiu isso porque estamos discutindo valores com a FPF.



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10011 visitas - Fonte: Blog do Jorge Nicola

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