6/9/2015 14:03

Love: "Vou empolgadíssimo para o clássico e se fizer gol vou comemorar"

Em entrevista ao Esporte Espetacular, atacante corintiano fala sobre a subida de produção após má fase, elogia o grupo e fala sobre a pressão de jogar no clube

Love:
Vagner Love, Esporte Espetacular (Foto: Sergio Gandophi)

Vagner Love não deixou pergunta sem resposta. O atacante corintiano recebeu Alex Escobar para uma entrevista e falou tudo. Respondeu sobre suas angústias quando estava em má fase, comentou a força do grupo do Corinthians, disse estar muito empolgado para o clássico deste domingo e que afirmou que se fizer gol vai comemorar normalmente. Love falou também sobre a pressão de jogar com a camisa alvinegra e ainda teve tempo para um encontro com Luciano, que está lesionado, e recebeu um afago do artilheiro do amor.
O que o Corinthians tem que os outros não têm? Qual o segredo desse time?

- O Corinthians não tem um segredo. O grupo está de parabéns pelo que vem fazendo. Nesse último jogo, contra o Fluminense, nós provamos isso. Mesmo com vários desfalques, o Renato Augusto foi baixa de última hora, por exemplo, e mesmo assim a equipe se comportou bem e fez um bom jogo. O segredo é o grupo, o grupo está muito bem, psicologicamente, fisicamente… Os treinos são muito disputados, o Tite procura passar as coisas pra todo mundo que está treinando, não só pros 11 que vão iniciar. A gente treina todo mundo igual, porque quando esses jogadores que estão fora vão entrar, eles já sabem o que tem de fazer, já sabem da forma que tem de jogar, então isso faz com que o Corinthians dê resultado, mesmo estando com uma equipe diferente. Então, esse é o segredo do Corinthians, o grupo.



Vagner Love e Alex Escobar (Foto: Sergio Gandophi)

Como você vai para esse clássico contra o Palmeiras?
Vou empolgadíssimo.

Vai comemorar gol se marcar?

Com certeza.

O que você acha de quem não comemora gol?

Depende do que o jogador passa no clube. Se pega o Rogério Ceni se ele sai do São Paulo hoje pra comemorar eu acho que não, porque olha a história do Rogério no São Paulo. Eu tive um momento muito bom no Palmeiras, foi onde começou, onde eu comecei, onde me deram a oportunidade de eu chegar no futebol profissional e despontar no futebol brasileiro e até mundial. Sou grato por isso, mas tive minha carreira fora, tive minha carreira na Rússia, na China, hoje estou jogando pelo Corinthians, hoje sou jogador do Corinthians, Corinthians que paga minhas contas, Corinthians que dá o leite das minhas crianças, então se eu fizer gol lógico que eu vou comemorar, com meus companheiros, com a minha torcida, porque são as pessoas que convivem comigo no dia a dia, são meus companheiros, minha família, a torcida que vai ao estádio… Então temos de comemorar com essas pessoas que estão sempre com a gente. A gente vai entrar motivado, sim.

O Corinthians até teve eliminações precoces como Libertadores e Campeonato Paulista. Vocês pegaram algumas lições dessas eliminações?
Sim, pegamos lições. A gente está preparado no caso a gente não sabe o que vai acontecer nesse jogo contra o Palmeiras, que é um clássico, são duas equipes de alto nível, jogos que todos querem jogar, querem mostrar, todo mundo quer dar o seu algo a mais, então o Corinthians vai lá em busca de fazer um bom jogo, um bom resultado, a gente tem jogado bem fora de casa… Caso venha a acontecer de o Corinthians perder o jogo, a gente tem de manter o equilíbrio, a gente foi eliminado pelo Santos na quarta-feira e no domingo a gente tinha uma parada dificílima com a Chapecoense, jogando lá...

E é difícil ganhar ali…

Eles tinham perdido um jogo lá dentro, então a gente teve o equilíbrio, teve o emocional no lugar, nos concentramos bem e conseguimos ganhar da Chapecoense, um jogo muito difícil. Então a gente tem de valorizar isso também. Então se vier a acontecer alguma coisa contra o Palmeiras de negativo, a gente tem de estar tranquilo e pensar no jogo da frente. E aproveitar também essa gordurinha que a gente criou aí do segundo colocado, a gente está sete pontos na frente, a gente sabe que a gente não ganhou nada, mas tem assim, a gente pode se dar ao luxo de “ah, podemos empatar um jogo’… Isso vai acontecer, podemos perder um jogo que isso vai acontecer. O Corinthians não vai ser imbatível, acho que não vai ser imbatível até o final da competição porque tem muitos jogos pela frente. Mas a gente está num caminho muito certo, que é chegar no objetivo de ser campeão.

Sua chegada aqui no Corinthians: você chegou para fazer sombra pro Guerreiro, a coisa não estava andando bem. Você teve de ir para o campo muito cedo?

Eu não tive uma preparação adequada, não tive pré-temporada. Tive 50 dias de férias, um pouco de pré-temporada, depois resolvi minha rescisão, acertei com o Corinthians e já vim aqui, treinando com meus companheiros, como estava tendo um jogo atrás do outro, campeonato Paulista, Libertadores, a gente não teve aquele tempo de se preparar fisicamente. Sendo também que estava precisando pela sequencia de jogos, então eu procurei entrar e fazer alguma coisa, mas eu vi que estava tendo dificuldades e até em treinamento com meus companheiros que fizeram pré-temporada. Foi mais difícil pra mim. Eu estava atrás, eu via que eu estava atrás em chegar, um lance, alguma arrancada, eu via que eu estava precisando melhorar nesse aspecto. Então quando eu tive um tempo para trabalhar eu procurei treinar forte, trabalhar, para que eu pudesse chegar numa condição que eu pudesse render mais dentro de campo. Graças a Deus isso aconteceu, depois que o Guerrero saiu eu tive a oportunidade de jogar, infelizmente as coisas não aconteceram de eu estar fazendo gols, em alguns jogos não joguei bem, acabei perdendo a titularidade pro Luciano e agora…

Outra dificuldade é que de 21 jogos que você fez como titular, só em sete você atuou os 90 minutos…


É difícil, é difícil… É bom quando você joga os 90 minutos que você pega mais rápido o condicionamento físico. Então quando você sai, você não fez tudo o que você poderia fazer, poderia produzir… Eu sou um jogador que na minha vida inteira sempre aos 45, aos 46, sempre sobra uma bolinha ali pra fazer gol, então acho que até vou dar um toque pro Tite, me deixa mais um pouquinho… (Love dá risada…)

(Como quem diz)...sou bom no finalzinho...

Os zagueiros estão um pouco mais cansados, eu tô um pouco mais inteiro, aí vou lá e consigo fazer um golzinho… Mas eu agora eu fico feliz eu poder estar produzindo mais, em poder dando um pouco mais de mim para estar ajudando o Corinthians.



Vagner Love e Alex Escobar (Foto: Sergio Gandophi)

Você quase veio para o Corinthians em 2005, como foi aquilo? Era um desejo que você tinha?

Fiquei cinco meses na Rússia, aí tem aquela coisa de adaptação toda, frio, fiquei um pouco assustado e surgiu a oportunidade, quando a MSI entrou no Corinthians, de eu vir jogar aqui. Eu fiquei entusiasmado na época, queria muito jogar no Corinthians pelo time que eles estavam formando, dei uma entrevista coletiva dizendo que não queria voltar para Rússia, para ver se isso ajudava a amolecer os russos, para que eu pudesse voltar. Fizeram até camisa com meu nome aqui, mas infelizmente na época não aconteceu. Fiquei um pouco chateado, voltei pra Rússia e fiz minha carreira por lá. Não me arrependo de nada que eu fiz, foi muito legal o período no CSKA e felizmente hoje essa situação de vir para o Corinthians se confirmou. E graças a Deus estou aqui, tive uma fase ruim, mas agora as coisas estão acontecendo, estou vivendo minha melhor fase dentro do Corinthians e espero dar continuidade até o fim do ano.

Na Copa América muito se falou que os jogadores que atuam na China ou em outros centros menos badalados não teriam condições de servir a seleção brasileira. Por que isso?

Porque o futebol lá não tem a competitividade que tem aqui no Brasil ou em outros lugares da Europa. É complicado jogar lá, você treina e joga numa intensidade muito menor. Então você pega uma Seleção Brasileira onde estão os melhores jogadores da Europa, você pega outras seleções que jogam os melhores jogadores do mundo, fica difícil você competir com um cara desse. Então você tem de fazer uma escolha: você vai pra China, você vai pelo lado financeiro, mas você sabe que você vai perder por outro lado. Você vai perder em outros aspectos, questão de Seleção Brasileira, principalmente. Eu, quando fui pra lá, optei pelo futuro da minha família e sabia que não estaria mais na Seleção Brasileira. Então acho que os jogadores que estão indo pra lá precisam pensar antes de ir, se eles querem focar na parte financeira, é um lugar maravilhoso pra ir e garantir o futuro da família. Agora se ele estiver pensando em Seleção, ou fica no Brasil vai pra um centro melhor na Europa.



Vagner Love, Esporte Espetacular (Foto: Sergio Gandophi)


Você já encarou pressões na carreira: Palmeiras na Série B, Flamengo… Igual a essa no Corinthians, você já tinha vivido?

Não, não… Como você falou, já tinha passado por muitos momentos de pressão no Palmeiras, no Flamengo, na China não tem pressão e na Rússia também não porque lá eu ganhei praticamente tudo, só não ganhei a Liga dos Campeões e a cultura lá é diferente. Mesmo você estando mal, as pessoas procuram te ajudar e não ficam criticando tanto você. Aqui não… E no Corinthians tudo é mais. São três, quatro vezes mais.

É pesado, né?

Tudo é muito pesado.

Isso mexeu com você?

Cara, a gente fica triste, né… A gente fica pensando: será que a gente desaprendeu a jogar futebol? Será que a gente está fazendo muita coisa errada? Fica passando essas questões na cabeça, particularmente na minha. Eu ficava pensando: pô, o que eu estou fazendo de errado para estar numa fase tão ruim. E as pessoas criticando, críticas pesadas, críticas fortes e a gente fica chateado, fica magoado por dentro. Mas uma coisa que eu sempre tive comigo, é nunca deixar de fazer o meu trabalho dentro de campo. Nunca deixar de trabalhar, porque eu sabia que uma hora as coisas iriam acontecer. E só eu poderia reverter tudo isso que vinham falando. Então, graças a Deus as coisas voltaram a acontecer e espero que a partir de agora as críticas sejam boas. Sejam críticas favoráveis para que eu possa dar continuidade ao trabalho.



Vagner Love e Alex Escobar (Foto: Sergio Gandophi)

Como você fez para encarar tudo isso? Foram coisas que até então você não tinha passado na sua vida…

É o psicológico. Nessa hora o psicológico influencia muito. Minha família, né, cara. Quando voce está numa situação dessa você tem de se apegar mais à família. Minha esposa que está do meu lado o tempo inteiro é a que mais sofre, porque ela está do lado, e tinha momentos que eu via ela mais triste que eu, pelas coisas que vinham falando, pelas coisas que vinham acontecendo… Então, isso faz com que a gente esteja mais próximo da família e tente se ajudar cada vez mais. E pedi a Deus também, né… Porque sem Deus nós não somos nada. Falei: Meu Deus, pelo amor de Deus, me ajuda, porque tá difícil, tá complicado, to pedindo ajuda do senhor também porque não sei o que está acontecendo de errado. Graças a Deus o Papai do Céu me deu uma luz, me iluminou, para que eu pudesse voltar a marcar e a fazer bons jogos.

Ainda teve o Luciano entrando e dando tudo certo pra ele e você vendo cada vez mais distante a sua chance de voltar a ser titular. Aí me chamou a atenção o Tite te elogiando muito como pessoa, dando força pro Luciano. Como foi essa ajuda?

- Não tem o porquê ficar chateado com o companheiro que está entrando. Ele também trabalha, ele também quer a oportunidade dele. Ele é um menino que desde que eu cheguei aqui a gente procurou conversar muito, procurei sempre ajudá-lo de alguma forma. E quando ele entrou na minha vaga e entrou pra jogar eu falei: vai que agora o momento é seu e vou te dar toda força que eu puder. Procurava conversar com ele com relação a posicionamento e graças a Deus ele entrou e entrou bem, fazendo gols, e eu fiquei muito feliz por isso, de poder estar contribuindo um pouco com isso, dando conselhos, pela bagagem que eu tenho no futebol, pelas coisas que já aconteceram comigo. E ele é um menino que sabe escutar, que gosta de aprender e que vai crescer muito na vida profissional e como pessoa. Um garoto que eu gosto muito, infelizmente aconteceu isso com ele, essa lesão, a gente fica muito triste, eu fiquei muito triste, muito chateado, é um momento que ele estava bem, convocado pra Seleção olímpica. Toma Deus que dê a oportunidade de estar nas Olimpíadas, porque é um garoto que merece, que possa voltar ano que vem tão bem quanto esse momento que parou agora, pra que ele volte com tudo, fazendo gols e possa muito bem representar o Corinthians, fazer muito bem o papel e possa dar continuidade a esse trabalho maravilhoso que ele vinha fazendo.



Escobar, Love e Luciano (Foto: Sergio Gandophi)

Vamos lá dar uma força pra ele…Não se abateu não, né, Luciano?
Luciano: Não, não… Não pode não, né… Isso acontece com grandes jogadores, a gente está aí para superar.
- Você está com quantos anos?

Luciano: 22 anos.

Love: Caramba, tô me sentindo velho ao lado dele. Estou nove anos na frente… (risos).

Luciano, eu estava conversando com o Love de como a vida é: você estava ali brilhando e ele te apoiando no time titular. E agora ele está apoiando você de outra forma.
Luciano: É muito chato, ainda mais pra mim que sou novo, né. Primeira lesão que eu tive, mas agora é bola pra frente. Mas o Love está aí… Ele é bom pra caramba.
Geralmente o cara consagrado é mais ciumento, mas você Love deu a maior força para o Luciano

Love: Eu penso dessa forma. Eu gostaria que fizessem isso comigo quando eu era jovem. Um cara consagrado chegar e falar: “vai lá, boa sorte!”. Eu não tive isso. Na minha época você chegava no treino e entrada na onda dos caras mais velhos, que mandavam você pegar a chuteira deles, só queriam saber de fazer sacanagem. Hoje não, hoje mudou muito. A gente tem de fazer isso por eles um pouco, dar motivação, dar alguns conselhos, passar confiança, porque eles que vão nos ajudar. Eles vão ajudar muito mais a gente do que a gente eles. A gente já ganhou títulos e a gente precisa muito deles. Eu gostaria que tivessem feito isso comigo, por isso vou sempre ajudar os mais jovens aqui no Corinthians.



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