O técnico Tite, do Corinthians, segurou o máximo que pôde as substituições na vitória de domingo sobre o Cruzeiro, pelo Campeonato Brasileiro, mas fez as três. A última delas, aos 44 minutos do segundo tempo, foi a estreia de Matheus Pereira, entrando no lugar de Jadson. Uma troca que, sem querer, pode ter sido a preparação do garoto para a partida decisiva desta quarta-feira, contra o Santos, às 22h, na arena, que vale vaga nas quartas de final da Copa do Brasil.
– O Bruno (Henrique) só saiu porque sentiu o tornozelo. O Vagner (Love) precisava do aplauso, do carinho do torcedor. E o Matheus foi para quebrar o gelo – disse o treinador, nesta terça-feira, dia em que ensaiou a portas fechadas a escalação que iniciará o segundo jogo das oitavas de final, no qual o Corinthians precisará vencer por três gols de diferença (ou por 2 a 0, para levar a disputa para os pênaltis).
Foi depois da atividade em campo que o médico Ivan Grava acompanhou Tite até a sala de entrevistas para informar o desfalque de Jadson, devido a edema na coxa direita. Além disso, nenhuma informação a mais sobre a equipe. Em tese, as principais alternativas para o lugar do camisa 10 são o atacante colombiano Stiven Mendoza e o meia Rodriguinho, mais experientes do que Matheus Pereira. Mas por que não apostar no garoto, que integra o elenco principal desde a pré-temporada nos Estados Unidos?
O próprio técnico já citou em algumas oportunidades que vê a jovem promessa como opção para Jadson – e o direciona assim nos treinamentos no CT Joaquim Grava. Função diferente, portanto, daquela que ele exercia no time sub-17 do Corinthians, quando foi eleito o craque do Mundial da categoria (disputado em maio, na Espanha), atuando como segundo volante.
Matheus foi escalado em amistoso contra o ABC
– O Matheus é organizador, tem características próximas às do Jadson. Pode fazer a saída de bola, mas é mais um terceiro homem de meio-campo, mais ofensivo – destaca Osmar Loss, treinador do sub-20, que recentemente desceu o garoto para ajudar em uma partida do Campeonato Paulista e não se arrependeu: logo no começo, ele bateu colocado de fora da área e marcou um golaço em vitória sobre o Nacional.
Menos de duas semanas depois, o Pirulão (apelido pelo qual o meio-campista era conhecido nas divisões inferiores, em função dos 1,81m de altura e para se diferenciar de um xará) teve em Natal sua primeira chance com Tite ao participar do amistoso em homenagem ao centenário do ABC-RN, ocasião em que a escalação corintiana foi toda reserva. São, então, os quatro minutos do último domingo os primeiros "de verdade" como profissional. Quebrado o gelo diante do Cruzeiro, ele pode ser titular pela primeira vez.
– Confiamos muito no potencial técnico dele. O que pode pesar é o fator emocional. Só vamos ter certeza se ele vai superar essa pressão da decisão, se ele for mesmo o escolhido, no decorrer do jogo mesmo. O Matheus é um cara bem tranquilo, confiante em si próprio, que tem técnica apuradíssima – elogia Osmar Loss, um dos responsáveis por derrubar o estranho apelido da joia alvinegra, de cujos direitos econômicos o clube só possui 5%.