Andrés Sanchez participou do Seleção SporTV (Foto: Reprodução / SporTV)


Convidado do "Seleção SporTV" desta sexta-feira, Andrés Sanchez anunciou que a Arena Corinthians terá capacidade para receber 50 mil pessoas no fim de setembro. De acordo com o ex-presidente e atual superintendente de futebol do clube, o estádio terá mais 2 mil lugares após receber a liberação do Corpo de Bombeiros. Isso acontecerá em consequência da retirada das cadeiras no setor norte, onde ficam as organizadas.

– Agora liberou para 44 mil e até o final de setembro vai liberar para 50 mil lugares, então teremos público ainda maiores que hoje. Acredito que nos próximos dois ou três anos manteremos uma media de 38 a 40 mil pessoas por jogo. Como tiramos as cadeiras do prédio norte, os bombeiros estão fazendo uma avaliação para caber mais duas mil pessoas. Por isso vai de 48 mil a 50 mil pessoas – explicou o dirigente.

Com preço inicial de R$ 860 milhões em seu projeto, a Arena Corinthians teve custo de R$ 985 milhões. Por conta dos juros, porém, o preço chegou a R$ 1,1 bilhão. O clube tem 12 anos para pagar o empréstimo do BNDES, de R$ 400 milhões. Para isso, tenta negociar R$ 490 milhões em CIDs (certificados de incentivos ao desenvolvimento emitidos pela Prefeitura) e busca fechar a venda dos naming rights por até R$ 400 milhões. Veja abaixo mais alguns trechos da entrevista.

NAMING RIGHTS

– A qualquer momento acontece (...) O problema econômico no mundo interfere, está atrasado há quase dois anos. O contrato envolve também camarote, que é praxe, e muitas outras ações que podemos fazer lá. Tem 42 mil metros para eventos. Estamos fatiando para que a empresa tenha muito mais ativação na Arena. O dia que assinar, vamos anunciar em uma grande festa."
CIDS

– Já vendeu quase R$ 10 milhões, está vendendo. Atrasou dois anos e quatro meses. Isso deu R$ 100 milhões de juros na conta, teve overlay (gastos temporários com a Copa do Mundo) que ou Estado ou Prefeitura pagariam, mas não pagaram. Tivemos de gastar R$ 91 milhões, ou seja, quase R$ 200 milhões a mais. Ao todo, então, é R$ 1,1 bilhão de custo com os juros e tudo. O Corinthians ia fazer um estádio mais humilde, com 40 mil lugares, mas a Prefeitura disse que era o único lugar para se fazer a Copa em São Paulo. Cedemos e pagamos um preço caro hoje por isso. Recebemos os CIDs por uma lei que existe desde 2004, que todo empreendimento na Zona Leste teria até 60% dos impostos municipais de crédito. Pelos R$ 860 milhões de gastos do projeto inicial, receberíamos R$ 420 milhões em CIDs, que já estão em R$ 490 milhões (corrigidos). Levará um ano e meio para vender. Qualquer cidadão pode comprar.

COPA DO MUNDO E OLIMPÍADA

– Foi onde nos metemos. A cidade nos pediu as Olimpíadas e o Corinthians cedeu novamente, mas com um overlay mais barato, só que os patrocinadores da Prefeitura que vão pagar. Ser enganado é uma vez só. (Nos arrependemos) Muito (de fazer um estádio para a abertura da Copa). O Corinthians ia fazer um estádio de qualquer maneira, mas como cedemos ao pedido da Prefeitura e do Governo do Estado tivemos de fazer dívida. Mas o projeto vai se pagar. No começo diziam que o estádio era de graça, que o Lula tinha nos dado. Agora dizem que não temos dinheiro para pagar. Estamos pagando. A segunda prestação (do empréstimo do BNDES, de R$ 5 milhões por mês) será paga essa semana. Quando não tivermos dinheiro, vamos pedir prorrogação, é normal. Ainda não vendemos camarotes e cadeiras cativas, isso leva tempo. Mas temos um dinheiro em caixa para pagar uns cinco ou seis meses garantidos.

INGRESSOS/CUSTO ESTÁDIO

– A mudança que houve agora foi porque no prédio Leste Superior, onde era R$ 150, tinha de 3.700 a 4 mil sócios torcedores. Vamos trazê-los para o Oeste Superior e liberamos a R$ 100 para vender no Leste Superior. Onde ficam muitos lugares vazios no prédio Oeste, é o VIP. Não é nem para vender, é alugar as cadeiras por temporada. Uma coisa nova no Brasil. Tem de ser preço maior para compensar você ter e alugar por um ano a sua cadeira. Elas custam de R$ 3.500 a R$ 10 mil. O que falta terminar no estádio e está prejudicando são duas coisas: centro de convenções e restaurante. O resto é coisa pequena. No final do mês acaba o centro, a Odebrecht sai do estádio e o resto é retoque (...) Nosso custo operacional é de R$ 2,5 milhões a R$ 3 milhões por jogo. Quando dá uma renda, ficamos só com 50% pelos gastos de impostos, pessoas. Neste mês gastamos R$ 3,2 milhões pela prestação do seguro, agora terminou. O gasto total é de R$ 30 milhões por ano. Além dos R$ 5 milhões por mês para o BNDES.

SÓCIO-TORCEDOR

– Temos 112 mil sócios pagando todo mês. São mais de 280 mil, mas em dia são 112 mil. São vários preços, mas devemos receber cerca de R$ 30 milhões por ano pelo programa. Os sócios têm até 40% no preço do ingresso e a prioridade. Mas há um problema. No jogo contra o Sport, anunciamos 31 mil pagantes, mas não tinha mais do que 28 mil pessoas no estádio. Compram para ter o direito e não vão. No ano que vem vamos tentar resolver para que outras pessoas possam ir. Com a compra das cativas, o torcedor anuncia dois dias antes que não vai e nós vendemos o ingresso: 50% é dele e 50% é do clube. No próximo ano queremos vender também um pacote com todos os jogos do primeiro turno do Campeonato Brasileiro.