Desvalorizado. É este o sentimento do garoto Lucas Roncato, de apenas 21 anos, revelado na base do Corinthians. Ele foi capitão da equipe que foi vice-campeã da Copa São Paulo de Futebol Júnior em 2014, quando perdeu a final para o Santos, mas hoje vive um período de indefinição no time do Parque São Jorge.


Há 11 anos vestindo a camisa alvinegra e com três títulos no currículo - conquistou o Mundial sub-17, o Paulista Sub-20 e o Torneio Internacional no Canadá -, o jovem lateral-direito está encostado e treina em períodos separados do resto do elenco corintiano e tem contrato apenas até o final do ano.

"Eu fico triste por estar nessa situação. O clube não valorizou, não deu oportunidade. Fiquei muito chateado, porque passei minha vida toda aqui no Corinthians, fui profissional ao limite, fiz sempre tudo que me pediram e nunca tive uma oportunidade. O Corinthians precisa valorizar mais a base", lamentou.

Na partida diante do Sport, na última quarta-feira, que terminou em vitória para o Corinthians por 4 a 3, o técnico Tite utilizou apenas o lateral Guilherme Arana e o meia-atacante Malcom dentre os jogadores da base no elenco. Roncato fica feliz em ver seus companheiros de sub-20 atuando, mas não vê outros tendo a mesma sorte.

"Eu fico muito feliz em ver o Malcom e o Arana jogando, mas o Cassini, por exemplo, teve que sair pra jogar. O Marquinhos mesmo quando estava aqui não teve muitas oportunidades. Acho que comigo será a mesma história e outros tantos devem seguir o mesmo caminho", comentou.

Apesar de disparar críticas contra o Corinthians, o defensor não se esquece de quando ficou no banco de reservas do Pacaembu, quando treinou junto com os profissionais.

"Eu fui pro banco de reservas em jogos no Campeonato brasileiro de 2012 e mal conseguia dormir depois. Foi um sonho realizado ver o Pacaembu lotado e com aqueles caras que você via apenas pela televisão", contou.

Amizade com zagueiro do PSG

Dentre as várias amizades que Roncato fez nas categorias de base do Corinthians, uma delas - se não a maior -, foi com o zagueiro Marquinhos, do Paris Saint-Germain. Como o defensor morava na zona norte de São Paulo, ficava na casa do lateral no Tatuapé, na zona leste.



"Ele é um irmão para mim, morava em casa a maior parte da semana comigo e íamos juntos no treinamento porque meu pai nos levava. As famílias sempre estão juntas quando ele está no Brasil. São mais de dez anos de amizade", contou, com orgulho.

"O Marquinhos é um cara muito engraçado. Ele curte imitar todo mundo. Ele era bem tranquilo e não dava muito trabalho. No final de semana, eu ia para a casa dele para dar um descanso para a minha mãe (risos)", completou.

Como treinavam duro, os jogadores eram privados de comerem o que quiserem. O que fazer quando o técnico entra no quarto e você está comendo bolacha? Roncato conta qual foi a ideia do zagueiro.

"Quando a gente era moleque, não podia comer besteira. Assim, levávamos bolacha para comer, mas o treinador não deixava. Ele abriu a porta do quarto, e o Marquinhos estava com a bolacha na mão, mas jogou pela janela. O treinador não viu, mas a menina da limpeza viu e nos dedurou. O técnico rasgou para cima da gente (risos)", concluiu.