Na teoria, o Corinthians promoveu sete garotos que conquistaram a Copa São Paulo de Futebol Júnior, em janeiro. Na prática, a situação dos meninos é bem diferente. O meia Matheus Pereira, que não disputou o principal torneio de base do país, desponta como o único que pode receber uma chance de Tite nas partidas da equipe principal no Brasileirão e na Copa do Brasil.
O treino de quarta-feira pela manhã, no CT Joaquim Grava, reflete bem o momento dos novatos no grupo profissional. Tite colocou em campo dois times para uma atividade técnica, visando o clássico de domingo, contra o São Paulo. Dos 22 escalados, apenas Matheus Pereira e o lateral-esquerdo Guilherme Arana fazem parte do projeto da diretoria de aumentar a integração.
O zagueiro Rodrigo Sam, os volantes Marciel e Gustavo Vieira, o meia Matheus Vargas e o atacante Gabriel Vasconcelos se juntaram ao paraguaio Romero e ao colombiano Mendoza para um trabalho em outro gramado, sem qualquer relação com a preparação para o Majestoso. Apenas o goleiro Caíque foi chamado para revezar com Cássio, Matheus Vidotto e Walter.
Isso também acontece nas partidas do Brasileirão. Caíque e Marciel só foram para o banco de reservas por conta das lesões de Cássio e Cristian, respectivamente – o volante entrou nos minutos finais da vitória sobre o Figueirense, em Itaquera. Agora, com ambos recuperados, as portas devem se fechar ainda mais para os garotos nas próximas partidas.
A solução encontrada vem sendo devolver os meninos para a base. Eles são "emprestados" para a equipe sub-20 que disputa o Campeonato Paulista e assim ganham ritmo de jogo. Na semana passada, todos eles – até mesmo Matheus Pereira – desceram para atuar na vitória por 2 a 1 sobre o Nacional. O Timão é o quinto colocado do Grupo 3, com 18 pontos.
Tite aceitou a promoção dos garotos, mas deixou claro para a diretoria que teria todo cuidado possível para escalá-los em partidas de torneios oficiais. O treinador alega que não quer queimá-los e convive com a fama de não gostar de trabalhar com meninos e preferir os experientes.
Isso afeta até na busca por reforços. O técnico, por exemplo, quer um meia de criação e um centroavante para seguir sonhando com o título nacional. A diretoria respondeu subindo Matheus Vargas e Gabriel Vasconcelos. Pessoas próximas ao treinador garantem que ele não vê nenhum dos novatos preparado para atuar ou algum talento excepcional vindo da base.
Malcom é titular do ataque mais pela carência do setor do que pelo brilho de suas atuações. Ele foi reserva enquanto Tite ainda contava com Emerson e ganhou espaço ao competir com jogadores que não empolgam, como Mendoza, Romero e agora Rildo, recém-contratado.
Pirulão, a esperança
Matheus Pereira, apelidado de Pirulão, desponta como o único dos garotos com chances de atuar. O meio-campista, de 17 anos, foi eleito o melhor jogador do Mundial sub-17 conquistado pelo Corinthians neste ano, na Espanha, e vem chamando a atenção de Tite nos treinamentos. Mesmo assim, ainda está longe de brigar para valer por uma vaga na equipe titular.
O treinador tenta adaptá-lo para ser o reserva imediato de Jadson na função de meio-campista aberto pelo lado direito no esquema 4-1-4-1. Guilherme Arana é o reserva imediato de Uendel na lateral esquerda, mas ainda não é visto como um jogador preparado. Por conta disso, Yago pode atuar improvisado na posição caso haja necessidade.
– O Matheus é o jogador que está mais próximo, joga muito. É um meia de articulação, que eu estou trabalhando para fazer a função do Jadson – afirmou Tite em entrevista ao programa “Bem, Amigos!”, do SporTV.
O curioso é que Matheus Pereira não teve tempo sequer de disputar a Copa São Paulo. Ele foi promovido ao elenco profissional ainda em janeiro e seguiu com o elenco para a pré-temporada nos Estados Unidos. Apesar de ter ficado no banco de reservas algumas vezes, o armador ainda não atuou em duelos oficiais – foi titular no amistoso contra o ABC, em Natal.
Pirulão surge como uma grande promessa, mas não deve trazer muito dinheiro aos cofres do Corinthians se for negociado. O clube é dono de apenas 5% dos direitos econômicos do jogador. O restante pertence ao empresário Fernando Garcia, que também é conselheiro do Timão.