1/8/2015 11:29

Análise: Love ainda parece estranho; China não pode mais ser desculpa

Prejudicado pelo tempo que passou no pouco competitivo futebol chinês, atacante não consegue entrar no ritmo do Corinthians, apesar de esforço reconhecido no clube

Análise: Love ainda parece estranho; China não pode mais ser desculpa
Vagner Love já acumula seis jogos sem fazer gol pelo Corinthians (Foto: Giuliano Gomes/ Agência PR PRESS)


Passaram-se mais de cinco meses da estreia de Vagner Love no Corinthians e sua presença no time ainda não soa natural. É como se assistíssemos a 10 jogadores de branco e preto, e um de colete colorido, isolado, deslocado. Não se trata de uma questão pessoal nem de relacionamento. Love, centroavante de potencial reconhecido pela carreira, lembra aquele convidado chamado para completar o time no futebol dos amigos do trabalho.

Quando o Timão anunciou sua chegada, já se esperava dificuldades. Love pagaria o preço de ter atuado por mais de um ano e meio no futebol chinês, de muito dinheiro e pouquíssima competitividade. Mas as previsões também apontavam uma readaptação bem mais veloz. No clube, ainda se atribui ao "fator China" a diferença notória entre Vagner Love e seus companheiros, mas o tempo é adversário. O atacante precisa melhorar para evitar que a justificativa plausível se transforme em desculpa esfarrapada.

Cada técnico tem sua característica. Tite, já há algum tempo, apoia-se no conceito exato da palavra "time". Desde o Corinthians campeão brasileiro, da Libertadores, do mundo, não havia uma estrela. Guerrero jogou muito e foi decisivo, é verdade, mas, ao contrário do que ocorre hoje no Flamengo, por exemplo, seu rendimento era o produto final de um processo artesanal.

O Corinthians passou por maus bocados neste ano e se remontou. Hoje, na equipe vice-líder do Brasileirão, em relação ao início do ano, Bruno Henrique joga no lugar de Ralf, Malcom no de Emerson Sheik, e a engrenagem parece funcionar novamente, sob o mesmo princípio tático trabalhado desde a pré-temporada (que Love perdeu, pois ainda não havia sido contratado).

Love fica à frente de todos eles, no setor onde Guerrero fazia diferença. A comparação inevitável pesou no início. Hoje, já não é mais esse um dos problemas. Paolo já é passado, mas Vagner ainda não é presente. Não é fácil ser o último do 4-1-4-1 do Corinthians. É preciso uma compreensão de movimentação que o atacante já deveria ter. É preciso um conhecimento tático do que é feito atrás para entender quando e onde se deve estar.

Não se pode acusar Love de descaso. A comissão técnica é só elogios ao seu esforço. Fica até consternada por não se refletir, nos jogos, sua dedicação nos treinamentos. Mas também esperava que o jogador se integrasse mais rapidamente. Coletivamente, até há uma satisfação com seu desempenho. Ele tenta, participa, procura entender onde pode ajudar. O gol de Malcom contra o Atlético-MG tem sua assinatura na jogada em velocidade pelo lado esquerdo. Mas tem sido exceção, e já está na hora de ser regra.

Individualmente, Love ainda joga como se Itaquera fosse a China: contra zagueiros franzinos, frágeis, diante deles seria possível passar por cima como se fosse um trator. A desvantagem física é gritante, basta ver sua dificuldade, por exemplo, para dominar uma bola "torta" e segurá-la até que o restante do time se aproxime (vale o alerta até para Dunga, em cujo cardápio da seleção brasileira, cada vez mais, constam atletas da Ásia e do Oriente Médio). Gols? Ele fez cinco em 30 partidas, três no Brasileirão, após 15 dias sob cuidados especiais. Mas o Brasileirão embalou. O Timão luta pelo título. E não dispõe de duas semanas para cada trio de gols - já são seis jogos sem que Love balance as redes.

O atacante parece incomodado. Já demonstrou seu descontentamento de variadas maneiras, a ponto de ter que explicar, ao lado de Tite, sua reação a uma substituição (veja abaixo). Dentro de campo, inconscientemente, também. Quanto menos seu jogo flui, mais errado ele corre. A ponto de atrapalhar, como na vitória por 3 a 0 sobre o Vasco, em que o crescimento corintiano no segundo tempo esteve diretamente relacionado à sua saída no intervalo, por mais que, na etapa inicial, o técnico tenha dedicado muito de sua voz a orientações ao centroavante.

A falta de opções de Tite torna ainda mais importante para o futuro do Timão no campeonato a melhora de Vagner Love, mas que ninguém se engane: essa mesma falta de opções, aliada ao método do treinador, que costuma esticar o braço aos seus atletas em períodos de dificuldade, não será uma garantia eterna de que o centroavante será mantido na equipe titular.


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