24/7/2015 11:13

Lembra dele? Marcelinho Paulista cria projeto que leva universitários aos EUA

Ex-meia de Corinthians, Botafogo e Seleção aposta na união entre futebol e educação. Em Bragança, gerencia a construção de uma "Cidade dos Esportes"

Lembra dele? Marcelinho Paulista cria projeto que leva universitários aos EUA
De capacete laranja, Marcelinho Paulista anda apressado pelo canteiro de obras com área superior a 100 mil metros quadrados. Pede um caminhão pipa, faz a checagem na construção dos quartos e tira dúvidas técnicas com engenheiros. Ex-jogador de Corinthians, Botafogo e Seleção, Marcelinho não largou o futebol após se aposentar. Mas seu enfoque agora é outro: mistura o esporte com a educação.

Em Bragança Paulista, interior de São Paulo, é diretor técnico da construção de um complexo que irá preparar jovens a concorrer bolsas em universidades nos Estados Unidos jogando futebol.

Com 41 anos, Marcelinho se considera um jogador "mediano" para a época em que atuou. Mesmo assim, esteve entre os destaques da seleção sub-20 que faturou o Mundial de 1993, titular em uma vitoriosa geração do Corinthians na década de 1990 e também do Botafogo. Chegou a defender as cores do Juventude, além de jogar no futebol grego (Panionios) e espanhol (Almeria).

Apesar da carreira sólida, Marcelinho nunca quis depender exclusivamente do futebol. Sempre quis estudar. Quando se profissionalizou no Corinthians, aos 17 anos, estava iniciando o curso de psicologia. Teve que parar devido à rotina rígida de treinos e viagens. Ao se aposentar, retomou o rumo da faculdade. Agora, Marcelinho uniu suas duas paixões.

- Na minha época, não que eu tive algum tipo de restrição. Eu fazia psicologia e, ao mesmo tempo, subi para a equipe profissional do Corinthians. Jogávamos terça, quinta e domingo. Era complicado, porque muitas vezes eu chegava mais tarde na concentração. Acabou inviável. Só vim fazer minha faculdade quando eu estava praticamente encerrando minha carreira como profissional do futebol. Mas, desde lá atrás, tive a preocupação de me preparar melhor.

Tudo que eu vivi, se não complementasse isso com a parte teórica, acho que ficaria um pouco solto, um pouco vago. Agora com a formação e todas as vivências que eu tive, fica muito claro na minha cabeça o mundo que tem pela frente e o que eu posso explorar - afirmou.



Cidade dos Esportes terá cerca de 100 mil metros quadrados, em Bragança


Logo que se aposentou, Marcelinho até tentou seguir no futebol. Foi técnico do sub-13 do Flamengo, supervisor das categorias de base do Corinthians e gerente de futebol do Avaí. Apesar de afirmar que não negaria uma proposta atraente para gerenciar algum clube, garante que sente mais prazer tendo carta branca para tocar um projeto inovador.

- Estou em um projeto em que trabalho full-time. Chego segunda-feira e só volto para casa na quinta-feira. Estou aqui o tempo todo e estou envolvido. Fui um cara muito envolvido durante a minha carreira. Me cuidava no momento em que o futebol ainda era muito romantismo, boemia.

Sabia das minhas limitações. Minha família sofreu pelos momentos em que eu fiquei fora. Parei de jogar satisfeito pelo que fiz.

O ruim da vida é você chegar ao ponto final de um determinado caminho com o pensamento de que poderia ter feito melhor. Esse não é o tipo de pensamento que levo para mim e quero passar para meus filhos: a ousadia de você querer enfrentar, é isso que faz a diferença - disse.

Marcelinho credita essa pró-atividade por ter sido titular em um Corinthians que faturou o Campeonato Paulista e a Copa do Brasil de 1995. No meio-campo, atuava ao lado de um xará, que se tornou um dos maiores ídolos da história do Timão.

DUPLA DE MARCELINHOS

Chamado apenas de Marcelinho ao ser promovido pelo Corinthians, o volante ganhou espaço aos poucos no elenco alvinegro. Ganhou destaque mesmo no Mundial sub-20 de 1993, quando foi campeão e eleito para a seleção do torneio pela Fifa. O mesmo torneio teve Adriano como melhor jogador.




Após o Mundial, ganhou a titularidade. Mas 1993 não foi fácil para o Corinthians. A coisa começou a mudar em 1994, quando chegou ao Timão um outro Marcelinho. Para diferenciar, os dois ganharam apelidos: um virou Paulista e outro, Carioca. Como o "Pé de Anjo" tinha um talento fora do comum para bater na bola, o xará só fazia um pedido: "vai para o ataque que eu resolvo aqui atrás".

O auge veio em 1995, quando o Alvinegro faturou os títulos paulista e da Copa do Brasil. No torneio nacional, o caneco veio graças a grandes atuações de Marcelinho Carioca e Viola. Marcelinho Paulista ajudava o setor defensivo, montado pelo técnico Eduardo Amorim, que sofreu apenas três gols em 10 partidas

- O meu período com o Marcelinho no Corinthians foi um dos mais vitoriosos até então. Lógico que depois veio a geração de Vampeta, Rincón, enfim. Mas o Marcelinho conseguiu conquistar coisas tendo um time limitado. Pelo menos na comparação com o Palmeiras e o São Paulo daquela época. Nós vínhamos de um time certinho e foi nesse período que o Marcelinho começou a fazer a diferença.

Como eu jogava com uma obrigação defensiva, o que eu falava para ele era: resolve lá, que aqui atrás a gente dá um jeito - afirmou.



Paulistão 1993 Edmundo Marcelinho Paulista Palmeiras Corinthians


Sua primeira passagem pelo Timão se encerrou em 1996, quando foi envolvido em uma troca com o Botafogo. O volante foi para o Glorioso, e Túlio Maravilha, um dos principais jogadores do Brasil naquela época, reforçou o Corinthians.

ESTREIA COM TÍTULO

A primeira impressão do Botafogo foi boa para Marcelinho Paulista. E vice-versa. Em seu primeiro torneio pelo Fogão, foi titular de um time que dominou o Campeonato Carioca de 1997, sendo campeão com 18 vitórias em 26 jogos. Não foi um título qualquer. Antes de faturar o Estadual, veio o troféu da Taça Guanabara. Foi a quebra de um jejum de 29 anos, com 11 vitórias em 11 jogos




Na final contra o Vasco, a vitória por 1 a 0 veio com um gol de cabeça de Gonçalves. Na comemoração, uma polêmica rebolada, que marcou a carreira do zagueiro. O título é o que Marcelinho Paulista considera a "primeira metade" de sua passagem pelo Botafogo. Voltou ao Corinthians, no ano seguinte, a pedido de Vanderlei Luxemburgo. Após um ano no Timão, retornou ao Rio para a "segunda metade" de sua história pelo Bota.

Desta vez, foi um pouco diferente. Após perder o título da Copa do Brasil para o Juventude na final, o Botafogo foi muito mal no Campeonato Brasileiro. Só não foi rebaixado por ter entrado com recurso após ser goleado por 6 a 1 pelo São Paulo. O Tricolor havia escalado Sandro Hiroshi de forma irregular. A passagem seguiu até 2001, mas Marcelinho foi pouco utilizado e deixou a equipe para defender o Panionios, da Grécia.


Marcelinho Paulista em ação pelo Botafogo


- A volta entre 1999 e 2001 foi um período conturbado, com problemas financeiros. Fui para a Grécia, fiquei um ano. Voltei para o Juventude e depois fui para o Almeria. Esse período de Botafogo e Corinthians foram períodos mais marcantes, com participação efetiva na conquista de títulos. Quando estou em São Paulo, estou sempre encontrando corintianos, quando estou no Rio, estou sempre encontrando botafoguenses. Isso é legal. Às vezes, um avô me para e chama o neto para explicar que joguei com fulano, beltrano. Isso é bem legal. Levo com muito carinho - afirmou o volante.

VOLTA AOS ESTUDOS

Marcelinho voltou do Almeria, em 2003, disposto a abandonar a carreira de jogador. Queria retomar os estudos. Veio então uma proposta que unia o útil ao agradável. Estudaria na universidade Estácio de Sá, mas jogaria pela equipe. Aceitou. Formou-se em educação física e se especializou em treinamento de futebol.

A partir daí, passou a trabalhar com categorias de base. Chegou a ser técnico do Flamengo nas categorias sub-13 a sub-17 durante três anos. Também gerenciou a base do Timão entre 2011 e 2012. Por tudo que viveu no futebol, o jogador sempre incentivou os jovens atletas a não se esquecerem dos estudos.





- Se você pegar um atleta inteligente, com certeza vai ser alguém com uma tomada de decisão melhor que os demais, não tenho dúvida disso. Não tenho dúvida que me tornei uma pessoa melhor depois que eu terminei meus estudos.

Não quer dizer que quem não estuda não serve ou não pode ser bom profissional. Pode sim e tem vários exemplos. Mas eu, por exemplo, me sinto muito melhor informado. Acho que aconteceu para mim no momento que tinha que acontecer. O esporte e o educação têm uma série de valores que você vai levar para o resto da vida - disse



Por gostar de estudar, Marcelinho afirma que esse foi um dos seus diferenciais quando atleta. Sua auto-análise é de que nunca foi brilhante. Mas foi esforçado e soube aproveitar as oportunidades. Isso foi fundamental para que conseguisse se consolidar por dois dos maiores clubes da sua época. Além de ter sido campeão mundial sub-20, esteve no bronze olímpico, em Atlanta, 1996. Também foi convocado por sete vezes para defender a Seleção principal.

- Sempre tive uma clareza muito grande em relação à minha pessoa com relação ao meio em que vivi. A década de 90 tinha três, quatro jogadores por posição para a seleção brasileira. Então eu fiz meu caminho por seleção de base, seleção olímpica, seleção principal. Tudo isso, sendo um jogador mediano para a época. Mas fui um cara que sempre soube aproveitar as oportunidades que tive.

Acho que isso me ajudou muito a enxergar uma oportunidade. Naquela época não tinha empresário, você chegava no clube, fazia um teste e se fosse aprovado, ficava. Toda essa vivência se torna importante quando você consegue justificá-la. Tudo que você faz de bom ou ruim, é uma marca para a sua vida - afirmou.

Pelo interesse que tem no mundo acadêmico, quando recebeu uma proposta para entender como funciona o soccer universitário nos Estados Unidos e criar um projeto voltado a brasileiros que querem atuar nos EUA, não pensou duas vezes.

"CIDADE DOS ESPORTES"

O complexo de 100 mil metros quadrados tem obras avançadas em Bragança Paulista, no interior de São Paulo. Serão 60 vagas na Cidade dos Esportes para jovens entre 16 e 20 anos. O período da estadia e a programação vai variar de acordo com os resultados de testes físicos e de idioma.

A expectativa é de começar a receber inscrições a partir de setembro. Por enquanto, os valores não foram divulgados, mas o público-alvo é as classes A e B.





A intenção é utilizar futebol ou tênis como formas de abrir portas para quem sonha estudar nos Estados Unidos. No local, os aspirantes terão uma vivência semelhante a que terão como estudante. As universidades americanas concedem bolsas à atletas que demonstram capacidade de atuar em alto rendimento. Para isso, precisam também atingir metas para obter um diploma caso não atinjam sucesso no esporte profissional.

- O soccer, nos Estados Unidos, sempre foi forte nas universidades. Temos exemplos nas universidades de times que atraem 15 mil pessoas por jogo. A partir do momento que definimos que vamos seguir esse rumo e entender o mercado, fizemos um levantamento e chegamos à conclusão de que existem brasileiros indo sem informação, sem estar preparados para um mercado tão competitivo.

A nossa função com esses jovens é prepará-los física, técnica e academicamente para que eles possam chegar preparados - diz Marcelinho.


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