24/7/2015 07:37

Maradona corintiano tenta a sorte no "Corinthians inglês" na oitava divisão

Irmão de Rivellino e Platini, xará de craque argentino ainda sonha viver do futebol aos 27 anos, mas paga para jogar no Corinthian-Casuals - clube que inspirou o Timão

Maradona corintiano tenta a sorte no
No início do treino, dois jogadores correm em volta do campo. Eles apontam para o outro lado, onde está grupo de atletas recém-chegados ao clube:
- Aquele ali é o Diego Maradona?

- É.
“Aquele” Diego Maradona é brasileiro e, aos 27 anos, vive agarrado a uma esperança que sabe ser remota, mas se recusa a abandonar: virar importante no futebol. Ele é a mais recente contratação do Corinthian-Casuals, que disputa a Isthmian League Division One South na Inglaterra. Trocando em miúdos, a oitava divisão do país.

- Eu poderia desistir. Mas quero ver onde isso tudo vai me levar. Futebol está no meu sangue - disse Diego ao GloboEsporte.com, que acompanhou um dia da rotina do Maradona brasileiro e corintiano na última terça-feira


Diego Maradona em ação pelo Corinthian-Casuals, clube que inspirou o Timão

O sobrenome da família é Petriaggi. Incluir “Maradona” na certidão de nascimento foi escolha do pai, técnico de categorias de base no Brasil. Diego tem outros dois irmãos: Roberto Rivellino e Michel Platini. Ambos também tentaram ser jogadores, mas acabaram parando. Riva (como ele chama o mais velho) chegou a atuar nas categorias de base do São Paulo e Udinese, da Itália. Não vingou.

O futebol para este Diego Maradona é um eterno conflito entre o sonho e a realidade. Tem o nome de um dos maiores craques da história, mas se mudou para a Inglaterra porque “precisava trabalhar e ganhar dinheiro”, depois de passagens por clubes no Brasil, Itália e Malta.





Na estreia pelo Casuals no último dia 12, anotou o gol da vitória por 1 a 0 sobre o Met Police (o time da polícia inglesa), algo que o fez ser destaque em jornais que circulam em Londres, como o Metro, por exemplo. Apesar disso, não poderá participar da primeira rodada da liga, em 8 de agosto. Precisa trabalhar no estoque da loja de roupas em que é funcionário, na pequena cidade de Bicester, próxima a Oxford.

Corintiano desde o nascimento em Itaporanga, interior de São Paulo, ele agora veste a camisa do time que inspirou a criação do clube de Parque São Jorge.

- Foi algo que me atraiu a vir jogar no Casuals. É conhecido no Brasil. Deu origem ao Corinthians. Quando apareceu a oportunidade, achei que era uma coincidência muito boa. Valia o sacrifício – completou.

Um sacrifício que é considerável. Apesar de ser campeonato considerado amador, todos os clubes da Isthmian League pagam ajuda de custo para os atletas. Todos, menos um: o Corithian-Casuals. Cada terça e quinta-feira,

Maradona tem de tirar 21 libras (cerca de R$ 105) do próprio bolso para pagar o transporte ida e volta para o subúrbio de Londres. O campo de treinamento fica na região de Tolworth, na parte sudoeste da capital inglesa. Diego acorda às 5h da manhã, entra no trabalho às 6h, sai às 15h e vai direto para o treino. São dois trens e uma caminhada de 20 minutos para chegar ao estádio. Depois tem a volta. Quando enfim, entra em casa, o relógio sempre marca mais de 23h.

- Eu não vou ficar milionário com o futebol. Claro que isso não vai acontecer aos 27 anos. Mas há muitas equipes que são amadoras na Inglaterra, possuem estrutura e pagam às vezes mais de 100 libras (R$ 500) por semana. Para mim, já seria um dinheiro muito bem-vindo. Sei lá... Eu quero ver até onde o futebol vai me levar. E eu gosto de jogar. Fiz isso a minha vida inteira.

Por causa do Casuals e em nome dessa esperança, o corintiano Maradona está desesperado para achar um emprego em que trabalhe apenas de segunda a sexta em Londres. Tudo isso para ter os sábados livres e poder vestir a camisa do Casuals. Seu desempenho foi elogiado pelo técnico James Bracken. Tem sido testado como meia aberto pelo lado direito. Como é canhoto, consegue cortar para dentro da área e chutar de esquerda. Foi assim que fez o gol no amistoso de estreia.



Fundado em 1882, o "Corinthians inglês" disputa a oitava divisão do país e é amador


A história de Diego é parecida com a de tantos outros garotos talentosos que aparecem no Brasil. Ele tem certeza que a falta de um empresário atrapalhou seus planos e impediu que conseguisse vestir camisas de mais tradição. Entre os 12 e 19 anos, atuou pelo Brescia, da Itália, onde obteve o passaporte europeu. Para evitar comparações com Maradona, preferia ser chamado de Diego Petriaggi. O clube quis profissionalizá-lo e emprestá-lo para outras times.

Ele preferiu voltar ao Brasil. Passou pelo São Caetano, onde atuou com o lateral-direito Mário Fernandes (o “Marião”, como Diego chama), atualmente no CSKA Moscou. Diz que saiu porque a diretoria queria que assinasse um contrato em branco. Foi para o Ceilândia e depois Valeriodoce. De volta à Itália, atuou em equipes semiprofissionais. Tentou a sorte em Malta. Quando resolveu ir morar na Inglaterra, em 2013, mandou currículos para todas as agremiações profissionais e semi-profissionais que encontrou nai nternet. Apenas James Bracken respondeu e o levou para o Corinthian-Casuals.




Ao mesmo tempo que tem trajetória semelhante a tantos outros conterrâneos, Diego Maradona é esclarecido, fala com eloquência e aprendeu inglês rapidamente. Se alimenta um sonho que desperta dúvidas, como a vontade de ainda dar certo no futebol perto dos 30 anos, ao mesmo tempo mantém os pés no chão. O mais importante, é o trabalho na loja, garante. E se quer arrumar um emprego em Londres, não pode ser qualquer coisa. Tem de ser para ganhar mais do que recebe atualmente em Bicester.

- Eu quero muito jogar no Corithian-Casuals. Quero estar dentro do futebol. Mas preciso ter os pés no chão. Se você me pergunta se eu tenho esperanças... Claro que tenho. Quem sabe? - questiona.

Por causa do fuso horário Brasil-Inglaterra (atualmente, são quatro horas a mais de diferença em Londres), Diego tem dificuldades de acompanhar o Campeonato Brasileiro e o Corinthians. Na maioria das vezes, assiste apenas aos gols. Prefere concentrar as energias no Casuals e na possibilidade de chamar a atenção de algum outro time inglês.

Algum que remunere os jogadores. Porque gastar do próprio dinheiro para ir treinar não está pegando bem em casa. A mulher de Diego, a peruana Amanda, não fica feliz com a ideia de o marido pagar para jogar bola.
- A torcida do Corinthians não canta: “Não para, não, para, não para”? Pois é... Eu também não quero parar. Meus irmãos desistiram do futebol, mas eu quero ir tão longe quanto possível.


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