22/7/2015 19:19

Na China, Paulinho descarta revanche com alemães e não esquece o Timão

Agora com Felipão no Guanghzhou, volante revela desejo de retornar ao Corinthians um dia e fala do 7 a 1 antes de amistoso com Bayern: "Situação totalmente diferente"

Na China, Paulinho descarta revanche com alemães e não esquece o Timão
Outrora foi o Japão, agora é a China. Atual tetracampeão nacional em seu país, o Guangzhou Evergrande já pode se considerar uma espécie de referência brasileira no futebol oriental. Liderada por Felipão, a equipe conta com Paulinho, Robinho, Ricardo Goulart, Elkeson, Alan, Rene Júnior... a maioria com passagem pela Seleção. Paulinho é um que já esteve até em Copa do Mundo, em 2014 e, curiosamente, reencontrará agora os alemães Müller, Neuer e Lahm (que é dúvida), em amistoso contra o Bayern de Munique nesta quinta-feira. Em entrevista ao GloboEsporte.com, o volante, que deixou as portas abertas para uma volta ao Timão no futuro, garantiu que não há qualquer clima de revanche.

- É uma situação totalmente diferente. Talvez seja (revanche) para o brasileiro. Nós já conhecemos os times da Alemanha, como é que jogam... É totalmente diferente. Não vejo como uma revanche ou que tenha relação com a Copa do Mundo – disse o volante, em entrevista por telefone, ao ser questionado sobre o reencontro com os alemães nesta quinta-feira.

Naquele 8 de junho de 2014, Paulinho jogou apenas na segunda etapa, em seu único jogo como reserva no Mundial. Esteve no banco enquanto a Alemanha marcava os cinco primeiros gols do histórico 7 a 1 no Mineirão. Mesmo assim, não voltou a ser convocado. Entre os planos do volante de 26 anos que inicia na China uma nova fase na carreira, a volta à Seleção é um objetivo prioritário.

- Com certeza, é um objetivo. Tem que estar jogando, atuando. Meu foco é trabalhar bem, conquistar o meu espaço. Vai acontecer naturalmente. Tenho que fazer o meu trabalho. Se chegar uma hora, tem que acontecer naturalmente. Tem que jogar bem. Só assim será visto - completou o jogador, que chegou na China há quase um mês e tem três jogos pela equipe.

Durante a conversa por telefone, o volante foi bem além da Seleção. Ele fez um balanço sobre as duas temporadas no Tottenham, explicou o motivo que o tirou do futebol europeu para levá-lo à China, falou sobre suas expectativas por lá e até mandou uma mensagem para a torcida corintiana.

- Espero que um dia, não sei em quantos anos, eu possa voltar ao Corinthians - avisou.
O GloboEsporte.com acompanhará o duelo entre Bayern e Guangzhou Evergrande nesta quinta-feira em Tempo Real, a partir das 8h30 (de Brasília).

Leia a entrevista na íntegra abaixo:

Não tem como apagar (o 7 a 1), temos que seguir a vida. Ninguém esperava, mas aconteceu
Paulinho

Piadas com o 7 a 1

Eu encaro de uma forma, cada um encara de uma forma. Brincadeira sempre vai haver. Eu sou muito tranquilo e sei me dar muito bem com essas coisas. Sei me dar bem com as piadas. Quem quiser falar que fale. Quem quiser brincar que brinque. Eu me preocupo não com isso. Não tem como apagar, temos que seguir a vida. Ninguém esperava, mas aconteceu. Não dá para deixar de seguir a vida.

Primeiras impressões na China

Estou chegando agora e temos um jogo difícil (contra o Bayern). Nosso clube está praticamente em fim de temporada. Vamos até o final de novembro e faltam dez jogos para terminar o Campeonato Chinês, fora que podemos ir à final a Champions League, que estamos nas quartas. Com os jogadores que temos, é um clube diferente dos outros chineses.

Escolha pelo Guangzhou

Depende do jogador, ou do que o clube oferece em termos de projeto... Cabe ao jogador tomar a decisão. Confiei muito no projeto, por estar todo ano disputando o título chinês e da Champions League da Ásia. Tem que pensar muito no clube que você está indo. Para tirar esses jogadores da Europa e do Brasil tem que ser um projeto muito grande. O primeiro com nome forte que veio foi o Conca e abriu caminho para outros. Isso também fez com que eles contratem jogadores.

Outras alternativas no mercado

Apareceram coisas da Europa e de clubes brasileiros. É claro que não vou citar nomes. Quando viram minha situação no Tottenham, foram procurar meu empresário. Pedi que ele recebesse as propostas. Aí sentaria com minha família.

Plano de carreira

Aqui não vai ser diferente das outras equipes nas quais joguei. No Corinthians, quase cumpri meu contato. Só que o título da Copa das Confederações tornou as coisas muito bem encaminhadas para sair do Brasil. Saí do Corinthians com contrato e o dever cumprido. Foi bom para o clube e para mim também. Meu plano, que tenho hoje na cabeça, é que planejo cumprir os quatro anos de contrato.

Retorno ao Timão nos planos

É difícil acompanhar (os jogos do Corinthians), assistir ao vivo, mesmo pela internet. Tem o fuso. Os jogos no Brasil às 22h de quarta passam às 10h de quinta aqui. Os de sábado e domingo passam às 4h da manhã. O que tenho para falar, o corintiano sabe disso, é que o clube vai ficar na minha vida para sempre. Sei que me acompanham e alguns seguirão para o resto da carreira, assim como eu farei o mesmo com o Corinthians. Espero que um dia, não sei em quantos anos, eu possa voltar ao Corinthians. Não sei se vou ter aquele gás todo, mas seria uma prazer. Não posso dizer o tempo, cara, porque é muito difícil no futebol. Espero que um dia, se o Corinthians ver essa necessidade. Ele me deu tudo.

Balanços dos dois anos em Londres

Quando o jogador percebe que não vai ter oportunidades, deve procurar novos desafios. Surgiu a oferta do Guangzhou e percebi que não teria muitas oportunidades no Tottenham. Fiz a escolha

Paulinho

Eu não costumo olhar e comentar sobre o passado, a exceção foi o Corinthians, que me deu uma grande oportunidade. Não costumo falar muito do passado, porque as pessoas podem entender de outra forma. Tive os primeiros seis meses (no Tottenham) muito bons, estava confiante. Quando iniciei a segunda temporada, estava com uma certa confiança. Sem muitos treinos, conseguiu fazer um jogo muito bom, entrando no grupo da Europa League. Depois de um tempo, não tive muitas chances no elenco. Opção do treinador, que deve ser respeitada. Apareceu uma chance de sair em janeiro, mas achei melhor permanecer e terminar a temporada. Quando o jogador percebe que não vai ter oportunidades, deve procurar novos desafios. Surgiu a oferta do Guangzhou e percebi que não teria muitas oportunidades no Tottenham. Fiz a escolha.

Vida nova na China

Aqui tem o Elkeson, o Ricardo, o Alan e o Robinho. Conhecia o Robinho da Seleção e joguei contra o Elkeson no Botafogo. Tirei muitas informações com ele antes de vir. Acho que isso é importante. A adaptação está sendo boa e rápida. Nos primeiros dias, a cabeça fica ruim por conta do fuso, mas depois melhorou. O clube oferece uma estrutura muito grande. Tem muitos tradutores no clube, vários brasileiros, até na comissão técnica.


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