Lojas da Poderoso Timão declararam guerra ao Corinthians


O Corinthians decidiu dar início a um processo de auditoria para investigar a administração da rede de lojas Poderoso Timão. Utilizando uma cláusula do contrato, que abre a possibilidade do procedimento, o clube já deu o aval para a empresa KPMG começar a levantar todos os números da SPR, quem cuida das franquias.

A decisão foi tomada em meio a uma situação conflituosa: diversas lojas alegam bancarrota de estabelecimentos, quebras contratuais e fraudes por parte do clube e da SPR, ameaçando entrar na Justiça para resolver seus problemas.

Ao mesmo tempo, no entanto, no Parque São Jorge, a situação também é de insatisfação com a administradora, independentemente das franquias.

A diretoria alvinegra entende que não tem culpa do que está acontecendo em relação às lojas, em primeiro lugar, e, depois, entende também que não está contente com os números que tem recebido dos resultados da rede.

Por trás desses argumentos, há ainda uma situação política complicada.

A SPR conta em seu quadro com ex-dirigentes do Corinthians, como Caio Campos e Alex Watanabe, que trabalharam no Marketing da gestão de Mario Gobbi. Os dois sempre foram muito próximos de Luis Paulo Rosenberg, ex-vice presidente, desafeto de Roberto de Andrade, atual presidente, que já se posicionou diversas vezes no sentido de romper com a empresa e dar início a uma nova parceria.

"Dentro do contrato de licenciamento, há uma clausula que prevê que possa ser feita uma verificação. Para ver os números e outras coisas. Estamos fazendo isso. Não sei das outras vezes. Estamos fazendo isso, é isso que eu sei. Anteriormente eu não sei. A gente quer saber se os números são confiáveis, se eles estão corretos. Você deve ter visto, que há uma insatisfação dos franqueados e vamos checar", disse Emerson Piovesan, diretor financeiro do Corinthians, em contato com a reportagem.

"Não há clima de guerra. Existe é um clima não amistoso entre SPR e franqueados. Mas Corinthians e SPR, não. É um processo normal. Estamos cumprindo o contrato", completou.

O dirigente negou que as questões políticas estejam interferindo de alguma forma na relação.

"Eu não tenho problema nenhum. O Roberto também nunca me passou nada disso. Nós precisamos de receita e por isso estamos fazendo isso. Se tem coisa por trás, eu não sei e não estou me preocupando. Como a gente revisou todos os contratos, a gente tem que ver todos eles", explicou.

Além do financeiro, o departamento de Marketing também está envolvido nas discussões.

"Assumimos o departamento de marketing em fevereiro com uma única missão: gerar receita para o clube. É claro que a rede Poderoso Timão é um pilar importante nesse aspecto. Não conhecemos todo o histórico de descontentamento dos franqueados, justamente pelo pouco tempo em que estamos, mas sabemos que já existe há algum tempo", disse Gustavo Herbetta, superintendente corintiano.

"O que podemos dizer é que estamos acompanhando o caso de perto, tomando as medidas que cabem ao Corinthians e, mais do que isso, pensando e discutindo ações que possam melhorar a operação comercial, gerando mais receitas para o clube, e consequentemente para todos os envolvidos, já que esse é o objetivo primordial e mútuo do acordo", completou.

Procurado, Caio Campos, agora na SPR, falou sobre o assunto.

"Eu acho super natural a auditoria ser feita. Não foi feito isso antes por uma questão burocrática. Quem começou o processo de auditoria dentro do Corinthians fui eu, fazendo com que a KPMG fizesse uma visitasse a SPR para auditar os números. Essa solicitação, inclusive, foi determinada pelo Luis Paulo Rosenberg, na época que ele estava no clube. Acho normal e natural. Não só para a SPR, mas para qualquer licenciado", explicou o executivo.

"Quanto mais transparente for a relação entre os clubes e a SPR, melhor", finalizou.

De acordo com a diretoria, a conclusão da auditoria pode sair nos próximos 15 dias se houver colaboração da SPR.

No final do ano passado, o Corinthians, ainda na gestão Mario Gobbi, por vontade própria, procurou a empresa para renovar o contrato, que estava chegando ao fim. A iniciativa aconteceu principalmente porque o novo acordo daria uma antecipação de receita, o que o alvinegro buscava desesperadamente.

Durante quase todo o período do mandato anterior, não houve questionamentos sobre a parceria com a SPR.