O título invicto da Copa Libertadores da América 2012 conquistado pelo Corinthians, o primeiro na história do clube do Parque São Jorge, completa três anos neste sábado (04). Todo torcedor do Timão tem alguma história com algum dos dois jogos da final contra o Boca Juniors (ARG). Quem conta uma delas é Marcelo Occhialini Godoy, que por pouco não assistiu à primeira partida da decisão, realizada no estádio La Bombonera, em Buenos Aires (ARG).

Marcelo acompanha o Timão nos estádios desde 1988 e se diz pé-quente. “De 1988 a 2003, eu fui a mais de 700 jogos em estádio. Conheci a maioria dos estádios do Brasil e vários da América do Sul acompanhando o Corinthians. De 1988 até hoje, nunca perdi uma disputa de título”, contou Marcelo, que em 2003 teve um acontecimento desagradável que o afastou um pouco dos estádios.

“Até 2003 eu vivia em São Paulo. Porém, sofri um assalto que mexeu muito comigo. Em um dos jogos que fui acompanhar, o Corinthians jogou em Florianópolis, contra o Figueirense. Vim assistir e tive a ideia de vir morar para cá”, explicou.

Já estabilizado em Florianópolis, o torcedor continuou indo ao estádio, mesmo com uma frequência menor do que antigamente. Em 2012, o Corinthians dava um importante passo na centenária história e garantia uma vaga na final da Libertadores, contra o Boca Juniors. Marcelo não pensou duas vezes e garantiu ingresso para o primeiro jogo.

Chegou o dia 27 de junho de 2012. O voo do Marcelo estava programado para as 3h30 da madrugada do dia 27 com destino a Buenos Aires. Mas um imprevisto aconteceu na hora do check-in do torcedor. “Deixei meu carro no estacionamento do aeroporto e fui fazer o check-in. Na hora em que eu cheguei ao balcão, a atendente olhou para mim e disse: ‘O senhor não tem outro documento? Porque esse já tem mais de 10 anos’. Pensei que fosse brincadeira e não era. Como meu passaporte estava vencido, não tinha outro para poder embarcar, apenas o RG. Fiquei em choque”, relembrou Marcelo.

Desesperado, o torcedor começou a pensar em alternativas para solucionar o problema. Neste momento, uma ideia veio à mente: ir ao Poupatempo, em São Paulo. Assim, Marcelo ligou para sua esposa Roberta Reis Godoy e pediu para ela comprar uma passagem via internet com destino à capital paulistana. Às 7h30, o torcedor embarcou a caminho de São Paulo.

Assim que chegou, Marcelo foi ligando a todos Poupatempos da região de Guarulhos, onde desembarcou, e nenhum fazia RG na hora. A tensão do torcedor só aumentava, mas o torcedor teve outra ideia. Na Luz, havia um que poderia fazer o documento de imediato, por ser um dos maiores de São Paulo. E lá foi o corinthiano em mais uma aventura, tudo isso no dia da primeira partida da decisão entre Corinthians e Boca Juniors.

Ansioso e apreensivo, Marcelo chegou ao Poupatempo da Luz. Vestido de Corinthians, o torcedor chamou a atenção do segurança, que brincou: “Veio retirar RG para ir ao jogo na Argentina?”. Xeque-mate. O rapaz disse que era difícil tirar o documento, mas pediu ao corinthiano que fosse falar com uma mulher em específico.

“Peguei a senha e fiquei esperando. Quando sentei na frente da mulher, me desabei a chorar e contei a história que eu vivia naquele momento. Após isso, ela levantou, entrou em uma sala e logo após voltou com um rapaz. Nessa hora, eles me olharam e disseram que abririam uma exceção e fariam meu RG na hora. Por volta das 12h, ficou pronto e fui voando de táxi ao aeroporto, já que meu voo para Buenos Aires saía às 15h30. Combinei com meus amigos para deixarem meu ingresso na portaria do hotel e esperei o horário do embarque”, disse.

Com os problemas resolvidos, Marcelo chegou a Buenos Aires e foi direto ao hotel buscar o ingresso dele. Por volta das 21h, o corinthiano já estava dentro de La Bombonera e pronto para finalmente participar de mais um capítulo importante da história alvinegra.