A vantagem era razoável, já que o Corinthians havia batido o Vasco da Gama por 1 a 0 na partida de ida das semifinais da Copa do Brasil de 1995. Com um gol de Marcelinho e o triunfo do Maracanã na bagagem, a Fiel sabia que faltava um pequeno passo para que, na primeira vez na história, um time paulista chegasse à decisão da competição nacional. Não por acaso, 43.942 pessoas pagaram ingresso para lotar o Pacaembu que, ainda segundo relatos da Polícia Militar, teve 10 mil alvinegros no lado externo sem ingressos. Um verdadeiro bando de loucos para empurrar a equipe comandada pelo treinador Eduardo Amorim.

Uma das estrelas daquela equipe, o centroavante Viola vivia uma noite especial. Com 99 gols marcados com a camisa alvinegra até então, o camisa 9 entrou com uma chuteira dourada – e trocou pouco depois por não se sentir confortável. Irreverente, mestre das coreografias, o autor de tantos gols importantes na história do Corinthians queria, definitivamente, marcar o nome na história do clube do Parque São Jorge.

A pressão corinthiana foi brutal desde o início da partida. Com um meio de campo envolvente comandado por Marcelinho e Souza, Fabinho e Viola davam muito trabalho para a defesa cruzmaltina. Sem encontrar espaços e precisando da vitória no Pacaembu lotado, a equipe carioca foi empurrada para o campo de defesa. Sem reação, viu um passeio do Corinthians.

Apesar do amplo domínio, o Timão só foi chegar ao primeiro gol aos 24 minutos da primeira etapa através de um erro do adversário. Marcelinho, de fora da área, bateu forte. A bola que sequer chegaria ao gol foi desviada pelo zagueiro Ricardo Rocha, que marcou contra e abriu a contagem. A vantagem aumentou, e o 1 a 0 a favor deixou o Corinthians ainda mais leve em campo.

Não demorou muito para a equipe encontrar espaços e ampliar o placar. Aos 32 minutos, Souza fez grande jogada ao se livrar de três marcadores. De perna esquerda, serviu Viola dentro da área. O centroavante dominou e de canhota fez o segundo gol. Diferente das demais comemorações, o atacante saiu com cara fechada para abraçar os companheiros no banco de reservas. Era o centésimo gol dele com a camisa do Timão. Acostumado a batizar os feitos, o atacante deu nome ao gol 100. “É o gol de ouro, vamos chamar assim”, disse, feliz.

O segundo tempo seria ainda mais eletrizante. Aos 18 minutos, Fabinho desperdiçou grande chance em defesa de Carlos Germano. Mas três minutos depois, em boa trama do ponta-direita com Marcelinho, a bola sobrou para Souza marcar o terceiro.

Com o placar elástico, a equipe passou a tocar a bola com consciência e administrar o resultado. Mas com Marcelinho e Viola dentro de campo, sempre havia espaço para mais.

Aos 42 minutos, Marcelinho bateu escanteio de três dedos, cheio de efeito. Embaixo da trave, Viola testou e fez o segundo dele, o quarto do Corinthians.

Dois minutos depois, o lateral Cássio bobeou e perdeu a bola para Marcelinho. O “Pé de Anjo” serviu Viola. Mais uma vez, o atacante deslocou Carlos Germano com a perna esquerda e fez o terceiro dele e o quinto do Timão no jogo, fechando a conta.

Classificado para a decisão da Copa do Brasil de 1995, o elenco do Corinthians esbanjava otimismo. Foi assim que Marcelinho deixou o campo e cravou nas entrevistas. “Temos de fazer o primeiro gol (contra o Grêmio), que está de bom tamanho, pois lá vamos resolver”, profetizou.