“Avião não é nossa praia. Seguimos à risca o lema Corinthiano, maloqueiro e sofredor”. Assim, Jorge Paulo de Almeida Oliveira descreveu a rotina de viagens para acompanhar o Timão. Para assistir o Alvinegro em Manaus-AM, Pila, como é conhecido, fez mais uma dessas loucuras, em abril de 2014, quando encarou mais de oito dias de viagem para ir à Arena da Amazônia, na partida diante do Nacional-AM, na Copa do Brasil do ano passado.
“Eu e meus amigos sonhávamos com um jogo em Manaus, para fazer essa viagem via terrestre e de barco. E quando é para acontecer, não tem jeito, pois 10 dias antes de o Corinthians jogar lá, jogou em Uberlândia que fazia parte do caminho para chegar a Manaus”, contou o torcedor.
Para ir até o Amazonas, Pila saiu de Uberlândia-MG e teve de ir até Belém-PA de ônibus, em viagem que duraria cerca de 50 horas, para de lá embarcar no navio que o levaria até o destino final. “Quando passei o itinerário para meus amigos, percebi que eles ficaram meio ressabiados com o trajeto, mesmo sendo o mais viável para quem não quer ir de avião. Então, acabei indo sozinho”, explicou.
Após o empate em 0 a 0 com o Atlético-MG em Uberlândia, pelo Campeonato Brasileiro 2014, o torcedor saiu em direção à rodoviária em uma carona com três amigos. “Eles me deram o maior incentivo nessa saga”, relembrou. Mas antes do embarque, passou por um susto. “Prestes a embarcar no ônibus, ouvi do motorista uma conversa que me deixou apavorado. Cerca de uma semana antes, ele e todos os passageiros tinham sido roubados neste trecho. Mas eu fui né? Quem está na chuva é para se molhar.”
Após as 50 horas viajando de ônibus, Pila chegou à Belém e foi direto comprar a passagem para Manaus. Lá, descobriu que teria mais problemas. “Como marinheiro de primeira viagem, não sabia que eu teria de ter a minha própria rede para dormir no navio. Tive de comprar uma rede no porto mesmo”, falou.
Era o sonho se realizando. Pila estava dentro do navio que o levaria para Manaus, onde faria o que mais gosta: acompanhar o Corinthians. “Os primeiros três dias foram emocionantes, pois até então, era uma novidade para mim. Só no quarto dia que foi caindo a ficha (risos). Cheguei a perguntar para mim mesmo: o que estou fazendo aqui? (risos).”
Brincadeiras à parte, o torcedor descreveu a viagem como uma experiência de vida. “Vi um outro mundo que eu não conhecia. Os povos ribeirinhos, comunidades, igrejas e comércios instalados no Rio Amazonas. Há uma cidade dentro do Rio. As crianças ficam contentes quando esses barcos enormes passam, pois as pessoas que estão neles jogam alimentos e dinheiro, dando um pouco de esperança para quem vive com poucos recursos”, disse.
Durante a viagem, assistiu pela televisão a vitória por 2 a 0 do Timão sobre o Flamengo ,na última partida como mandante no Pacaembu. “Já no fim da viagem, as àguas dos rios Negro e Solimões, vi o porto de Manaus. Comemorei como um gol do Corinthians.”.
A saga de Pila terminou na Arena da Amazônia, no dia 30 de abril, em mais uma vitória do Alvinegro, dessa vez por 3 a 0, diante do Nacional-AM.