Dois grandes ídolos da história alvinegra juntos em campo. Um dos personagens mais controversos do futebol brasileiro vestindo a camisa do Timão. A partida entre Corinthians e Guarani, disputada em 23 de março de 1997, não valeu título, mas rende grandes fatos históricos na centenária existência do Corinthians. Um baú de memórias curiosas, além de um massacre dentro de campo.

O Corinthians acumulava duas derrotas (Portuguesa, pelo Paulistão, e Juventude-RS, pela Copa do Brasil). Nelsinho Baptista, treinador da equipe, pedia reação dos atletas para segurar a ponta da chave (era ameaçado pelo São Paulo) e ter dias mais tranquilos no Parque São Jorge. O que se viu naquele domingo no Morumbi foi um rolo compressor alvinegro que, sem dó, massacrou o adversário campineiro.

Em menos de dez minutos, o Timão já tinha a vantagem parcial. Aos 8 minutos, em bola alçada para a área, Túlio Maravilha tentou, mas quem conseguiu concluir no rebote foi o zagueiro Henrique (292 jogos e 17 gols pelo Corinthians): 1 a 0. Nervoso, o Guarani, pressionado pelo resultado, ainda conseguiu empatar aos 14 minutos com Nenê, que bateu forte após passe de Gallo. 1 a 1.

Os 8.909 pagantes ameaçaram vaiar a equipe, mas, como de costume, a Fiel Torcida empurrou a equipe. Em falta perigosa, Marcelinho fez o segundo do Timão aos 21 minutos. Souza, que recebeu a infração que resultou no segundo gol, deu linda assistência para Túlio Maravilha aos 28. O camisa 12 driblou o goleiro e fez o terceiro gol alvinegro.

Túlio usava a camisa de número 12 em alusão aos dias sem juros no cheque especial do então parceiro corinthiano, o extinto banco Excel-Econômico. Ainda naquela partida marcaria mais um gol, logo aos 3 minutos da segunda etapa após receber a bola de Mirandinha. 4 a 1. Foi o décimo gol do atacante que assumiu a artilharia da competição.

Com larga vantagem, o Corinthians tocava a bola, chamava a equipe de Campinas e aproveitava os contra-ataques. Mais uma vez, Souza brilhou em assistência, e Mirandinha, aos 17 minutos, fez o quinto.

Nelsinho Baptista aproveitou o resultado elástico e promoveu substituições na equipe. Cris, zagueiro, entrou no lugar do lateral Rodrigo. E Souza, após se destacar na partida, deu lugar ao “Xodó da Fiel”, o meia Neto.

O Guarani ainda conseguiria o segundo gol, aos 23 minutos. Gallo cobrou falta com perfeição, sem chances para o goleiro Ronaldo. Mas quando o assunto é faltas, Neto sempre demonstrou maestria. O camisa 17 mandou a bola na área e André Luiz, de cabeça, fez o sexto.

Um minuto mais tarde, Mirandinha marcou mais uma vez e fez o sétimo gol do Timão. Em cobrança de pênalti, aos 40 minutos, Marcelinho fechou a conta anotando o oitavo gol alvinegro.

Aquele 23 de março no Morumbi reuniu grandes personagens, teve arbitragem estrangeira (Oscar Ruiz, da Colômbia), prática da Federação Paulista de Futebol à época, e marcou a história pelo resultado, pela arrancada, e principalmente por ter sido mais um grande domingo de Corinthians.

Campeonato Paulista de 1997
Corinthians 8x2 Guarani
Estádio Cícero Pompeu de Toledo, Morumbi – SP

Árbitro: Oscar Ruiz (COL)
Renda: R$ 77.037,00
Público: 8.909 pagantes

Corinthians: Ronaldo; Rodrigo (Cris), Célio Silva, Henrique e André Luiz; Gilmar, Fábio Augusto, Souza (Neto) e Marcelinho; Mirandinha e Túlio Maravilha. Técnico: Nelsinho Baptista.

Guarani: Hiran; Luciano, Leonardo, Róbinson e Nenê; Élson, Gallo, Carlinhos e Iranir; Fabinho e Aílton. Técnico: Geninho.