Com uma longa passagem pelo futebol alemão, Paolo Guerrero ainda tinha a expectativa de retornar à Europa. Aos 31 anos e disposto a lucrar com um dos últimos contratos de sua carreira – pedia R$ 18 milhões só como prêmio por permanecer no Corinthians –, o centroavante peruano precisou deixar o projeto de vida de lado. E até descumpriu a sua palavra ao se transferir para o Flamengo.

Foi em uma entrevista concedida com exclusividade para a Gazeta Esportiva, em fevereiro de 2013, que Paolo Guerrero prometeu pela primeira vez jamais defender outro clube brasileiro. Na época, o jogador ainda desfrutava da empolgação com os gols que marcou no Mundial de Clubes, conquistado dois meses antes, e chegou até a entoar “aqui tem um bando de loucos”.

“Não! No Brasil, só quero jogar no Corinthians. Só no Corinthians!”, bradou Guerrero, quando questionado se atuaria por um compatriota corintiano. Já naquele tempo, no entanto, o peruano era reticente em relação ao seu destino profissional: “Tenho três anos de contrato, e... Não sei o que vai acontecer. Gosto de jogar pelo Corinthians, tenho orgulho disso, mas não sei sobre o meu futuro”.


Guerrero dizia não saber sobre o seu futuro até o domingo passado, quando perdeu um gol sem goleiro no empate por 0 a 0 com o Fluminense, em sua melancólica última partida pelo Corinthians. No caminho para o vestiário do Maracanã, onde passará a atuar com frequência, ele mudou o discurso que tanto propagou nos últimos anos. Prometeu não acertar com um rival corintiano em São Paulo, e não mais com outro time do Brasil.

A transferência para o Flamengo, oficialmente confirmada nesta sexta-feira, causou revolta em muitos corintianos que antes idolatravam Paolo Guerrero. Como flamenguista, ele poderá reencontrar a torcida alvinegra em Itaquera em 25 de outubro, pela 32ª rodada do Campeonato Brasileiro. Em 12 de julho, após a Copa América, o Corinthians irá ao Rio de Janeiro para enfrentar a nova equipe do peruano pelo primeiro turno da competição.

Guerrero terá três anos de contrato para conquistar a torcida do Flamengo como fez com a do Corinthians. O centroavante ainda fala, há bastante tempo, em defender o Alianza Lima antes de se aposentar. O clube peruano que o revelou, do qual ele se diz torcedor, não tem condições de satisfazer os atuais desejos econômicos do ex-corintiano – agora com dois times brasileiros no currículo.