Os jogadores do Corinthians já estão prevenidos para perder a principal referência da equipe. Em vias de disputar a Copa América pelo Peru, o centroavante Paolo Guerrero depende de um acordo financeiro para renovar o seu contrato com o clube, válido até 15 de julho.
“Antes disso, haverá a Copa América, então inevitavelmente perderemos o Guerrero, com ele prorrogando ou não o contrato. Mas temos outros jogadores confiáveis, como o Vagner Love, que é experiente e possui totais condições de suprir essa necessidade”, confiou o goleiro Cássio.
Love foi contratado justamente para ser o substituto imediato de Guerrero, porém não aproveitou as oportunidades que recebeu e já enfrenta resistência de boa parte da torcida. O técnico Tite também deu mostra de insatisfação – o centroavante revelado pelo Palmeiras foi preterido pelo paraguaio Ángel Romero no banco de reservas do Corinthians na derrota por 1 a 0 para o Guaraní.
Para piorar a situação, o time já está desfalcado de Malcom, que havia ganhado um lugar entre os titulares na partida derradeira da Copa Libertadores da América e foi convocado de última hora para defender a Seleção Brasileira no Mundial sub-20. Já Emerson, com contrato até 31 de julho, não encanta os dirigentes como Guerrero e dificilmente permanecerá no Corinthians.
O Sheik está com a idade avançada (36 anos), possui histórico de confusões e coleciona ausências em jogos decisivos em 2015 (não estava em campo nas eliminações diante de Palmeiras e Guaraní). O principal empecilho para a prorrogação, contudo, é financeiro. O Corinthians tem um estádio bilionário para quitar, acumulou mais de R$ 313 milhões de dívidas até o ano passado e ainda deve direitos de imagem a boa parte do elenco.
Guerrero, por exemplo, só quer negociar um novo compromisso depois que o clube tiver recursos para pagar os vencimentos atrasados. A indefinição angustia não apenas o peruano. “Ele é uma referência do clube há um bom tempo e passou a ser respeitado pelos zagueiros adversários por tudo o que joga e representa. Mas cabe à diretoria ver o que vai acontecer, quais são as condições”, disse Cássio, torcendo para não perder o amigo com quem dividiu as glórias do Mundial de Clubes de 2012.
Quem conhece Guerrero há menos tempo seguiu o mesmo discurso. “Muitos jogadores já construíram uma história bonita aqui e tomara que possam ampliá-la. O Guerrero tem qualidade e é um ídolo da torcida, então será complicado se sair. Se for para um grande rival, pior ainda”, comentou o zagueiro Edu Dracena.
Vagner Love está em baixa, mas aparece como substituto natural do ídolo peruano do Corinthians
A possibilidade cogitada pelo defensor vindo do Santos foi tratada com desdém pelo ex-presidente Andrés Sanchez, ainda homem forte da diretoria corintiana. “Que vá para o Palmeiras”, disse ele, em participação no programa Mesa Redonda, da TV Gazeta.
A reação de Sanchez se deve aos problemas econômicos do Corinthians, que viu Guerrero pedir R$ 18 milhões apenas como prêmio pela prorrogação contratual. “Se tivesse dinheiro, eu pagaria, com o maior prazer”, palpitou Edu Dracena, para quem a preparação para a perda do artilheiro será árdua.
“Não há jogadores à altura dele no mercado. Mas ninguém coloca faca no pescoço, forçando alguém a pagar alguma coisa. Estamos enfrentando uma crise econômica que respinga em todos os setores.”