É díficil contestar com argumentos convincentes que o Corinthians foi eliminado porque não teve o foco necessário e suficiente contra o Guarany. Mas o que há de errado ou anormal nisso? Haveria se o time fizesse corpo mole ou perdesse de propósito. Mas é do ser humano, em alguns momentos, relaxar um pouco, especialmente após grandes feitos. O Corinthians da primeira fase, quando estava plenamente consciente de integrar um grupo da morte, contra o rival São Paulo, o atual campeão San Lorenzo, e um outsider de um país com tradição de bola, definitivamente não foi o mesmo Corinthians que jogou diante de um time que chegaria em 14º no Brasileiro, se não fosse rebaixado.

Foi uma eliminação inteiramente diferente da eliminação no Paulista. Ali foi clássico, foi parelho, foi no detalhe do pênalti. Como foi diferente de 2010, quando o Timão fez a melhor campanha e pegou o de pior, nas oitavas... o Flamengo. Ali o Corinthians perdeu para outro gigante, mas morreu lutando. Contra o Guarany, não preciso nem citar novamente as palavras do diretor corintiano que deixou claro que o time queria esse adversário nas oitavas. O gol de falta que Cássio levou é de alguém que não está 100% atento, ou que já pensa no que vai fazer quando pegar a bola - mas é preciso, primeiro, pegá-la.

Ah, mas houve os campeonatos "x" e "y" que um grande enfrentou um pequeno e venceu. Claro que houve, futebol não é ciência exata. É humano também alguns grupos conseguirem manter o foco durante toda a competição. Por isso que disputamos os mesmo campeonatos todo ano, porque a cada ano será diferente.

Perder o foco é humano assim como é humano negar esse "erro", negar que não houve foco, com medo de que admitir essa humanidade seja um desrespeito ao Guarany. Não é. Eu sei, você sabe, e o Guarany sabe que mesmo os eliminados na Libertadores, São Paulo e Atlético-MG por exemplo, vão jogar contra o time paraguaio dez vezes e vão ganhar oito.

Se o Corinthians é humano, claríssimo que está que os paraguaios também são, e muito, humanos. E por isso jogaram a vida nesse duelo. Era a chance de brilhar para todo o continente, de entrar para a história ao bater um gigante do vizinho gigante, a oportunidade, quiçá única, para cada jogador de ter uma bela história para contar aos netos daqui a alguns anos.

O Corinthians, por maior que seja, não é obrigado a ganhar sempre - se alguém ganhasse sempre o esporte simplesmente morreria à míngua por inutilidade. Podem Tite e seus blue caps negar, mas o time foi eliminado porque não se concentrou como poderia, porque deu uma relaxada ao sair como o grande vencedor do grupo da morte, porque pegou um adversário que não acreditava ser capaz de lhe fazer frente.

Errou. E, como qualquer recém-nascido sabe, errar é humano...