O Corinthians não pode mais reclamar de cansaço, após mais de dez dias de preparação para as oitavas de final da Copa Libertadores da América. Nem lamentar a ausência do centroavante peruano Paolo Guerrero, seu principal jogador, que se recuperou de dengue e enfrentou o Guaraní na noite de quarta-feira. Nada adiantou para evitar uma segunda consecutiva por 2 a 0 – o time perdeu para o São Paulo pelo mesmo placar – no Defensores del Chaco.

Sem tentar justificar o que ocorreu no jogo de ida das oitavas de final da Copa Libertadores da América, o técnico Tite reconheceu que o momento é preocupante. “Estamos vivendo a fase mais complicada no ano. Só tínhamos perdido uma vez antes. Precisamos retomar um padrão.

Às vezes, você perde confiança”, constatou. Curiosamente, o goleiro Cássio culpou o “excesso de confiança” por falhar feio no primeiro gol marcado pelo Guaraní.

O próprio Tite pareceu abalado. Concedeu uma entrevista coletiva bastante rápida depois da derrota no Paraguai. Durante o jogo, passou longos minutos em silêncio, segurando o queixo, e demonstrou indecisão. Pretendia colocar o novato Malcom em campo, porém decidiu adiar a saída de Luciano (que havia se lesionado no primeiro tempo e jogava mal, como o resto do time) após o Guaraní abrir o placar.

Quando foi substiruído, o atacante deu lugar ao meia Danilo. Mais tarde, o técnico trocou um volante (Ralf) por outro (Bruno Henrique) e Jadson por Malcom.

“O gol acabou determinando uma mudança. Eu colocaria o Love um pouquinho antes do Malcom, mas segurei o Luciano. As modificações foram para buscar efetividade, bolas aéreas”, explicou Tite, após algumas divagações, como costuma fazer.

O que mudou no discurso do técnico do Corinthians foi o conteúdo. Mesmo (e principalmente) após a derrota para o São Paulo e a eliminação no Campeonato Paulista, diante do Palmeiras, Tite enaltecia orgulhosamente a longa invencibilidade acumulada na temporada e os exagerados elogios que recebeu. Para ele, as expulsões dos atacantes Emerson e Stiven Mendoza foram determinantes no tropeço do Morumbi e a sua equipe havia jogado melhor durante parte considerável da semifinal estadual.

Com o período que ganhou para recuperar seus jogadores desde aquele fracasso, Tite tinha otimismo em rever uma boa atuação contra o Guaraní. Acabou frustrado. “A equipe não retomou o padrão dela. Esteve abaixo. Não foi como imaginávamos”, admitiu o treinador, sem justificativas, mas tentando resgatar a confiança de outros tempos. Afinal, o jogo de volta em Itaquera será já na próxima quarta-feira. “Temos totais condições de reverter ou, no mínimo, de igualar o resultado.”