Quando chegou ao Cerro Porteño ao lado do irmão gêmeo Óscar, em 2008, com apenas 15 anos, Ángel Romero era tratado como uma das maiores promessas do futebol paraguaio na década. Aos poucos, sempre ao lado do irmão, as expectativas foram se confirmando.
Hoje, porém, o artilheiro de todas as categorias de base do clube paraguaio está encostado no Corinthians, clube que o contratou por cerca de R$ 7 milhões e lhe ofereceu um contrato até a metade de 2019.

Romero participou de apenas quatro partidas nesta temporada, todas com a equipe reserva, e não fez gols. Nos duelos da Libertadores é a última opção de Tite no elenco e sequer vai para o banco. Está abaixo de Guerrero, Emerson, Vagner Love, Mendoza, Luciano e Malcom. Situação que causa estranheza em quem o conhece bem.

Hernán Acuña, de 54 anos, foi quem recebeu os irmãos Romero em uma tarde de peneira no Cerro. Não demorou 30 minutos para que reconhecesse o talento dos garotos e fizesse o clube preparar um contrato para eles jogarem nas categorias de base do "Ciclón". Hoje, ele é técnico da equipe B do Cerro Porteño.

Por isso, Acuña é um dos paraguaios mais decepcionados por não poder ver o pupilo em ação nesta quarta-feira, quando o Timão enfrenta o Guaraní, do Paraguai, às 19h45 (de Brasília), pelas oitavas de final da Taça Libertadores. É o primeiro jogo do Corinthians no país desde que Ángel Romero foi contratado, na metade do ano passado.

– Na realidade, para mim, há uma verdade. Em um plantel com sete atacantes, Ángel nunca seria a sétima opção. Em primeiro lugar, porque acho que ele tem um nível muito bom. Ainda não é comparável com os grandes atacantes da Europa, mas no nível do Brasil ele está muito bem. Há jogadores que marcam mais, mas em qualidade? Ele jamais seria a sétima alternativa – analisou Hernán Acuña.

Em breve conversa por telefone, o primeiro técnico de Romero contou um pouco da história dos gêmeos, revelou que Ángel está tranquilo e confiante mesmo com a reserva, e disse não entender a opção de Tite por não utilizar o paraguaio. Óscar, o gêmeo, joga hoje no Racing – ele quase foi contratado pelo Timão no início do ano.

Confira abaixo a íntegra da conversa:

GloboEsporte.com: Você é o primeiro técnico de Ángel. Como começou essa relação?

Hernán Acuña: Eles chegaram ao clube nas categorias de base, em 2008, integrando o plantel sub-16. Foram levados pelo ex-jogador Adolfino Cañete, que jogou na seleção paraguaia, e praticamente em 20, 30 minutos de peneira, eu fiz com que assinassem com o clube.

Ángel era suplente e mesmo assim o goleador da equipe. Em 2009, no sub-17, ele foi titular, sempre goleador, logo passou ao sub-20. Nos profissionais, confirmou seu talento.

Você tem conversado com ele? Qual a situação hoje?

Nas últimas vezes que falei com ele, estava muito tranquilo. Ele acredita que a oportunidade vai chegar, é só ele seguir trabalhando. O técnico é passageiro, enquanto ele tem um contrato longo com o Corinthians. Tem de ter paciência.


Ángel Romero durante treino do Corinthians no CT Joaquim Grava

O futuro dele na carreira está prejudicado?

No aspecto emocional, por mais que ele tenha toda a comodidade no clube, todos querem jogar. Creio que isto o esteja afetando, o fato de não estar participando da equipe principal. Afeta na convocação para a seleção paraguaia. Estou seguro de que uma de suas possibilidades é jogar na Europa, e se hoje ele não está jogando, vai ser muito difícil que ele tenha chances na seleção.

Conhecendo o Ángel, você acha que o fim do ciclo no Corinthians está próximo?

Não é uma situação cômoda, ele não tem continuidade. Conhecendo ele, sei que se tiver a oportunidade de sair do Corinthians, estando esse técnico, vai buscar outros ares e não perder tempo. Se não jogar, perde muitas oportunidades.

Entre o Ángel e o Óscar, quem é melhor?

Nas categorias de base, os dois mostraram muita qualidade. Chegarão a um nível ótimo. Acredito que logo o Ángel vai recuperar a titularidade, se não no Corinthians.