Estádio Rogelio Livieres é acanhado: apenas 8 mil pessoas "amontoadas
Funcionários trabalhando de chinelos, com uma cuia de mate gelado (chamado tereré, no Paraguai) sempre à mão. Estrutura precária, um estádio pequeno e tudo na base do improviso. Parece que no Guaraní, clube com 111 anos de vida, o tempo não passa. Tampouco parece que a equipe paraguaia está a um dia do jogo mais importante de sua história – não tão vasta no cenário sul-americano, mas riquíssima dentro do futebol paraguaio.
O adversário do Corinthians nesta quarta-feira, pelas oitavas de final da Taça Libertadores, tem bem menos poder financeiro do que os brasileiros. O Guaraní é um clube formador, que confia principalmente em seu técnico: o espanhol Fernando Jubero, que trabalhou no Barcelona como descobridor de talentos nas categorias de base.
Jubero e seus comandados tratam este como o jogo do ano.
Funcionários do clube, sempre que questionados, repetem que enfrentar o Corinthians será o maior desafio do “Aborígen”, apelido da equipe.
A cuia do tereré com as cores do clube
– Esses garotos estão dando o sangue em cada partida, deixando tudo em campo. Contra o Corinthians, terá de ser assim e um pouco mais. Será nosso jogo mais importante de todos – avisou Jubero, logo após a vitória sobre o Libertad, neste fim de semana, pelo campeonato nacional.
Dez vezes campeão nacional, o Guaraní já viveu, sim, dias melhores. Hoje, não pode sequer mandar o jogo das oitavas de final da Taça Libertadores em seu estádio, o Rogério Liveres, um campo bem acanhado, com capacidade para 8 mil pessoas – “isso se todo mundo se amontoar”, diz Tony, chefe de imprensa do clube.
O estádio não tem a capacidade mínima exigida pela Conmebol para o mata-mata da Libertadores. Por isso, o time vai enfrentar o Corinthians no Defensores del Chaco, principal palco do Paraguai. Melhor para o Timão, que vai evitar muitos problemas.
Fachada do estádio, que não poderia ser utilizado nesta quarta
No Rogério Liveres, a torcida fica praticamente de cara para os jogadores. A entrada dos vestiários é modesta, por uma simples porta – para os dois times. O gramado é fofo, pesado, ideal para um jogo muito truncado. Em volta do estádio, as ruas estreitas conferem ainda mais proximidade.
Por tudo isso, o clube lamentou o fato de não poder mandar o jogo em casa. No acanhado estádio, o Guaraní conseguiu pontos importantes para superar o Sporting Cristal, do Peru, e se classificar em segundo lugar no Grupo 8 da Libertadores – atrás do Racing.
Quarta força do Paraguai, abaixo de Cerro Porteño, Olimpia e Libertad, o Guaraní vai tentar ser a zebra contra um dos favoritos ao título. Chegar à semi, como aconteceu em 1966, já seria título.