Há três anos, Fernando Jubero chegou ao Paraguai como um desconhecido. Em 2015, porém, o técnico nascido em Barcelona é sinônimo de arrojo dentro de um futebol conhecido por ser aguerrido, físico e competitivo.
Aos 41 anos, ele está à frente do Club Guaraní, um dos mais antigos do país (fundado em 1911) e que vivia à sombra de Cerro Porteño, Libertad, Nacional e Olimpia. No entanto, desde que o treinador espanhol assumiu o Cacique, o patamar subiu. Assim como o número de gols do time aurinegro no campeonato nacional.
Em 2014 inteiro, o Guaraní marcou 105 gols nos 44 jogos da primeira divisão, algo nunca antes visto na história do futebol paraguaio. E o conceito é simples, vindo da raiz de Fernando Jubero: a posse de bola, a ofensividade, o estilo Barça.
Afinal, ele teve passagem como "espião" do Barcelona B e de outras equipes da base catalã antes de aceitar o convite do Guaraní para ser diretor esportivo em 2012 e, no ano seguinte, se tornar técnico do elenco principal.
Até agora, Jubero levou o Guaraní a dois vice-campeonatos paraguaios (2013 e 2014) e encerrou um jejum do clube de 18 anos sem avançar às oitavas da Libertadores.
Em entrevista exclusiva ao ESPN.com.br, porém, o catalão nega que tente implantar o famoso "tiki-taka" do Barcelona no tradicional clube paraguaio.
"Tiki-taka é um pouco demais para nós, é algo muito específico. O que nos gosta é ter a posse de bola. Tiki-taka é um sentido de jogo", afirmou.
Nas oitavas de final, o Guaraní terá pela frente o Corinthians, a quem ele considera favorito a ganhar a Libertadores. A ida acontece na próxima quarta-feira, em Assunção, e a volta será em 13 de maio no estádio alvinegro.
E o surpreendente Guaraní, tem chance diante do rival brasileiro? "Jogaremos com muita humildade, vamos brigar, temos a responsabilidade de ser o único paraguaio nas oitavas. Mas no campo vamos mostrar que futebol é futebol", garantiu o míster.
Leia abaixo a entrevista completa com Francisco Jubero
ESPN.com.br - Você chegou ao Guaraní em 2012. Como foi o convite e por que o aceitou?
Fernando Jubero - Cheguei em 2012 como diretor esportivo no clube. A ideia, minha função principal, era fazer um projeto para o clube formar jogadores da base para subir ao time principal. Em 2013, o técnico que tínhamos (Diego Alonso) recebeu uma oferta de outro clube, foi embora, e a diretoria me pediu para assumir de forma interina por quatro jogos, pois já estava no final do campeonato. A partir daí os bons resultados vieram, e surgiu a possibilidade de continuar como técnico.
Com sua chegada, a equipe se fixou como uma das mais perigosas do Paraguai. O que mudou para conseguir isso?
Sobretudo tentamos trabalhar com uma equipe ofensiva, que tivesse a posse de bola, com a maior fortaleza no jogo ofensivo. Conseguimos no ano passado 105 gols em 44 jogos, recorde histórico do futebol paraguaio. É um time que busca sempre o gol, e conseguimos esse objetivo. E temos uma continuidade do projeto, com jogadores jovens e outros de mais experiência, e temos um bom entendimento do elenco.
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Você tem inspiração no Barcelona para armar sua equipe? É um seguidor do tiki-taka?
Sempre tem coisas que tentamos incorporar, como as saídas de jogo. Mas aqui é um time paraguaio, com as características do futebol paraguaio, com muita fortaleza mental, agressivo. Tiki-taka é um pouco demais para nós, é algo muito específico. O que nos gosta é ter a posse de bola. Tiki-taka é um sentido de jogo.
Você ve seu time nas oitavas de final da Libertadores como uma surpresa?
Não conseguíamos chegar nas oitavas havia 18 anos, e na última participação na Copa o Guaraní não marcou nem um ponto. Era um objetivo.
O Corinthians é favorito para o confronto contra o Guaraní?
Sabemos que jogamos contra um grande rival, um favorito a ganhar a Libertadores, mas jogaremos com muita humildade, vamos brigar, temos a responsabilidade de ser o único paraguaio nas oitavas. Mas no campo vamos mostrar que futebol é futebol.
Depois de ficar fora da Copa de 2014, acredita que o Paraguai pode fazer uma boa Copa América?
Sim, está tentando garantir um novo trabalho. Agora está chegando um novo técnvo (Ramón Díaz, ex-River Plate), que está buscando soluções, e a ideia do Paraguai é sempre essa: formar time competitivo para fazer uma Copa América. Tem bons jogadores paraguaios e que podem ir bem.
Você tem um projeto de longo prazo com o Guaraní. Quais os objetivos para os próximos anos?
Primeiramente é consolidá-lo no torneio local, estamos sempre bem perto de conseguir um título. Vamos passo a passo, e depois pensamos no campo internacional. O clube disputou as últimas Libertadores, mas queremos ser mais presentes.
Em seu elenco está um dos principais nomes da Libertadores, Federico Santander. Ele é realmente o grande jogador de sua equipe?
Ele está passando por um momento muito bom, Santander é jovem, 23 anos, tem muitas condições: jogador potente, rápido, fez cinco gols na Libertadores. Está crescendo seu jogo.
Ele já recebeu ofertas para sair?
Sim, até agora tem algumas ofertas, mas nada concreto. Tento sempre focar o presente: Santander é um jogador do Guaraní, e seu futuro passa por ir bem com o Guaraní.