O árbitro Sandro Meira Ricci poderia ter dado amarelo a Emerson Sheik após o atacante calçar Rafael Tolói. Ao meu ver, a expulsão foi um exagero. Mas Sheik deu brecha. E, com 36 anos nas costas, protagonismo em títulos e milhares de polêmicas na bagagem, sabe que errou. Expulsão justa ou injusta, Sheik errou e não há discussão.

No Corinthians, os atletas são unidos e certamente ficarão do lado do camisa 11. Mas não é por isso que não vão repreendê-lo. Os líderes não se importam em, publicamente, falar que o jogador comete erros e que faz coisas que não poderia. Vide declarações de Renato Augusto e Elias:

“Ele é um cara muito decisivo, um jogador acima da média, acostumado com Libertadores. TEVE OS SEUS DESLIZES, mas é hora de trazê-lo de volta para o grupo. Não é para ficar crucificando ninguém. É hora de se fortalecer. Agora vamos ver a força do elenco. Na derrota que tem de ser assim. Na vitória, tudo é mais fácil”, disse Renato Augusto.

Elias também não teve dedos para dizer que Emerson Sheik deu margem.

“Eu não vi o lance, só soube através de vocês (jornalistas), da nossa equipe… É ter tranquilidade. Não se pode acusar ele, ele já nos deu bastante alegrias. ÀS VEZES, ERRA, DÁ MARGEM, DÁ OPORTUNIDADE PARA QUE A GENTE POSSA SER PREJUDICADO. Mas é ter tranquilidade. Chega no momento que não se pode errar. Temos de errar menos se quisermos ser campeões da Libertadores”

Por outro lado, o técnico Tite e o presidente Roberto de Andrade não quiseram admitir publicamente, em nenhum momento, que Sheik errou:

“Punição? Punição por quê? Ele estava trabalhando. Da saída do vestiário para o ônibus, vários já me perguntaram se vou punir o Sheik, mandar o Sheik embora, se não vou renovar com ele mais por causa disso, se vou fazer alguma coisa… Não tem nada para fazer. Foi um lance de jogo”, disse o presidente alvinegro.

“Eu tenho bastante tempo, bastante credibilidade com o torcedor corintiano, para dizer que ninguém passa a mão na cabeça de ninguém. Mas não vou externar coisas de dentro do vestiário. Não houve simulação dele no lance (contra a Ponte Preta). É minha interpretação. Esse outro fato, claro que nós não queremos ter jogadores expulsos, tal qual coloquei quando nós vencemos em outras ocasiões. Eu tenho suficiente bagagem para não externar meus problemas, mas disciplina eu prezo muito. A equipe comete erros, está aqui para retomar, corrigir, mas não vou expor de forma pública. Não vou colocar ‘Ah, perdemos por isso, por aquilo’… Não vou!”, afirmou o treinador do Timão.

Conclusão: o recado a Sheik está dado pelos atletas. E, internamente, não se sabe se o jogador será repreendido ou punido. Eu acredito que não.

Assim como na semifinal do Paulistão contra o Palmeiras, quando levou terceiro cartão amarelo, Sheik não vai jogar contra o Guaraní (PAR), pelo duelo de ida das oitavas de final da Libertadores, no Paraguai.