Cerro Porteño, Libertad, Nacional e Olimpia brilharam recentemente na Libertadores, com os dois últimos chegando às finais respectivamente em 2014 e 2013. No entanto, na atual edição do torneio, apenas um time paraguaio se garantiu nas oitavas de final: o centenário Club Guaraní, até de relativo sucesso na América do Sul nos anos 1960, mas que na última década se notabilizou por péssimas campanhas.


E o Cacique enfrentará no início da fase mata-mata o Corinthians, com o primeiro jogo em Assunção, no tradicional Defensores del Chaco, em 6 de maio, e a volta na arena em Itaquera, sete dias depois.

Mas, afinal, quem é esse Guaraní, que ficou à frente de Cerro (caiu na fase preliminar) e Libertad (não avançou em seu grupo) entre os clubes paraguaios?

Fundado em 1903, o Club Guaraní também é da capital do país vizinho ao Brasil. Foi dez vezes campeão nacional, nunca rebaixado à segunda divisão - feito que compartilha com Cerro Porteño e Olimpia - e participante 14 vezes da Libertadores, com a melhor campanha consistindo em uma semifinal na edição de 1966.


Guaraní celebra a vitória sobre o Racing

Seu estádio é o Rogelio Livieres, inaugurado em 1986 e com capacidade para 8 mil pessoas. Existe, porém, um projeto de ampliação para receber em suas arquibancadas até 22 mil espectadores.

Enquanto a modernização não acontece, o time aurinegro atuou no Defensores em suas três partidas do grupo 8 da Libertadores. Foi lá que, pela primeira vez em sua história, o Guaraní derrotou um clube argentino na competição, 2 a 0 sobre o Racing, também classificado. A segunda vaga na chave, por sinal, encerra um período de 18 anos sem avançar às oitavas.

O gerente esportivo Atílio Chávez, afirmou ao ESPN.com.br que o clube de Dos Bocas possui hoje 15 mil sócios e um orçamento anual para o futebol profissional de 5 milhões de dólares, R$ 15 milhões, ou R$ 1,25 milhão por mês. O Corinthians, por outro lado, tem folha salarial na casa dos R$ 8 milhões. Ou seja; o time paraguaio gasta com sua equipe apenas 16% do investido pelo brasileiro.



Federico Santander, o cara do Guaraní

E a arrecadação para o jogo em casa pela ida das oitavas é de encher os olhos, segundo o dirigente guarani: a estimativa é de conseguir 500 mil dólares (R$ 1,5 milhão) com a venda de ingressos, garantindo o pagamento de todo o futebol profissional por um mês.

Na moeda paraguaia, isso daria 2,4 bilhões de guaranis, um dinheiro altíssimo (o Olimpia, na final da Libertadores de 2013 contra o Galo, angariou 4,3 bilhões de guaranis).

A possibilidade de avançar às quartas, então, anima o clube histórico. E eles garantem ter o ingrediente especial para derrubar um dos favoritos ao título continental.

"Nós sabemos que vamos enfrentar uma grande equipe, mas os paraguaios são bravos por nossa essência, e a garra guarani vai brigar contra o Corinthians. Respeitamos as opiniões, mas com nossa simplicidade e valentia vamos lutar no campo", disse Atílio Chávez à reportagem.

Discurso parecido tem o técnico espanhol Fernando Jubero, à frente do Guaraní desde 2013. "Para mim, Corinthians e Boca Juniors são os favoritos, mas o lindo do futebol é que não é matemática, e temos que defender o nosso com a faca entre os dentes, e se querem passar por nós terão que deixar tudo. Tomara sejamos capazes de surpreender", afirmou à rádio 970 AM.

O elenco tem os experientes zagueiros Julio César Cáceres, ex-Atlético-MG, Boca Juniors e Olimpia, e Rubén Maldonado (atuou por oito anos no futebol italiano), os meias Marcelo Palau e Iván González (ambos com passagem pelo Atlético-PR) e o atacante Federico Santander, autor de cinco gols nesta Libertadores.