A epidemia de dengue no estado de São Paulo, que já chegou a mais de 167 mil casos e 122 mortes, segundo o jornal Folha de São Paulo, atingiu o futebol. Só nesta semana foram diagnosticados com a doença o atacante Guerrero, do Corinthians, o meia Léo Cittadini, do Santos, e o goleiro Aranha, do Palmeiras.
De acordo com as vistorias realizadas, nenhum deles foi picado pelo mosquito Aedes aegypti, que transmite a doença, nas dependências dos clubes. Porém, diante da gravidade da situação, as diretorias estão tomando diversas medidas para prevenir e combater a proliferação dos focos em seus centros de treinamento. Confira abaixo o que cada um dos grandes faz para evitar que doença atinja (ainda mais) seus funcionários e atletas.
A perda de Guerrero por conta da doença aumentou o alerta no Timão, embora ele não tenha sido picado no clube. Dois funcionários fazem uma varredura diária no CT Joaquim Grava, que tem um córrego e muito mato ao lado, a fim de eliminar possíveis focos. Locais que podem receber o acumulo de água parada, como vasos, estão sendo retirados ou monitorados.
Durante a semana, a Vigilância Sanitária realizou uma inspeção em todo o local e não foi encontrado nenhum foco de dengue. Os jogadores estão tomando cuidados pessoais, como contou o meia Renato Augusto.
- Tem que ficar ligado. É igual à marcação. Não se pode dar mole aqui no CT. Estou sempre de calça e boto um agasalho para não perder um momento tão importante como o que estamos vivendo. O medo existe - disse.
CT do Corinthians tem um córrego ao lado. Clube já recebeu inspeção da Vigilância Sanitária (Foto: Diego Ribeiro)
O Palmeiras tem uma empresa contratada para fazer a dedetização da Academia de Futebol. Por conta da epidemia, esse trabalhou passou a ser semanal. Uma fumaça inseticida é espalhada por todo o CT para eliminar qualquer possível foco e outros insetos.
Alguns cuidados são tomados diretamente com os jogadores. Quando o time foi jogar em Campinas e Itu, cidades com grande número de casos, o grupo todo passou repelente antes de entrar em campo. No dia a dia, a preocupação é com os copinhos jogados no chão pelos atletas após o consumo de água. O clube tenta acabar com isso e aumentou a fiscalização após os treinos, sempre retirando todos os que são deixados no gramado e outros pontos. Os jogadores foram instruídos a evitar tal ação.
Academia de Futebol recebe cuidados diários para evitar focos de dengue (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)
A cidade de Santos também sofre com a dengue, e o Peixe também toma várias medidas para evitá-la no CT Rei Pelé. Um funcionário faz uma varredura diária em todo o local. Ele joga sal grosso e cloro em todos os ralos do centro de treinamento. A combinação é feita para matar qualquer tipo de larva. A cada três dias são gastos cerca de sete quilos de sal grosso.
A preocupação com os copinhos de água usados pelos atletas também existe no Peixe. Por isso, a comissão técnica já orientou para que não sejam jogados no chão. Mesmo assim, após os treinos um funcionário fica de prontidão para limpar o gramado. O clube aumentou o número de cestos de lixo espalhados pelo Rei Pelé. Recentemente a Vigilância Sanitária fez uma vistoria e não encontrou nenhum foco. O técnico Marcelo Fernandes declarou que os atletas e comissão têm usado repelente no dia a dia.
CT Rei Pelé, em Santos, recebe cuidados diários por conta da dengue (Foto: Divulgação / Santos FC)
A diretoria do São Paulo também tem tomado providências para combater a dengue, inclusive porque o CT da Barra Funda fica ao lado de um córrego e de um terreno baldio. Uma empresa contratada faz a dedetização com frequência, principalmente quando o elenco está viajando, com gases inseticidas, entre outros produtos.
A manutenção do local também tem fiscalizado os pontos nos quais podem haver água parada. Neste ano, quando teve de jogar em Rio Claro, no interior do estado, uma das cidades mais atingidas pela doença, o Tricolor viajou apenas no dia da partida e todos os atletas atuaram com repelente no corpo. O volante Souza falou sobre a preocupação do grupo com a dengue.
- Acabamos não dando muita atenção quando não é conosco. Quando acontece com um jogador, olhamos com outros olhos. Achamos que somos intocáveis, porque vivemos suados (risos). Aqui no CT tem muita árvore, isso chama mosquito. Temos de nos prevenir - disse ele.
CT do São Paulo fica ao lado de um terreno baldio, na Barra Funda (Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net)