Biro-Biro gargalhou de satisfação ao ouvir, por telefone, que o clássico entre Corinthians e Palmeiras deste domingo remete a uma partida disputada há mais de três décadas. “É isso mesmo! Foi em uma semifinal de Campeonato Paulista que marquei aquele gol meio de canela, meio de joelho, e eliminei o rival!”, vibrou o jogador aposentado, com esperanças de ver Elias repetir a cena marcante em Itaquera.
Fã do meio-campista do presente, o pernambucano Biro-Biro tinha pouco mais de um ano de Parque São Jorge quando começou a construir a sua própria história vitoriosa como corintiano. Vindo do Sport, o meio-campista da cabelereira amarela havia conquistado primeiro Luciene, filha do folclórico presidente Vicente Matheus e sua futura esposa, antes de arrebatar o coração dos torcedores naquelas semifinais do Campeonato Paulista de 1979.
No final de janeiro de 1980, no primeiro jogo do mata-mata, saiu dos pés de Biro-Biro a assistência para Palhinha empatar por 1 a 1 o clássico com o Palmeiras no Morumbi – Jorge Mendonça havia aberto o placar. Na volta, também na casa do São Paulo, ele desferiu o famoso arremate de canela para assegurar a classificação do Corinthians, que derrotaria a Ponte Preta na decisão.
“Eu estava começando a minha vida em São Paulo naquela época. Fazer o gol que eliminou o Palmeiras foi importante para ter essa carreira brilhante no Corinthians”, orgulhou-se Biro-Biro, sem usar tanto a memória para mencionar uma prova da relevância do seu feito. “Os palmeirenses não se esquecem. Aonde vou, ainda comentam que tirei o Palmeiras do campeonato. O time deles vinha bem, mas fomos campeões.”
Em 2015, aquele que vem bem é o Corinthians. O que não impediu Biro-Biro de imaginar uma nova canelada para conduzir o lado alvinegro do Derby à decisão estadual. “O Elias é o cara. É ele quem pode fazer esse gol de raça, típico do Corinthians. Será legal se meter a canela na bola em cima do Palmeiras”, comentou.
A predileção por Elias foi tamanha que Biro-Biro não se deixou levar nem mesmo quando escutava nomes de outros jogadores do atual elenco corintiano. “O Ralf? Ah... Quem sabe? De repente, ele faz um gol de cabeça”, canelou o ex-jogador. “Estou torcendo pelo Elias. É um atleta que está em uma fase muito boa nesse esquema armado pelo Tite”, insistiu.
Em 1979, o Corinthians de Biro-Biro e Piter levou a melhor sobre o Palmeiras de Pedrinho e Polozzi
De qualquer forma, até para justificar o prenúncio do gol de canela, a expectativa é de jogo duro. “Clássico é sempre difícil.
O Corinthians está em uma fase melhor hoje, mas, com toda essa rivalidade, o bicho pega. Não tem jeito. E o Palmeiras ainda conta com a volta de alguns jogadores”, advertiu Biro-Biro. “Só acho que o Corinthians leva vantagem por jogar em casa, com o apoio da torcida, essa coisa toda. Deve passar.”
O Corinthians já passou pelo Palmeiras em quatro semifinais de Campeonato Paulista, a primeira delas em 1979 e depois em 1983, 2003 e 2011.
Desses anos, só saiu derrotado na decisão no último, quando o título ficou com o Santos. Já o rival superou apenas um Derby nessa fase de Estadual, em 1986.
E acabou surpreendido pela Internacional de Limeira na final.