16/4/2015 11:23

Presidente do Timão adota "mão de ferro" contra crise e não descarta Pato

Há dois meses no cargo, Roberto de Andrade aposta em transformação para salvar as contas do clube e diz que não vai colocar obstáculos para a venda de jogadores

Presidente do Timão adota
Roberto de Andrade dedicou 36 anos de sua vida ao comércio de veículos. Aprendeu caminhos para comprar e vender por bons preços. Virou um negociador nato. Nesse período, levou a sério o simples lema de "gastar menos do que consegue arrecadar".

Hoje, aos 54, ele é presidente do Corinthians e tenta aplicar a experiência de um bem-sucedido empresário ao desafio de colocar em ordem as contas de um dos maiores times do país.

– Conto com isso como se fosse um título. Libertadores e Paulista para minha história pessoal são tão importantes quanto deixar o clube sanado. Levanto como se fosse um troféu também – afirmou o mandatário do clube alvinegro.

Eleito presidente há pouco mais de dois meses, com 1.848 votos, Roberto promete seguir à risca o que aprendeu como comerciante.

Gastar menos significa cortar despesas. Resultado: mais de 20 funcionários foram demitidos desde a troca de poder e outros podem sair em breve para aliviar a dívida de R$ 300 milhões – sem contar o financiamento para a construção do estádio. Até os gastos com energia e água estão sendo controlados.

– Temos de ter a cultura de sempre gastar o mínimo possível para a execução de qualquer trabalho. É uma mudança de filosofia, trabalhar com menos gente. Não existe um limite, mas, de hoje até o fim do mandato, é para gastar cada vez menos – disse.

Nesta entrevista ao GloboEsporte.com, concedida no CT Joaquim Grava, o presidente corintiano evita estipular um prazo para o pagamento dos direitos de imagem em atraso de parte do elenco – em alguns casos chega há oito meses –, mas se diz esperançoso em encontrar novos patrocinadores para acertar as contas e dar inicio às negociações para renovar com Paolo Guerrero, maior estrela da equipe.

Além disso, não descarta vender alguns dos destaques do time que brilha no início de 2015.

– Não existe jogador invendável. Qualquer oferta sendo boa para o clube e se o jogador quiser sair, tem de vender, independentemente se necessita ou não.




Um dos articuladores da contratação de Alexandre Pato quando ainda era diretor de futebol, o novo mandatário alvinegro prefere não colocar um ponto final na história do atacante no Corinthians. A ideia continua sendo de vendê-lo assim que acabar o empréstimo com o São Paulo, em dezembro. Mas...

– Se não for negociado, o que faço com ele? Tem de voltar – cravou.
Confira abaixo a entrevista com Roberto de Andrade:
GloboEsporte.com:

Que balanço você faz desses 68 dias como presidente do Corinthians?

Roberto de Andrade: Nós sabíamos as dificuldades que encontraríamos. Estamos mexendo bastante na área administrativa, passando pela diminuição de funcionários e despesas.

Estamos tentando buscar uma administração mais enxuta, tentando gastar menos. O futebol vai bem, mas as dificuldades são grandes.

O nosso momento e da economia são complicados.

Estamos sofrendo um pouco agora no começo, mas logo vamos começar a colher frutos.


O cálculo é de aproximadamente 20 demissões até agora...
Foram alguns, nada exagerado. Estamos mexendo todos os dias, realocando funcionários, mudando. Não estou dizendo que vamos continuar demitindo, mas, de acordo com a necessidade, vamos fazer.

Não tem um objetivo traçado. Temos de ter a cultura de sempre gastar o mínimo possível para a execução de qualquer trabalho. É uma mudança de filosofia, trabalhar com menos gente. Não existe um limite, mas, de hoje até o fim do mandato, é para gastar cada vez menos. Isso é um fato.

O clube demitiu um supervisor de futebol (Saulo Magalhães) no departamento profissional.

Haverá mais cortes no CT Joaquim Grava?

Quando você passa por necessidades financeiras, e isso não acontece só no Corinthians, tem o efeito cascata. Se você tinha "X" de receita, hoje tem meio "X". Precisa se adequar. Isso não passa só pelos salários do futebol. Sim (pode ter mais cortes), normal.

Andrés Sanchez, superintendente de futebol, disse que a ideia é cortar alguns dos salários mais altos do elenco.

Isso pode acontecer?

Não é que os salários saíram do controle. Estavam no controle dentro daquela outra receita. Hoje, temos uma retração e temos de nos adequar. Temos de trazer os salários para a realidade.

Você foi vice-administrativo logo após a saída de Alberto Dualib da presidência e era considerado um dirigente "linha-dura", que fez muitos cortes.

Isso se repete agora?

Eu tenho um vice hoje, mas dou a diretriz do que quero. A execução fica por conta de cada diretor. Estamos tentando fazer no mesmo sentido de mudar conceitos e gastar menos. O dinheiro tem de ser muito bem gasto, porque não é nosso. Estamos vendo o quanto é duro trazer R$ 1 para dentro do clube e temos de pensar da mesma forma na hora de gastar.

Dá para fazer uma comparação do que você encontrou como presidente em 2015 e do que teve em 2007?

É muito diferente do que implantamos nos últimos anos. Ali era uma bagunça, um desperdício total de tudo, não tinha controle de nada. Era bem diferente. Hoje, podemos dizer que estamos no céu e precisamos melhorar o que existe. Mas muito longe do que era em 2007, mudou muito.

Um dos departamentos que passa por mudanças é a categoria de base.

Havia uma sangria muito grande lá?

No futebol, você tem o problema do término do contrato. Alguns que estão por terminar, estamos fazendo uma avaliação se continuam ou não. Os que possuem contrato vigente, não temos muito o que fazer, além de emprestar. O fato é diminuir a quantidade de jogadores para trabalhar com mais qualidade. Eles (dirigentes anteriores) tinham uma visão, e nós temos outra.



Vocês estão tentando a todo custo encontrar novos patrocínios para não depender de empréstimos bancários.

Essa crise econômica que vive o Brasil afeta muito?

Esse é exatamente o agravante. Todos passam por dificuldades, o comércio está com uma retração de vendas, a indústria vem caindo. Todo mundo passa por uma adequação de orçamentos, e os cortes são inevitáveis nas verbas de patrocínio.

O marketing está empenhado, mas não temos nada fechado. A camisa do Corinthians continua valiosa por estarmos disputando torneios importantes.

A venda dos naming rigths da arena está atrasada há mais de dois anos. Como estão essas negociações?

Que vai sair, vai. Só não consigo precisar se em dez dias, um mês, 60 dias...mas vai sair.

Vai precisar vender jogadores para aliviar as contas?

O Corinthians não tem de vender ninguém por conta disso. Não é por necessidade, mas porque a continuidade do futebol é assim. Se você não vende, tem de aumentar o salário para dar uma satisfação e assim vai aumentar a folha (de pagamentos). Não vai ter fim.

Não existe jogador invendável. Qualquer oferta sendo boa para o clube e se o jogador quiser sair, tem de vender, independentemente se necessita ou não. Se você tem uma pilha de dinheiro, pode fazer duas pilhas, mas tem de vender.

O time se acertou rapidamente com o Tite.

Dói vender alguém desse time?

Ou é possível garantir que todos vão ficar até o fim do ano?

O futebol é assim, todos os clubes passam por isso. Você monta um time, amanhã vem outro, forma outro ídolo. O Corinthians tem mais de cem anos. Se fôssemos guardar todo mundo, estaríamos com jogadores de cem anos aqui.

Hoje, não temos propostas por ninguém. Sabemos a qualidade de alguns jogadores que chamam a atenção, mas temos de aguardar a janela do meio do ano. Tudo o que eu falar agora é bobagem.

Nem por Malcom e Gil?

Não tem nada aqui. Não chegou nada por ninguém. Se tiver uma proposta e o jogador achar que deve sair, sem problema nenhum, sairá negócio.

Foi prometido aos jogadores que os direitos de imagem em atraso seriam pagos até o fim de abril.

Isso vai acontecer?

A ideia é pagar, não existe fim de abril, começo de abril, meio de abril. A ideia é pagar o quanto antes. Estamos otimistas de que vamos saldar isso em um prazo bem curto.

Você não teme que essa demora no pagamento possa afetar o rendimento do time?

Eu converso sempre com os jogadores e dou satisfação do que estamos fazendo. É o mínimo que podemos fazer. É honesto e sincero. Não gosto de dever para ninguém.

Da mesma forma que os jogadores falam que têm 100% de confiança na diretoria, nós temos 100% de confiança nos atletas. Existem pendências com alguns, mas todos sabem que vão receber.



A pergunta desse primeiro semestre vai ser sobre a renovação de Guerrero.

As negociações avançaram ou estão paradas?

Temos de quitar os débitos para sentar e discutir a renovação. Não tenho conversado com Bruno Paiva (empresário de Guerrero). Já conversei e, a hora que resolver o saldo de todo mundo, vou chamá-lo para conversar sobre a renovação. Sobre a renovação, não conversei nem um minuto.

Você tem vontade de renovar com o Emerson?

Vontade eu tenho, e ele também, mas temos de colocar a parte financeira na mesa e saber se está todo mundo de acordo. Mas não é só o valor isolado.

É o tempo de contrato...tudo faz parte. Todo jogador passa por um pacote. Não é só o Sheik. Você não analisa o Guerrero por algo isolado. Você analisa o todo.

O que você pensa em fazer quando o Pato voltar?

Ele tem contrato com o São Paulo até dezembro de 2015 e temos de aguardar o término para nos mexermos. Acho que consigo até mais de € 10 milhões (pela venda). Tenho certeza. Não precisa ter muito (mercado), se tiver um clube já é o suficiente.

E se ele não for vendido? Vai reintegrá-lo ao grupo?

O "se" não existe. Não adianta quebrar a minha cabeça antes da hora. Acho difícil voltar, mas não posso descartar, porque ele é funcionário do clube. Se não for negociado, o que faço com ele? Tem de voltar. Então, não posso descartar. Se ele vai achar ambiente é outro problema. Acho que é difícil, mas é uma hipótese porque ele tem contrato. Não chegou nada até agora.

Pato acionou os advogados pelo atraso no pagamento da parte do salário que ele recebe do Corinthians...

Temos de pagar e vamos pagar. Todo mundo tem de receber.


Roberto de Andrade (à dir.) conversa com os jogadores


Você trabalha no comércio de veículos. O que mudou na sua rotina depois de ser eleito presidente do Corinthians?

Muda um pouco, o dia fica mais longo. Eu trabalho na parte da manhã, na hora do almoço faço expediente no clube, volto para trabalhar e à tarde retorno para o clube para ficar até tarde. Fica um dia mais corrido, mais cheio. Vale a pena, o Corinthians merece.

Para isso eu me candidatei e vou fazer tudo com a maior vontade possível. A família sai prejudicada, mas é uma satisfação pessoal ver as coisas melhorando. Todo mundo acaba compreendendo e ajudando. Ao invés de reclamar, eles (familiares) ficam felizes.

Então, quem quer comprar um carro ainda pode ser atendido pelo presidente do Corinthians?

Faço também. Tenho meus amigos que atendo. Toda venda é especial. Muitas pessoas economizaram a vida inteira para comprar um carro novo, abriram mão de tantas outras coisas.

Você está lidando com pessoas que estão em busca de um sonho. Parece fácil, mas 70% da população não tem carro. É uma minoria que tem.

Viveu uma crise parecida como empresário?

Você precisa sempre estar reorganizando, se moldando ao mercado. Mas um momento financeiro difícil como esse nunca passei. Por isso, me incomoda muito conversar com alguém, ter de pagar e não ter como pagar. Isso me deixa chateado.

Você vê os atletas se dedicando e deixando esse problema de lado para se dedicar no trabalho como se estivessem recebendo tudo e mais um pouco. Isso me faz acordar mais cedo e trabalhar mais para tentar resolver.

O tempo de trabalho no comércio de veículos ajuda na hora das negociações no clube?

Negociação é negociação. Você tem facilidade com os números e o raciocínio mais rápido com números por trabalhar nisso toda hora. Isso traz um pouco de facilidade.

Não quer dizer que eu seja hábil, é normal. Todo mundo se acha bom negociador quando compra por dois o que custa dez. Não existe só levar vantagem.

Esse não é um bom comerciante ou negociador. Tem de ficar bom para os dois lados.

Sanar os problemas financeiros do clube tem que peso para você?
Conto com isso como se fosse título. Libertadores, Paulista...mas para minha história pessoal são tão importantes quanto deixar o clube sanado. Levanto como se fosse um troféu também.


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