Com salários muitas vezes na casa das centenas de milhares de reais, jogadores de futebol se acostumam a viver num padrão de vida considerado alto. Não são poucos os exemplos de craques do mundo da bola que ostentam, em mídias sociais, carros, jóias, jantares, roupas, etc.
De olho no montante dos boleiros, aparecem no mercado empresas especializadas em administrar o patrimônio de atletas, sejam eles aposentados ou não.
Deivid, atual auxiliar-técnico do Flamengo, é cliente de uma destas empresas. Em entrevista ao LANCE!, o ex-atacante de 35 anos fala sobre as vantagens de ser orientado fora de campo. O veterano, que acumulou passagens por Santos, Corinthians, Cruzeiro, Bordeaux (FRA), Sporting (POR), Fenerbahçe (TUR) e Coritiba, além do próprio Fla, se gaba de agora deter conhecimento para investir no mercado financeiro.
– Minha preocupação desde quando comecei a carreira no Santos, com 18 anos, era o pós-carreira, o que eu iria fazer, como iria administrar meus ganhos. Eu sempre me preocupei com isso.
Vim do subúrbio do Rio de Janeiro, ganhava R$ 50, sabe. Aí de uma hora para outra comecei a ganhar dinheiro, sem pai, com minha mãe analfabeta. No meio em que vivo, é difícil encontrar alguém de confiança, de credibilidade – comentou.
Deivid começou a carreira no Santos
– Quando você se aposenta no futebol, para entre 35 e 38 anos. Mas você tem mais 40 anos para viver. Então você acha que ganha dinheiro suficiente para sobreviver, mas na verdade dura mais uns dez anos. Isso às vezes o jogadores não param para pensar, pensam só no momento. Agora eu sei se é hora de investir em imóveis, em salas comerciais. A empresa me dá suporte para eu aumentar meu patrimônio – completou.
Felipe Carrilho, sócio-diretor da Viguer, uma das empresas que atuam na área de suporte financeiro a jogadores e ex-jogadores de futebol, falou sobre a importância de os atletas administrarem bem seu patrimônio. Deivid, por exemplo, se aposentou há um ano, em abril de 2014, e é cliente desta empresa desde 2006, quando ainda jogava no futebol português.
– O maior orgulho da Viguer é poder proporcionar aos atletas como o Deivid o poder de decisão. De oferecer a eles o direito da escolha de se aposentar ou não precocemente, sem se preocupar com a questão financeira, com o sustento da família e com o padrão de vida já alcançado. Esse é o maior exemplo que planejamento financeiro importa e faz toda a diferença na vida pessoal e profissional de um atleta – explicou Carrilho.
Frickson Erazo é outro exemplo de jogador auxiliado por este tipo de empresa. O zagueiro equatoriano, atualmente no Grêmio, chegou ao Brasil em 2014. Na época, ele havia sido emprestado ao Flamengo pelo Barcelona de Guayaquil (EQU). Novo no Brasil, ele precisou de ajuda para fazer movimentações financeiras e administrar seu montante no País.
– A minha primeira dúvida era entender o funcionamento das minhas operações financeiras no Brasil. A Angel Sports me esclareceu e me senti seguro nas minhas decisões. Também tinha dúvidas de como mandaria meu dinheiro de uma maneira legal e rentável par ao exterior. Eles foram atenciosos e atenderam minhas expectativas – disse Erazo ao L!.
Marcio Santos, sócio-diretor da Angel Sports, outra consultoria de finanças de boleiros, comparou a função dessas empresas à de "anjos". O objetivo é dar liberdade para os atletas focarem em seus assuntos profissionais e se preocuparem o mínimo necessário com questões envolvendo dinheiro.
– Trabalhei muitos anos em banco e vi o quanto os jogadores pagavam taxas e adquiriam produtos que não precisavam. Daí nasceu a ideia de ser uma espécie de anjo desses atletas. É importante porque muitos são vulneráveis, e procuramos fazer as coisas da melhor forma para os clientes. Essas empresas deixam os jogadores seguros para focar no lado profissional, sem se preocupar com nenhum problema burocrático e os orientando nos investimentos certos e no momento oportuno – avaliou Santos.
NOVO PERFIL DE JOGADOR
Seja atualmente, na condição de auxiliar-técnico, ou há alguns anos, quando ainda era jogador, Deivid garante: sempre foi abordado por colegas de trabalho acerca da administração de seus bens. E o próprio veterano dá um palpite: os jogadores de futebol vão, cada vez mais, se interessar por investimentos financeiros e negócios extracampo. Na mesma linha, o equatoriano Erazo aconselha demais boleiros a procurarem esse tipo de empresa.
– Acho que a tendência é essa. Até porque hoje não existem jogadores como antigamente, qualquer jogador hoje sabe ler, ver mercado financeiro. Acho que a tendência é essa, jogadores se interessando cada vez mais por esse mercado financeiro, aumentando seu patrimônio. Muitos jogadores com quem tenho contato perguntam sobre. Isso é instinto, né? Desde os 18 anos minha preocupação era aumentar meu patrimônio – ponderou Deivid.
– Indicaria, com prazer, da mesma forma que me indicaram. Afinal, eu aprovei o serviço que me foi oferecido – acrescentou Erazo.