Um, dois, três, quatro na Arena Corinthians. Um, dois, três quatro no Morumbi. Placares idênticos contra o mesmo e fraco adversário, pela mesma Copa Libertadores. É o mesmo esporte, até que provem o contrário. Os mundos alvinegro e tricolor, porém, estão muito mais distantes do que os quilômetros que separam Itaquera do Morumbi.
O Danubio (URU) sofreu oito gols nas duas passagens pela capital. Em 25 de fevereiro, visitou o frio estádio são-paulino com 16.689 pagantes. Levou um gol de Alexandre Pato logo aos três minutos e voltou para casa com 4 a 0. A leitura da goleada tricolor: não fez mais do que a sua obrigação e precisa jogar muito mais futebol.
No último dia 1º de abril, o Danubio foi conhecer a Zona Leste numa arena corintiana fervendo com seus 38.471 pagantes. Levou o primeiro gol de falta, de Jadson, aos 26 da primeira etapa. Assim como o São Paulo, o Timão fez dois gols num tempo, dois gols no outro. A leitura da goleada alvinegra: passou por cima, jogando como quis, contra um adversário fraco, e chegou a incríveis 28 jogos seguidos sem perder em casa.
O Corinthians não deu a menor chance aos oponentes em todos os jogos grandes nos primeiros meses de 2015: 1 a 0 contra Palmeiras e São Paulo, fora, e jogando boa parte do tempo com um a menos; 2 a 0 no Tricolor, 1 a 0 no San Lorenzo dentro do Nuevo Gasometro e 4 a 0 contra o Once Caldas (COL) na Arena, o que tornou o 1 a 1 na Colômbia um amistoso. Nem vale entrar para a “estatística”. O Timão fez nove gols em cinco jogos importantes, não sofreu nenhum.
(Timão passou por cima do Danubio na última quarta-feira)
Vamos voltar ao Morumbi, com o mesmo critério. O Tricolor empatou em 0 a 0 com o Santos, na Vila, foi humilhado pelo Palmeiras, no Allianz Parque (3 a 0), perdeu duas vezes para o Corinthians, venceu uma e perdeu outra do San Lorenzo. O time de Muricy Ramalho sofreu sete gols e fez apenas um nas seis partidas. O gol único de Michel Bastos, contra os argentinos, no Morumbi, saiu nos minutos finais... Ufa!
Seja contra adversários fortes ou fracos, tem dado gosto de ver a equipe de Tite em ação. O técnico que só vencia por causa da forte defesa (o que é mérito, claro!) agora vence com defesa e ataque em níveis altos. Tite tenta montar a versão melhorada do vencedor Corinthians-2012.
Seja contra adversários fortes ou fracos, a equipe de Muricy patina. Depende de individualidades. Até mesmo quando faz um 4 a 0...
“A gente tem de melhorar. Isso é fato”, afirmou Rogério Ceni, com falhas graves em duas das derrotas listadas (Verdão e Timão).
(Tricolor também fez quatro no Danubio, mas não convence)
Felizmente, falamos de futebol. O Timão-2015 ainda não conquistou nada e pode perder num mata-mata do Tricolor-2015 que ainda não ganhou de ninguém, por mais que os trabalhos nos mundos distantes de Morumbi e Itaquera não apontem para isso. Pode o Corinthians, no fim das contas, nem passar perto do que fez em 2012 - há outros argentinos na Copa, em especial um forte Boca Juniors (muito mais do que aquele que perdeu a final há três anos). Hoje, 3 de abril de 2015, um abismo separa os dois rivais.
Que siga a Copa Libertadores da América!
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Não há o menor cabimento cogitar um tropeço proposital do Corinthians para o San Lorenzo para prejudicar o São Paulo na Libertadores. Não é preciso queimar muitos neurônios: duas derrotas do Timão, duas vitórias dos argentinos e duas vitórias do Tricolor, todas possíveis, deixariam os três com 12 pontos, levando o desempate para o saldo de gols. Faz “todo sentido” o Corinthians, com classificação quase certa, recorde histórico de invencibilidade em sua Arena e único 100% no torneio, ao lado do Boca Juniors, entregar e correr um risco. Por favor...