A história do Corinthians na Taça Libertadores chega aos 100 jogos nesta quarta-feira, quando a equipe treinada por Tite enfrenta o Danubio, às 22h (horário de Brasília), em sua arena. Uma história de expectativas, decepções e uma grande redenção.
Após eliminações traumáticas e o acúmulo de alguns vilões, o Timão chegou à glória máxima com o título de 2012, que encerrou as piadas dos rivais. Agora, os alvinegros estão em busca do bicampeonato.
Em 99 jogos até hoje, o Corinthians acumulou boas histórias. São 54 vitórias, 22 empates e 23 derrotas na competição, em 12 participações. A mais longa, claro, foi em 2012, ano de título.
A estreia no torneio sul-americano foi em 1977, época em que o que mais importava era a quebra do jejum de títulos estaduais – àquela altura, eram 23 anos sem taças.
Por isso, o corintiano nem se importou com a eliminação precoce na primeira fase, contra Internacional e os equatorianos Deportivo Cuenca e El Nacional.
A participação seguinte só viria em 1991. Depois disso, o Timão virou frequentador mais assíduo da Libertadores. Até o título, o Corinthians teve de remoer eliminações para Boca Juniors, Grêmio, Palmeiras (duas vezes), River Plate (duas vezes), Flamengo e Deportes Tolima.
A campanha do título, invicta, irrepreensível, serviu para curar qualquer ferida. O maior técnico e um dos maiores jogadores corintianos na competição continuam em campo: Tite, com 29 partidas, e Ralf, com 37.
Em meio a toda essa trajetória, uma tragédia: a morte do torcedor boliviano Kevin Espada, em Oruro, na Libertadores de 2013, atingido por um sinalizador disparado por um torcedor do Corinthians, durante o empate em 1 a 1 entre San José e Timão. Doze corintianos foram presos na Bolívia, mas acabaram soltos depois que um menor de idade, em São Paulo, assumiu a autoria do disparo.
O GloboEsporte.com listou dez jogos marcantes do Corinthians na Libertadores. Cinco insucessos e cinco grandes lembranças – todas, claro, de 2012.
Confira abaixo as partidas, em ordem cronológica:
Corinthians 1 x 1 Boca Juniors, 1991
Campeão brasileiro no ano anterior, o Timão entrou com grande expectativa naquela que era apenas sua segunda Libertadores. Contra um adversário muito mais experiente, o Timão sucumbiu nas oitavas de final.
Com falha do zagueiro Guinei, seu primeiro "vilão" no torneio, o Corinthians perdeu por 3 a 1, na Bombonera. Uma semana depois, no Morumbi, o empate por 1 a 1 selou a eliminação alvinegra.
Corinthians 2 x 0 Palmeiras, 1999
O primeiro mata-mata entre os rivais na Libertadores teve de ser decidido nos pênaltis, nas quartas de final. O Dérbi, com os dois times no auge, teve uma vitória por 2 a 0 para cada lado. Nas penalidades, Vampeta e Dinei erraram, e o Timão acabou eliminado. De quebra, viu o maior rival ser campeão.
Corinthians 2 x 3 Palmeiras, 2000
No ano seguinte, o Timão venceu o jogo de ida da semifinal por 4 a 3 e tinha elenco mais forte do que o rival, já em desmanche. Mesmo assim, o Palmeiras forçou a disputa de pênaltis no Morumbi com uma vitória considerada improvável. Os nove primeiros cobradores acertaram. O décimo, Marcelinho Carioca, parou nas mãos de Marcos e manteve o time na fila.
Corinthians 1 x 2 River Plate, 2003
"Pega, pega, pega". A palavra repetida pelo técnico Geninho ao lateral Roger Guerreiro foi a senha para mais uma eliminação corintiana. Após derrota por 2 a 1 na Argentina, o Timão fez 1 a 0 na volta das oitavas de final, com Liedson, e ia se classificando até a infame expulsão de Roger, que "pegou" D'Alessandro e acabou levando cartão vermelho. O River virou sem dificuldades.
Corinthians 1 x 3 River Plate, 2006
O clima tenso desde o início seria fatal para o Timão. Mais uma vez contra o River, mais uma vez nas oitavas de final. Mesmo com craques do nível de Carlitos Tevez, o time chegou a abrir o placar, com Nilmar, mas levou a virada com direito a gol contra do lateral-direito Coelho. No fim, torcedores organizados tentaram invadir o gramado do Pacaembu e foram contidos por um grupo de policiais.
Emelec 0 x 0 Corinthians, 2012
O empate em Guayaquil abriu o caminho para o título. Na ida das oitavas de final, Jorge Henrique foi expulso, o Timão sofreu com a pressão do Emelec e os erros da arbitragem, mas se segurou graças a um goleiro que se candidatava a ídolo. Cássio, recém-contratado, fez sua estreia na Libertadores naquela noite e pegou tudo. Virou homem de confiança de Tite.
Corinthians 1 x 0 Vasco, 2012
Um jogo tenso, pelas quartas de final, resumiu todas as emoções do corintiano em apenas 90 minutos. Quando Diego Souza avançou sozinho no ataque, o Pacaembu parou de respirar. Só voltou quando Cássio, com os dedos, conseguiu desviar um chute que tinha endereço certo. Ali, a confiança ficou enorme. O gol de Paulinho, nos minutos finais, levou o estádio ao êxtase. Mais um passo dado rumo ao título inédito.
Santos 0 x 1 Corinthians, 2012
Um golaço de Emerson Sheik, na Vila Belmiro, deu a vantagem que o Timão queria nas semifinais da Libertadores. O empate por 1 a 1, no Pacaembu, uma semana depois, confirmou o Corinthians na primeira final sul-americana de sua história.
Boca Juniors 1 x 1 Corinthians, 2012
"Olha o Romarinhooooooo!". A narração épica de Cléber Machado, da Rede Globo, resume o tamanho da façanha do atacante na Bombonera. Num jogo difícil, pegado, dentro de um caldeirão, o reserva recém-contratado entrou no fim, recebeu passe de Sheik e garantiu o empate em Buenos Aires. Só faltava um passo para a taça.
Corinthians 2 x 0 Boca Juniors, 2012
Dois gols de Sheik, enfim, tiraram o grito da garganta dos corintianos. Com um Pacaembu lotado, o atacante roubou a cena, mordeu e tirou o zagueiro Caruzzo do sério e fez o que quis. Jogador enorme, que brilhou em um jogo da sua grandeza. A fila sul-americana acabava na noite de 4 de julho de 2012.