Desbocado, corajoso, irreverente, provocador… e conquistador. Essa é a nova faceta de Vampeta, aposentado desde 2011 e presidente do Grêmio Osasco Audax há 15 meses. O ex-volante da seleção brasileira e do Corinthians recebeu o Blog no flat onde mora, no Tatuapé, e contou já ter levado para cama pelo menos 400 mulheres diferentes. Graças à ajuda da bola, reconhece. Em 63 minutos de entrevista, ele falou sobre os problemas do futebol brasileiro e meteu a colher nos dilemas dos rivais Palmeiras, São Paulo e Santos, associados a Valdivia, Rogério Ceni e o futuro da Vila Belmiro. Revelou ainda que quase defendeu o Palmeiras em 1994, na Era Parmalat, e recusou convite de Vanderlei Luxemburgo para jogar no Santos.

BLOG_ Se um bilionário russo comprar o Audax e lhe oferecer Messi e Cristiano Ronaldo, quem você escolhe?
VAMPETA_ O Messi, com certeza. Não tem ninguém iguala ele no mundo. Quando o Messi quer jogar, acaba com qualquer adversário. Já o Cristiano Ronaldo é ótimo em propaganda, mas me lembra aqueles soldados russos preparados para lutar contra o Rambo. Estilo robô, treinado para cabecear, chutar, fintar…

Neymar pode chegar ao nível do Messi?
Se o Neymar não sair do Barcelona, será coadjuvante do Messi para sempre. É difícil, porque no dia em que o Neymar faz um gol, o Messi faz três. E eu tenho para mim que o Messi vai encerrar a carreira no Barcelona.

Trabalharia no São Paulo?
Não! Primeiro, porque nunca me convidariam e depois, porque eu também não iria. Pela rivalidade que foi criada, não há condição, né? Mas brincadeiras à parte, considero o São Paulo um dos três maiores clubes do Brasil, ao lado de Flamengo e Corinthians.

Nenhum torcedor do São Paulo tentou te bater por você ter criado o apelido de bambi?
Esse apelido foi uma inspiração de Deus (risos). Acordei o gigante adormecido. E não tem nada demais, afinal, o bambi é um bichinho tão bonitinho. Mas respondendo à pergunta, encontro sempre o pessoal da Independente… falam que eu ferrei com eles, porque bambi não apaga mais.

O Souza, que jogava no São Paulo na época do apelido, nunca o perdoou.
O Souza é um otário com sorte. Não dá nem para compará-lo comigo. O cara não deve ter cantado o hino com a camisa do Brasil nem na escola, enquanto eu fui campeão mundial. Acredita que ele foi inquilino em um flat meu na rua Turiassu?

Ele pagava direitinho?
Nunca atrasou o aluguel, mas não pagava a conta de luz, que era a mais barata.

Você tem fama de baladeiro e gastão. Juntou dinheiro?
Nunca fui de comprar relógio, trocar de carro toda hora. Investi tudo em apartamento e flat, então, eu estou tranquilo. Tenho imóvel no Tatuapé, na Braz Leme, na Turiaçu, no Aeroporto de Congonhas…

Já levou muito tombo nesta vida de empresário?
Tomei alguns processos trabalhistas depois que fechei o Terra Brasil (casa noturna que foi famosa na década passada), mas prejuízo mesmo eu tive com a Boi Gordo (um dos maiores casos de pirâmide financeira do país). Perdi R$ 185 mil. Mas não fiquei sozinho nessa: tinha Evair, Sampaio, Zinho, Paulo Nunes, Felipão, Jardel…

Quantas mulheres você já levou para a cama?
Se juntar o que peguei e paguei, já passei de 400 mulheres. Graças ao futebol, claro! Quando eu era mais novo, ninguém me queria. Eu era banguelo, magrelo, orelhudo, pardo…

Mas qual o nível das 400?
Mulher bonita só gosta de homem feio. Peguei muita coisa de qualidade. Várias assistentes de palco, modelos…

Prefere loira, morena, ruiva ou japonesa?
Prefiro mulher. Não tenho frescura, não.

Quantas vezes já foi casado?
Nunca me casei, nem juntei. Morei a vida inteira sozinho. Aqui, no Rio, na Holanda, na Itália, na França.

Como surgiu a ideia de virar presidente de um clube de futebol?
Isso é coisa do seu Mário (Teixeira), que deve ser mais louco do que eu. Ele é dono do Grêmio Osasco Audax, do Grêmio Osasco, do Osasco e do Audax Rio. Seus times empregam mais de 600 pessoas, incluindo jogadores, comissão técnica, funcionários.

Mas como conheceu o Mário?
Eu era técnico do sub-20 do Corinthians e recebi proposta para treinar o time principal do Grêmio Osasco na Série A-3. Tinha salário de R$ 11 mil e aceitei R$ 1 mil a menos. Aí, peguei amizade com seu Mário, acabei virando vice-presidente em 2012 e presidente desde o começo do ano passado.

O presidente Vampeta é autoritário ou bonzinho? Já demitiu alguém?
Nunca precisei, nem sei se conseguiria. Meu perfil é calmo. Nem sala eu faço questão de ter. Vou ao clube duas vezes por semana para assinar papéis e orientar a molecada.

Até onde o Osasco Audax pode chegar?
Nosso primeiro objetivo no ano era não cair no Paulistão. Agora, estamos sonhando com a vaga no mata-mata (o time é o terceiro no grupo, atrás de Corinthians e Ponte Preta). Se não der, a ideia é terminar numa boa colocação para garantir um lugar na Série D.

O Rafael Longuine é o artilheiro do Paulistão com oito gols, número significativo para um meia. Ele é bom mesmo?
É bom pra caramba. Temos uma molecada bem esperta, como o André Castro (volante), o Matheuzinho (meia). Sem contar os experientes, como Vilica, Francis…

Seu time valoriza a posse de bola e não dá chutão. Gosta?
É uma coisa do Fernando Diniz (técnico), mas não vou mentir que tomo muito susto quando o Felipe (goleiro) se mete a sair jogando com o pé. Outro dia, ele deu um chapéu no adversário. É maluco como eu.

Faça de conta que você virou presidente do Corinthians: renova ou não com o Guerrero?
Sem desrespeitar o ídolo que o Guerrero é, nem tudo o que ele conquistou, mas não tem a menor condição de pagar R$ 20 milhões. O cara está achando que aqui é Europa? E tem outra: eu não caio nessa história de que ele tem proposta de fora. Se tiver, vaza.

Agora, você preside o São Paulo: mantém o Rogério Ceni?
Ele só se aposenta quando quiser. O problema não é ele, mas os outros, que não pegam mais do que ele. Sem contar que o Rogério Ceni é obcecado por vitórias e isso faz bem para o restante do grupo.

Se fosse presidente do Santos, assumiria o Pacaembu?
Na hora. O Santos foi o clube que mais vendeu jogadores para o exterior nos últimos 15 anos e vive devendo pra todo mundo. Até por isso, não dá para jogar na Vila Belmiro para cinco mil pessoas, enquanto no Pacaembu tem sempre 20 mil. Só que a Prefeitura de São Paulo também deveria fazer um preço camarada.

E, se comandasse o Palmeiras, faria o que com o Valdivia?
Ele ganha R$ 500 mil por mês, né? Se quiser continuar, assina por R$ 120 mil. Se não, pode ir embora que eu me viro com o que tenho.

Você não esconde de ninguém que é corintiano e até tem um filho chamado Marcos São Jorge. Mas para qual time torcia na infância?
Eu era fanático pelo Bahia, porque era o time do povo. Engraçado que, na pelada, o meu time era o Santos, porque era o mais fácil para fazer uniforme. A gente pegava as camisas desbotadas, pintava o distintivo do Santos e saía para jogar.

É verdade que você quase jogou no Palmeiras da Parmalat?
Pior que é. Em 1994, o Palmeiras contratou o Alex e o Paulo Isidoro. Era para eu ter ido na mesma barca, mas o presidente do Vitória, o Paulo Carneiro, preferiu me vender para o PSV. Agradeço até hoje ao Paulo, que me impediu de fazer essa cagada.

Teve proposta do Santos?
Isso foi muitos anos depois, quando eu saí do Corinthians e o Vanderlei Luxemburgo queria me levar para o Santos. Aí, comecei a lembrar que eu fui um dos poucos ídolos do Corinthians que não jogou em outro clube paulista. Recusei a proposta e fui para o mundo árabe.

O rebaixamento para a Série B, em 2007, manchou seu currículo no Corinthians?
Acho que não. Qual outro ídolo foi campeão mundial e caiu? E a verdade é que o time foi rebaixado porque era muito ruim. O pior elenco em que já joguei.

O que acha da Arena Corinthians?
Apesar de o Andrés Sanchez não gostar, eu só me refiro ao estádio como Itaquerão. Estive lá uma vez e acho bonito. Mas eu sempre sonhei que o Corinthians seria dono do Pacaembu, o estádio que eu mais gosto. O mais curioso é que ganhei sete títulos pelo Corinthians, mas nenhum no Pacaembu.

O que sente quando ouve que o Júlio Baptista ganha R$ 1 milhão de salário mensal?
Acho um absurdo. Meu maior salário no Brasil foi R$ 120 mil no Corinthians. Lá fora, ganhei R$ 250 mil na Inter de Milão. Essa diferença de valores para os dias de hoje ajuda a explicar porque todos os clubes estão devendo na praça: Corinthians, São Paulo, Santos…

Você declarou certa vez que o Flamengo fingia lhe pagar e você fingia jogar… Já recebeu aquele dinheiro?
Recebi do Corinthians. Quando vim pela última vez para cá, o Corinthians se acertou com o Flamengo e pagou tudo. Por incrível que possa parecer, não tenho um centavo a receber de time nenhum.

Existe homossexual no futebol?
Que existe, existe. Mas eu nunca joguei com nenhum. Onde eu sei que tem muito é nas categorias de base. Os homossexuais ficam cercando os garotos de 16, 17 anos, oferecendo para levar no shopping, comprar uma roupa…

Você só teve 20 mil votos quando concorreu a deputado por São Paulo. Por quê?
Só? Achei que tive muito, porque não saí da Vila Maria para pedir voto.

Então, por que se lançou?
Eu só aceitei porque o Manoel do Canto e o Campos Machado insistiram e pagaram a campanha toda. Não tenho a cara de pau de pedir voto para quem nunca vi. Se for para ser político, serei na minha cidade, Nazaré das Farinhas, onde dou cestas básicas, ambulância, empresto meu cinema…

Arrepende-se de ter posado nu ou de ter dado cambalhota na rampa do Palácio do Planalto após o Mundial de 2002?
Não me arrependo de nada. Com os R$ 80 mil que ganhei para sair pelado, reformei meu cinema inteiro. Já a cambalhota… joguei 19 minutos naquela Copa e sou mais lembrado do que o Ronaldo por causa da cambalhota. A verdade é que tinha muito jogador mamado, porque a gente veio bebendo desde o Japão. Só que eu cheguei no palácio pra lá de Bagdá.