Se dentro de campo o Corinthians embalou sob o comando de Tite e ainda não perdeu em 2015, fora dos gramados a realidade é bem diferente. Com uma dívida que supera os R$ 300 milhões, o Timão tenta se reorganizar para acabar com a sangria que abala o caixa. Os cortes atingem desde o alto investimento na contratação de jogadores até o consumo de água e energia na sede social, localizada no Parque São Jorge, Zona Leste de São Paulo.
– É uma realidade difícil, mas não me assustou. Não vamos conseguir resolver os problemas nos próximos meses. É um trabalho a longo prazo. Até o fim do ano que vem eu acredito que teremos condições de estar em uma situação melhor. O ano de 2015 será difícil – afirmou o diretor de finanças Emerson Piovesan.
Todos os departamentos, incluindo o futebol, deverão sofrer alterações nos próximos meses. A promessa de corte de funcionários vinha desde a campanha presidencial de Roberto de Andrade e deve atingir muitas áreas do clube. Enquanto os relatórios dos setores não são finalizados, a direção busca economizar em ações rotineiras.
– Gastamos cerca de R$ 180 mil por mês com a conta de energia. Se reduzirmos de 20% a 30%, faremos uma economia considerável. Temos de conscientizar funcionários e determinar o tempo das luzes acesas com sensores de presença. Isso já está sendo feito – ressaltou.
A diretoria mexeu também em um setor complicado: as viagens com a equipe profissional. A ordem é que apenas atletas, integrantes da comissão técnica e dirigentes do departamento embarquem. Conselheiros e colaboradores estão proibidos. Os interessados em acompanhar a equipe terão de custear passagem e hospedagem.
Para o Uruguai, onde o Timão enfrentou o Danubio, pela Libertadores, na última terça-feira, o número ainda foi elevado. Foram até Montevideu o vice Jorge Kalil, o gerente de futebol Edu Gaspar, o diretor de futebol Sergio Janikian e o adjunto Eduardo Ferreira, além do conselheiro Manoel Evangelista, o “Mané da Carne”, como chefe da delegação.

Timão na chegada ao Uruguai: clube quer diminuir gastos com as viagens do futebol
– As viagens devem ser feitas estritamente pelo futebol. Temos um número mínimo de passagens repassadas pela CBF e pela Conmebol, e vamos ficar nisso. Se pudermos fazer menos, vamos fazer – disse Piovesan.
O Corinthians espera para as próximas semanas conseguir um empréstimo bancário para quitar débitos de direito de imagem com sete jogadores do elenco (Renato Augusto, Ralf, Elias, Guerrero, Emerson, Danilo e Jadson), pagar empresários e, principalmente, investir na renovação de contrato do centroavante peruano. A ideia é receber o dinheiro no início de abril para acertar as contas.
A direção garante que a ideia é manter o elenco até o fim do ano, mas boas propostas por jogadores dificilmente serão recusadas. O zagueiro Gil é um dos mais cotados a sair. Por outro lado, o Timão só se reforçará com jogadores de baixo custo. Estrelas chegarão apenas se não precisarem de grande investimento.
– Vai ser difícil esse ano (contratar jogadores renomados). Só se vier um patrocinador, como acontece com outras equipes. Vamos fazer de tudo para manter o plantel. O elenco está fechado, mas, se aparecer uma boa oportunidade, vamos atrás. Nossa prioridade é pagar os outros atletas. Não estamos contando com a venda de jogadores. Queremos resolver nosso problema de fluxo de caixa buscando reduções de custos e novos recursos.
Vice de finanças entre 2005 e 2007 na gestão de Alberto Dualib, Piovesan foi candidato a vice de Antônio Roque Citadini na última eleição. Após a derrota de seu grupo, acabou sendo convidado por Roberto de Andrade e Andrés Sanchez a fazer parte da diretoria liderada pela situação.
– Eu tenho meu posicionamento político, mas meu objetivo sempre foi ajudar o clube. As coisas que eu criticava ainda quero corrigir. Para isso, eles estão me dando essa oportunidade e me sinto lisonjeado por ter sido convidado. Tenho de fazer o meu melhor para ajudar o Corinthians. O meu grupo político continua, mas, hoje, sou mais ligado à situação – finalizou.