Intensidade. A palavra é uma das favoritas de Tite para explicar o que gosta em seus times. E é justamente isso que tem mostrado o Corinthians, na terceira passagem do treinador pelo Parque São Jorge. Já são 11 jogos de invencibilidade, vitórias indiscutíveis e sem sofrer gols em decisões e o rótulo de sensação dado ao time que já virou favorito neste início de temporada.

Tite passou um ano sem trabalhar desde que deixou o Corinthians, no fim de 2013. E se reciclou, como costuma dizer. Estudou, viajou, espaireceu. Discutiu ideias com os consagrados Ancelotti e Bianchi, leu livros de Guardiola, Simeone e Cruyff e deu um ar "mais europeu" à sua forma de comandar. E vem implementando, com sucesso, no time alvinegro.

Mas o Corinthians de Tite não é muito diferente da equipe que conquistou a América e o mundo em 2012. Uma das marcas da equipe é a intensidade até a marcação do primeiro gol, para depois neutralizar os adversários no meio de campo, jogar com inteligência e apostar na frieza tática para segurar a vitória.

O atual Corinthians de Tite também lembra muito a equipe da temporada 2012 por esse quesito. Fora de casa, o clube segura o ímpeto do time da casa sem demonstrar nervosismo, esfriando o jogo e apostando em ataques certeiros e pontuais. Foi assim nos principais duelos fora de casa em 2015 até o momento.

Contra o São Paulo, neste domingo, no Morumbi, foi o que aconteceu. O Corinthians vazou a meta de Rogério Ceni ainda aos 11 minutos, em seu primeiro ataque. Aliás, a eficiência é a principal arma do Corinthians. Só lembrar do clássico contra o Palmeiras e no triunfo diante do San Lorenzo, atual campeão da Libertadores. Outras duas vitórias por 1 a 0 e fora de casa.

"A equipe treina assim. Ou então fica um discurso bonito para técnico e torcedor ouvir, para a imprensa observar. A essência é o treinamento, leva para dentro de campo essa intensidade para reproduzir no jogo", explica Tite. De fato, quem acompanha aos treinamentos do Corinthians repara que o treinador cobra intensidade a cada minuto de seus comandados.

Já dentro de casa, o "novo Corinthians" de Tite é igualmente parecido com a equipe sensação de 2012. A intensidade e eficiência nos minutos iniciais é crucial para o sucesso da equipe, que, assim como aconteceu quando atuou como visitante, não levou gols nos principais desafios da temporada: atropelou o Once Caldas por 4 a 0 e venceu o São Paulo por 2 a 0, ambos pela Libertadores e com tentos nos minutos iniciais.

"Quando você é organizado, tem um espaço maior para a criatividade. Depois que repete uma série de movimentos, não precisa pensar. Nosso primeiro jogo contra o São Paulo foi exceção. Aquilo é um padrão, uma referência. É difícil reproduzir. Não é que o São Paulo jogou mal, mas nós jogamos muito", analisou Tite, sobre o Majestoso pelo torneio sul-americano.

A invencibilidade de 11 jogos - com nove vitórias e dois empates - em partidas oficiais no retorno de Tite parece com a de sua segunda passagem. Tite chegou no fim de 2010 e, até a derrota para o Tolima no ano seguinte, a primeira na ocasião, somou 13 duelos invicto, com seis triunfos e sete empates.

Em 2012, ano que levou o Corinthians ao título da Copa Libertadores e do Mundial de Clubes, Tite também teve início fulminante. Somou nove vitórias e três empates nas 12 primeiras partidas oficiais do ano e, no fim das contas, faturou o torneio continental de forma invicta, em conquista que o levou ao status de ídolo alvinegro.

"Não podemos ter um falso humilde ou ter o complexo de vira-lata. Estamos ganhando, mas vamos perder. Quando está bom, está bom. Mas temos de crescer em jogadas de bolas paradas. Aí vai o técnico cobrar no vídeo e mostrar. É inevitável que vamos perder, mas ter essa preparação nos treinamentos é fundamental", cobrou o técnico.

Até o momento, o Corinthians lidera o "Grupo da Morte" da Libertadores e também a chave B do Campeonato Paulista, com campanhas invictas e, por enquanto, incontestáveis. E volta a campo na próxima quarta-feira, quando terá pela frente o São Bernardo.