Com Flamengo e Corinthians abocanhando, sozinhos, 28% dos R$ 300 milhões divididos pela Rede Globo no pay-per-view do Brasileiro, os demais clubes se articulam para tentar mudar a forma como o rateio do dinheiro é feito. Eles não apenas contestam a metodologia utilizada nas pesquisas pelo Ibope em conjunto com o Datafolha como propõem um modelo supostamente mais democrático para distribuir a receita.
A princípio, o diretor executivo de esportes da emissora, Marcelo Campos Pinto, não descartou a discussão.
Pressionado pelo presidente do Vasco, Eurico Miranda, durante o Conselho Técnico da Série A, na última segunda-feira, ele respondeu apenas que a CBF não era o fórum adequado para o assunto.
Uma reunião deve acontecer em maio.
Boa parte dos dirigentes contesta a estratégia de pesquisa dos institutos, considerada rasa por contar com um campo que compreende, segundo dados de 2014, apenas 1.825 mil domicílios e menos de 10 mil torcedores. Mais do que isso: baseada apenas na pergunta para qual time o entrevistado torce.
Uma das sugestões é de que, em caso de mudança, ele passasse a ter de listar as suas cinco equipes preferidas.
"O Ibope não entende nada. Não sabe nada. Quem sabe sobre o Vasco sou eu. E minha torcida é muito maior do que essas que eles falam que estão na minha frente", se exaltou o cruzmaltino Eurico Miranda, durante o encontro no início da semana.
Rateio do pay-per-view do Brasileiro em 2014
De acordo com a cláusula sexta do contrato firmado com a Globo até 2018, uma mudança na pesquisa passa pelos próprios clubes.
"A pesquisa deverá ser conduzida por um instituto de pesquisa independente a ser escolhido pelos clubes cedentes, ficando a cargo destes também a eventual alteração na metodologia que deverá ser feita até o fim do ano posterior ao da pesquisa, desde que as indicações ocorram até o dia 31 de janeiro do respectivo ano. Caso não haja indicação, a Globosat realizará a pesquisa junto ao Ibope e/ou Datafolha e entregará o(s) respectivo(s) resultado(s), considerando a metodologia descrita acima", diz um dos trechos do documento que o ESPN.com.br teve acesso.
Essa não é a única alteração no pay-per-view que deverá ser colocada em pauta na reunião com a Globo em maio.
Outra proposta é para que 40% do total a ser dividido seja repartido igualmente entre todas as equipes. 30% seriam ainda rateados conforme desempenho técnico enquanto os demais 30% ficariam dentro do critério atual de torcida.
A sugestão deve encontrar resistência. Além de Flamengo e Corinthians, o Cruzeiro foi um dos que já se manifestou contrário a eventuais modificais. Os atuais bicampeões brasileiros foram os que mais cresceram na última temporada, com um aumento de 0,90% em sua fatia nos R$ 300 milhões.