4/3/2015 16:26
Relembre a revolução e o impacto causado pela Democracia Corintiana
O viés ideológico do Corinthians dos início dos anos 1980, um time onde todos tinham voz, é destaque do novo quadro "Grandes Times do Futebol" do programa "É Gol!!!"
Todos tinham voz, do roupeiro ao presidente, naquele Corinthians do início dos anos 1980 (Foto: Agência Estado)
Uma equipe que entrou para história pelo que fez dentro e fora de campo. Este era o Corinthians entre os anos de 1982 e 1984, período que ficou conhecido como Democracia Corintiana. Um movimento ideológico, onde jogadores, funcionários, comissão técnica e diretoria formavam uma espécie de "autogestão", e deliberavam sobre assuntos que iam desde a não obrigação da concentração até em questões como contratações e dispensas, passando inclusive pela escalação do time. Esta história é relembrada pelo quadro "Grandes Times do Futebol" do programa "É Gol!!!".
Naquela época, a sociedade brasileira acompanhava os últimos anos da ditadura militar instituída em 1964. A população ia, com cada vez mais força, às ruas pedindo a volta da democracia. A voz do povo, então, ganhou mais força com um movimento surgido no futebol. Tudo começou, porém, em um momento ruim atravessado pelo Corinthians.
No Campeonato Brasileiro de 1981, o Timão se classificou apenas na 26ª colocação em um torneio com 44 clubes. Algo precisava ser feito, e a mudança veio de forma radical. No ano seguinte o sociólogo Adilson Monteiro Alves foi designado para o cargo de diretor de futebol. Ele era uma pessoa de fora do "mundo do futebol", mas que soube falar "a língua" dos jogadores. Isso fez toda a diferença.
- Me reuni com os jogadores e disse: "Olha pessoal, está tudo errado mas eu não sei como é o certo. O futebol é extremamente autoritário, conservador, horrível, paternalista... e fizemos aquela famosa reunião, que tanto se fala, e durou um noite inteira de conversa. Foi nesse dia que eu conheci os jogadores do Corinthians, em uma concentração - lembra Adilson.
O grupo de jogadores tinha figuras como Sócrates e Casagrande, que eram bastante interessados em política. A autogestão democrática das coisas do clube refletia tudo aquilo que o povo desejava para o país.
- Começamos ali a modificar o futebol, e fomos ao extremo. Por que concentrar? Não vamos concentrar. Por que tomar cerveja escondido? Vamos tomar cerveja dentro do Parque São Jorge depois dos jogos - cita o sociólogo.
As decisões sobre os rumos da equipe eram tomadas através do voto. Todos tinham o mesmo peso, do roupeiro ao presidente. Outra coisa que chamava a atenção eram as frases escritas nas camisas, que mostravam o sentimento dentro do Corinthians.
Além do clima de liberdade, a equipe passou a apresentar bons resultados em campo. O Corinthians foi semifinalista no Brasileirão de 1982 e, naquele mesmo ano, conquistaria o Campeonato Paulista sobre o São Paulo. No ano seguinte, em outra decisão contra o Tricolor, o Timão conquistou o bicampeonato.
Os títulos colocavam uma dúvida nas cabeças dos dirigentes e dos políticos daquela época. Seria a democracia o modelo a ser seguido? Mas os anos de 1984 e 1985 não seriam nada bons para o Corinthians. Os resultados voltaram a sumir, e Sócrates deixou o Alvinegro para defender a Fiorentina-ITA. A saída do Doutor foi, na verdade, uma reação à não aprovação da emenda Dante de Oliveira, que restabelecia a democracia no Brasil.
O meio-campista só voltaria ao Brasil em 1985, para jogar pelo Flamengo. Naquele mesmo ano a ditadura militar sai de cena, mas os brasileiros só puderam votar para presidente em 1989. No entanto a Democracia Corintiana, além de belos gols, deixou um exemplo de consciência e cidadania.
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