Batista faz trabalho consistente e coloca Sapo como melhor time do interior de São Paulo em 2015 (Foto: Geraldo Bertanha / Mogi Mirim)
De um lado estará um treinador consagrado que, de olho na Copa Libertadores da América, irá encarar a próxima partida do Campeonato Paulista sem a importância dada a um jogo decisivo. Do outro, um técnico que busca espaço no cenário nacional e, pela dimensão de disputar o primeiro duelo da carreira contra o Corinthians, classificou a partida como ‘’inenarrável’’.
Além de colocar em campo um dos principais favoritos ao título contra a melhor e única equipe invicta do interior, o confronto entre Corinthians e Mogi Mirim ficará marcado especialmente para Claudinho Batista. Na primeira vez que irá enfrentar Tite, o comandante do Sapo pretende usar as lições aprendidas com Vanderlei Luxemburgo, seu mentor nos tempos de atleta, para vencer aquele que considera o melhor técnico do país na atualidade.
– Como jogador, tive a oportunidade de trabalhar com grandes treinadores: Rubens Minelli, Otacílio Gonçalves, Vanderlei Luxemburgo, fora outros nomes. Sou devoto do Vanderlei, tenho uma admiração muito grande por ele, que é um treinador que eu sempre gostei e me ajudou muito no futebol. Sempre acompanhei o trabalho dele e carrego comigo muita coisa que aprendi com ele – afirmou Batista, comandado por Luxa quando atuou por Paraná e Ponte Preta Preta, na década de 1990.
Luxemburgo voltou ao Flamengo em 2014 e fez o time carioca evoluir: espelho para Claudinho (Foto: Getty Images)
Claudinho foi contratado pelo Mogi Mirim em junho com a missão de não deixar com que as polêmicas extracampo envolvendo o presidente Rivaldo atrapalhassem a campanha na Série C do Campeonato Brasileiro. Cumpriu a missão tão bem que conduziu o Sapo à Série B, após dez anos longe da divisão. O "prêmio" veio com a continuidade do trabalho e, em seguida, a oportunidade de dirigir pela primeira vez uma equipe no Paulistão.
Os 14 pontos, conquistados com quatro vitórias e dois empates, deixam o Mogi na segunda colocação do Grupo 1, que tem o São Paulo na liderança, com 16 (são cinco de vantagem para o Ituano). O Sapo é a única equipe invicta do interior, campanha inspirada justamente no rival deste domingo. Claudinho Batista credita a boa campanha ao empenho dos jogadores e ao aprendizado que tem com Tite, de volta ao Corinthians após ano sabático de estudos.
– A gente vê o que o Corinthians do Tite conquistou nos últimos anos e admiração que eu tenho por ele dobra. Aprendi que uma equipe tem que ter humildade para marcar e personalidade para jogar. Vejo que o Tite tem isso, o time dele marca muito forte. Também gosto de uma transição boa do meio para o ataque para podermos finalizar mais o jogo. Ele é um espelho para mim – comentou.
Tite levou Timão ao título mundial, saiu no fim de 2013 e voltou depois (Foto: Daniel Augusto Jr / Agência Corinthians)
Admiração à parte, Claudinho Batista sabe da dificuldade que terá, mesmo se o Corinthians usar o time reserva – algo que deve acontecer por causa do compromisso contra o San Lorenzo, quarta-feira, pela segunda rodada da Libertadores. Se conseguir a vitória, o Mogi quebrará um tabu: o Timão não perde em casa desde o dia 18 de maio, quando foi derrotado por 1 a 0 para o Figueirense, na partida que inaugurou a arena corintiana, pela quinta rodada do Brasileirão. Receoso, o treinador não esconde a ansiedade e diz o que vai pedir ao elenco uma postura ousada, que lhe garanta ao menos a invencibilidade ao fim da rodada.
– É um compromisso inenarrável que a gente vai ter. O Corinthians é o Corinthians, não importa se vai entrar com o time A ou time B. É uma nação, uma torcida. E tem o tabu, que eles só perderam uma vez lá. Mas é futebol e não tem porque temer tudo isso. A gente tem um certo receio do que meu time vai apresentar diante de um Corinthians lá dentro. Vamos nos doar ao máximo. Temos que ter humildade para marcar e personalidade para jogar – finalizou Batista, ao citar mais um ensinamento aprendido com Luxemburgo e que foi renovado com o sucesso de Tite.