Tite orienta a equipe na vitória por 2 a 0 sobre o São Paulo na Arena Corinthians pela estreia da Libertadores.
O triunfo sobre o São Paulo na Arena Corinthians está na história pelo confronto inédito na Libertadores. É marcante também por afirmar a equipe de Tite, já intensa e organizada na sexta partida oficial de 2015 - a quarta com os titulares.
Os méritos são muitos: trabalho coletivo consistente, compactação bem coordenada dos setores, gols trabalhados com trocas de passes. Especialmente por conseguir tudo isso sem Guerrero, artilheiro e grande destaque corintiano no ano passado.
Mas o bom momento não isenta um time de críticas. O blog reconhece virtudes, porém não deixa de observar defeitos. Por isso procurou o técnico do Corinthians para discutir os que verificou no clássico da quarta-feira.
A começar pelo recuo gradativo depois do gol de Elias e excessivo, na opinião deste que escreve, nos últimos vinte minutos do primeiro tempo. Exatamente quando o time são-paulino parecia mais fragilizado, entregue.
"A minha interpretação - idéia e compreensão de futebol - é que no jogo, principalmente contra equipes qualificadas, se formos superiores ao adversário em posse de bola, criação, conclusão e marcação em dois terços da partida, estaremos muito próximos de vencer. Porém é inevitável que o adversário passe momentos com posse de bola (domínio) e nestes momentos o que fazemos é não deixar o adversário criar e concluir (controlar)", explica o treinador.
O outro ponto abordado foi a saída de bola. Os zagueiros Felipe e Gil e o volante Ralf não são um primor no passe. Se pressionados, quase invariavelmente recuam para a ligação direta do goleiro Cássio procurando o pivô para buscar o rebote, ou "segunda bola". Ou então acionam com passes simples e horizontais os laterais Fagner e Fabio Santos, que começam a construção das jogadas em velocidade.
Tite não discordou e ainda comentou sobre a opção do técnico adversário no "Majestoso": "A ideia do Muricy do sistema 4-4-2 com losango tinha por objetivo a superioridade numérica no centro do meio campo, quatro contra três, que foi compensada quando estávamos sem bola pela compactação. Em contrapartida nossa iniciação com os laterais ficou mais difícil de marcar e soubemos explorar este aspecto."
A pergunta simples e direta: se o adversário pressionar a saída pelas laterais o time trava?
"As tuas constatações refletem a minha idéia de que qualquer sistema tático, atleta ou técnico tem seu lado bom e, digamos, seu lado não tão bom. Nesse caso, a saída fica mais difícil, sim. A manobra é fazer alternadamente os dois meio-campistas, direito e esquerdo - Renato Augusto ou Elias, no caso - buscarem próximo ao central (Ralf) ou dois zagueiros", esclarece Tite.
Para Tite, a solução para o bloqueio das laterais na saída de bola é o recuo de Elias ou Renato Augusto para ajudar Ralf e os zagueros Felipe e Gil.
O blogueiro não tomou mais tempo do treinador. Mas, mesmo respeitando o ponto de vista diferente, mantém a opinião de que era a chance de pulverizar qualquer chance de reação do adversário com pressão e o segundo gol, ainda no primeiro tempo. Em um esporte tão imprevisível, sujeito a "acidentes" como falhas individuais e lampejo ou golpe de sorte, a chance de definir não pode ser desperdiçada.
Sobre a saída de bola, a escalação de um volante com passe mais qualificado pelo centro - como Cristian, por exemplo - já minimizaria o problema.
No final, para "quebrar o clima", digo que as críticas, mesmo numa boa fase, são construtivas e tento justificar com um certo perfeccionismo de analista que imagino existir nele também, como treinador.
A resposta corrige o jornalista e ajuda a explicar o ótimo momento do Corinthians, novamente comandado pelo técnico mais vencedor de sua história. "Perfeição, não. Busco a excelência!"