19/2/2015 09:38

Efeito Tite: a transformação do Corinthians em 45 dias

Técnico foi comemorar com jogadores após o segundo gol do Corinthians

Efeito Tite: a transformação do Corinthians em 45 dias
Fim de 2013. Adenor Bachi deixou o Corinthians com status de ídolo, após ganhar tudo à frente do time alvinegro. Mas saiu depois de uma temporada abaixo das expectativas, com a sombra da fama de "empatite" nas costas. Injusto para o campeão continental e mundial invicto. Veio Mano Menezes, que em um ano não conseguiu definir um padrão à equipe paulista, sem títulos e com uma temporada mediana. Voltou Tite. Que, em 45 dias, transformou o elenco alvinegro em uma máquina de marcação e aplicação tática dentro de campo.

Contra o São Paulo, nesta quarta-feira, em indiscutível triunfo por 2 a 0 que poderia ter sido bem mais elástico, o que se viu foi um Corinthians esbanjando vontade dentro de campo. O antes criticado Emerson Sheik, que conseguiu perder o status de ídolo obtido com os dois gols do título da Libertadores e foi emprestado ao Botafogo, voltou a ser o jogador que anteriormente conquistou a torcida alvinegra, por exemplo. No clássico, o veterano atacante distribuiu carrinhos e saiu ovacionado, algo impensado em 2014.


A volta por cima de Emerson é só um exemplo do "dedo de Tite" no Corinthians que tem dado o que falar neste início de temporada. O diário argentino Olé foi um dos que se rendeu à equipe de Adenor: "um Timão perigoso" foi o que noticiou o periódico nesta quinta, enaltecendo a obediência tática alvinegra contra um dos favoritos ao título, o arquirrival São Paulo. O treinador resgatou não só o camisa 11, como também Elias, Danilo e o desacreditado zagueiro Felipe.

"O Corinthians foi muito superior em todos os sentidos. O Corinthians se postou muito bem, marcou muito bem e controlou os espaços", reconheceu Muricy Ramalho, cabisbaixo, na entrevista logo após o clássico. O treinador admitiu que treinou exaustivamente as jogadas com Danilo de pivô, muito explorada por Tite no Corinthians sem Guerrero, suspenso. Mas nada adiantou. "Caímos no erro de ter o Danilo saindo da área e vermos a infiltração, isso foi muito mostrado, só que tem dia que não dá certo mesmo", esbravejou o técnico tricolor.

Quase esquecido com Mano Menezes, onde passou o ano inteiro praticamente no reserva, o meia Danilo é outra aposta de Tite que tem dado certo. Escalado como pivô com a suspensão de Guerrero, abriu espaços de forma inteligente, exercendo de maneira perfeita a função de dominar a bola e servir os companheiros que vem de trás. Foi assim no gol de Elias. Danilo tabelou com o meio-campista e serviu Jadson, que deu lindo lançamento para o tento de Elias. E contra o Palmeiras, quando, atuando mais recuado, fez o gol da vitória.

Com o meio de campo congestionado por três volantes, o São Paulo foi presa fácil para o Corinthians de Tite. No 4-1-4-1, com Jadson e Emerson nas alas ofensivas e Fágner e Fábio Santos apoiando o ataque, o treinador alvinegro soube como infiltrar nos espaços centrais deixados pelo setor tricolor, bagunçado pelas investidas laterais. As infiltrações de Elias, pouco usadas com Mano, foram a arma do primeiro gol corintiano. Renato Augusto foi outro bom nome, mesmo que de forma mais apagada.

"Os atletas abraçaram a metodologia desde o primeiro treinamento, e a equipe adquiriu confiança com um bom desempenho. Os dois jogadores de lado têm funções importantes na nossa equipe. Os três centrais, um primeiro meio-campista mais preso, o Elias e o Renato é um vai e vem , isso dá infiltração na equipe e explica a utilização do Danilo, que faz a retenção para outros analisarem", definiu Tite depois do duelo.

O "efeito Tite" foi mostrado em lance curioso ocorrido no segundo tempo. Após o gol de Jadson, o treinador deixou sua área e foi correndo até o camisa 10, gritou com o elenco, comemorou com a torcida e voltou para o seu lugar. Após o duelo, entrou em campo para abraçar cada um dos jogadores que se entregaram em campo. É um dos jeitos de o técnico arrancar ainda mais vontade de seu elenco. Como fez na Libertadores de 2012 quando, expulso nas quartas contra o Vasco, foi acompanhar o fim do jogo das arquibancadas.

De time contestado no ano passado com Mano, Tite transformou o Corinthians em uma equipe respeitada e competitiva, em apenas 45 dias desde que iniciou os trabalhos, na reapresentação de 5 de janeiro. Desde lá, em jogos oficiais, são cinco vitórias e um empate. Sendo dois triunfos em clássicos - além do duelo contra o São Paulo, outro foi contra o Palmeiras, no primeiro Dérbi no Allianz Parque - e mais a acachapante goleada por 4 a 0 contra o Once Caldas, pela pré-Libertadores.

O triunfo por 2 a 0 contra o São Paulo, no Majestoso mais importante dos últimos tempos, o primeiro na história pela Libertadores, deu um gás ainda maior ao "novo velho" Corinthians de Tite. "O sentimento no São Paulo é de que faltou pegar um pouco mais, diminuir mais", como disse Muricy depois do duelo. Resta ver até quando vai durar o fôlego alvinegro com Adenor Bachi no comando. O próximo compromisso é no domingo, contra o Ituano, pelo Campeonato Paulista.


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