Danilo é o maior jogador da história do futebol a jamais ter vestido a camisa de sua seleção. Sei que tratamos de um universo gigantesco, no qual a precisão nesse tipo de afirmação é impossível. Mas é um desafio mesmo. Apresentem-me um jogador maior que Danilo, e que nunca tenha sequer pisado num gramado com a camisa de sua seleção, em qualquer país.
Cabe ressaltar: maior é diferente de melhor. Pode até haver algum jogador melhor, e jamais convocado – se houver serão pouquíssimos –, mas maior, duvido. Danilo é do tamanho de ter conquistado um título paulista, um brasileiro, uma Libertadores e um Mundial pelo São Paulo, e depois repetido tudo no Corinthians, onde ainda somou uma Recopa. E quase sempre como protagonista.
Pelo Tricolor, Danilo foi carrasco do Timão. No Timão, Danilo é carrasco do Tricolor. E em ambos, se cansou de fazer gols no Palmeiras. No último domingo, mais um (assista no vídeo acima), numa partida especial, o primeiro dérbi no novo estádio do rival. Quanto maior o jogo e maior o adversário, maior é o brilho do gigantesco meio-campista.
Danilo comemora gol marcado contra o Palmeiras na vitória por 1 a 0 do Timão
Poucos jogadores foram e são tão decisivos. Isso não foi suficiente para que Danilo tivesse uma chance na seleção brasileira. Nem mesmo em jogos festivos, como a despedida de Romário, em 2005, ou nas edições de 2011 e 2012 do Superclássico das Américas.
Em todas essas convocações, apenas atletas que atuavam no futebol brasileiro podiam ser chamados. Nem assim...
Renato Abreu, Cícero, Durval, Marcinho, Gláuber, Magrão, Cortez, Wellington Nem... Jogadores bem menores que Danilo, com todo o respeito, mas estiveram lá.
Há craques, por exemplo, que nunca disputaram uma Copa do Mundo. Alex, Amoroso, Djalminha, Evair, Marcelinho Carioca, entre outros. Mas esses têm, no currículo, jogos de Eliminatórias, Copas Américas ou amistosos.
Eles sentiram o gostinho de servir o país. E Danilo? Por que não?
Difícil responder. O craque – um jogador do seu tamanho merece ser chamado assim, ainda que a definição técnica talvez seja exagerada – é o reflexo da falta de marketing. Não há maquiagem em Danilo.
Ele não aparece em redes sociais, não acumula namoradas celebridades, não dá declarações bombásticas, não dança em comemorações. Veja, no vídeo abaixo, o desprendimento ao comentar, no seu tom caipira, o gol decisivo. Ele é até meio desengonçado, desprovido de estilo, parece fazer tudo em câmera lenta. Mas joga o fino da bola.
Craques que nasceram em países carentes de tantos bons jogadores, claro, defenderam suas seleções: George Weah na Libéria, Shevchenko na Ucrânia, Adebayor em Togo...
Sem falar nos naturalizados. Emerson Sheik já defendeu a seleção do Catar (!!!).
Desde que Danilo saiu do Goiás para o São Paulo, em 2004, e ganhou repercussão nacional, continental, mundial, passaram pela Seleção Carlos Alberto Parreira, Dunga, Mano Menezes e Luiz Felipe Scolari.
Nada de Danilo. Agora, há quem sugira um jogo de despedida, uma homenagem ao jogador que fará 36 anos em junho.
Sou contra. Já que não serviu para competir, que pelo menos mantenha a alcunha de maior da história a nunca ter jogado em sua seleção.