Arsene Wenger, treinador do Arsenal
Surpreende, pelo menos para a maioria do público brasileiro, a rápida ascensão do zagueiro Gabriel Paulista, de 22 anos. Atleta do Vitória de 2010 a 2013, mas pouco conhecido no cenário nacional, o jogador foi contratado do Villarreal por R$ 43,8 milhões, no início deste ano, ganhou a camisa 5 do time londrino e com apenas um treino já foi relacionado para a partida deste domingo, contra o Aston Villa, pelo Campeonato Inglês.
Surpreendeu ainda mais, principalmente os torcedores brasileiros, a justificativa do técnico Arsène Wenger para a transferência desse jovem defensor.
Os rastros do 'abusado' ex-zagueiro do Chelsea David Luiz permanecem na Grã-Bretanha, e em entrevista apenas para jornais locais, nesta sexta-feira, o treinador do Arsenal ouviu perguntas de jornalistas preocupados com possíveis escapadas para o ataque do novo reforço 'gunner.'
Além de cutucar o hoje jogador do Paris Saint-Germain, dizendo que David "se parece mais com um volante, enquanto Gabriel é um defensor de verdade e quer defender", Wenger fez um discurso quase antropológico sobre as características dos atletas brasileiros e explanou acerca de cariocas e paulistas:
Eduardo Silva comemora gol no Inglês 2009/10
"Jogadores do Rio e de São Paulo são diferentes. Um lugar é mais praia, o outro mais trabalho. Em São Paulo são mais determinados, são lutadores, é uma cidade de trabalhadores. O Rio é mais praia, mais relaxado."
Uma olhada no histórico de transferência de 'brazucas' para o Arsenal revela que, de fato, o técnico francês tem uma predileção por jogadores de São Paulo.
De nove contratados desde que assumiu o Arsenal, em 1996, Wenger escolheu seis paulistas, apenas dois cariocas e um mineiro. O resultado nem sempre condiz com a crença do comandante.
Confira:
- Sylvinho, paulista e revelado pelo Corinthians, o lateral esquerdo esteve no time londrino entre 1999 e 2001.
- Juan, paulista e revelado pelo São Paulo, outro lateral esquerdo, foi contratado em 2000, com 19 anos e disputou apenas duas partidas pelos Gunners.
- Edu, paulista e revelado pelo Corinthians, o atual gerente de futebol do time paulista teve sucesso em quatro temporadas pelos Gunners como volante, de 2001 a 2005, vencendo dois campeonatos ingleses e três copas da Inglaterra.
- Gilberto Silva, nem paulista, nem carioca, o volante é mineiro, começou no América de Belo Horizonte e virou lenda do Arsenal com sua passagem de 2002 a 2008 pelo clube.
- Júlio Baptista, paulista e revelado pelo São Paulo, o atacante foi emprestado pelo Real Madrid em 2006/07 e marcou seus gols com a camisa vermelha e branca.
- Denilson, paulista e revelado pelo São Paulo, o volante defendeu o Arsenal de 2006, ainda com 18 anos, a 2011.
- Eduardo Silva, é carioca e brilhou com os Gunners de 2007 a 2010, mas há um porém: tornou-se profissional por uma equipe da Croácia, país pelo qual acabou se nacionalizando .
- André Santos, paulista, revelado pelo Figueirense e destacado no Brasil pelo Corinthians, foi um fiasco no Emirates de 2011 a 2013.
- Wellington Silva, carioca, atacante fruto da base do Fluminense em Xerém, desembarcou em 2011 na Inglaterra e sequer defendeu o Arsenal, sendo emprestado a Levante, Alcoyano, Ponferradina, Murcia e Almería, todos da Espanha, nos últimos anos.
Edu com o Arsenal na temporada 2004/05
Curiosamente, o primeiro brasileiro que provavelmente chamou a atenção de Wenger como treinador deve ter sido um jogador do Rio de Janeiro.
Quando esteve no Japão para comandar o Nagoya Grampus, o francês comprou um defensor carioca - "um zagueiro muito bom", diz ele - Alexandre Torres, ex-Fluminense e Vasco, filho do capitão da seleção brasileira campeã do mundo em 1970, Carlos Alberto Torres.
Em tempo: David Luiz, 'cornetado' pelo técnico do Arsenal, é paulista.