O Corinthian-Casuals não veio para vencer. Mais do que buscar uma vitória no amistoso festivo de sábado, o clube amador que inspirou a fundação do Corinthians em 1910 esperava conquistar novos fãs em sua excursão pelo Brasil.

E tem conseguido. Após treinar no CT Joaquim Grava e interagir com torcedores no aeroporto, no Parque São Jorge, na Arena Barueri e até em uma churrascaria, os jogadores ingleses foram à quadra da Gaviões da Fiel para prestigiar um ensaio da escola de samba corintiana na noite desta terça-feira.

Novamente, todos do Corinthian-Casual tiveram uma recepção digna de ídolos. Foram interpelados com pedidos para posar para fotografias desde que desceram do ônibus até depois de cruzarem a entrada da sede da torcida organizada.

Contagiados pelo batuque da bateria, deram atenção aos curiosos e ainda ensaiaram alguns passos de dança no meio do caminho – com destaque para o ponta Juevan Spencer, que, apesar de dizer ao pé do ouvido de uma moça morena que não sabia sambar, requebrou sorridente no ritmo da batucada.


Quando os demais jogadores do Casuals também se sentiram à vontade, com latas de cerveja em mãos, o intérprete Ernesto Teixeira resolveu apresentar o elenco aos torcedores.

Os visitantes foram chamados ao palco e ouviram as boas-vindas em um discurso traduzido para o inglês. Depois, escutaram uma canção que tem embalado os seus últimos dias em São Paulo – o hino do Corinthians.



Como os atletas do Casuals pulavam como verdadeiros torcedores enquanto bandeiras eram agitadas na quadra, o ambiente de arquibancada continuou no ensaio de Carnaval. O “Todo-Poderoso Timão” já era reverenciado com um sotaque britânico naquele momento. “Temos que parar um pouco o ensaio para mostrar para eles o que fazemos nos jogos”, explicou Ernersto, ao microfone.

Não eram necessárias muitas explicações. Doutrinados desde domingo, dia em que chegaram ao Brasil, os ingleses desceram do palco e juntaram-se de maneira quase natural ao público corintiano. Abraçaram-se e começaram a pular lateralmente, tentando acompanhar o coro: “Corinthians veio para vencer! Poropopó-pó-pó-pó-pó!.

Segundo Chris Watney, diretor comercial do Corinthians-Casuals (além de atacante nas horas vagas) e responsável por viabilizar a visita ao Corinthians, essa letra é a de mais fácil aprendizado para o seu time. “‘Po-po-po-pó-pó-pó-pó!’ Isso é simples para nós. Cantamos no nosso hotel. Também sabemos: ‘Salve o Corinthians!’. Não tento ensinar essas coisas, mas o ‘po-po-po-pó’ já pegou. Eles conhecem”, contou, sorridente.

Mesmo aprovada no “poropopó”, a delegação britânica ainda precisa de bons professores de percussão. Apenas alguns corajosos se atreveram a brincar com os instrumentos da Gaviões da Fiel quando foram convidados. A maior parte continuou a dar atenção aos mais variados torcedores, como a “Vovó da Fiel”, que ganhou fama em um programa de televisão e não perdeu a chance de tietar os jogadores amadores europeus.

Anônimos na Inglaterra, os representantes do Corinthian-Casuals mais uma vez demonstraram satisfação com aquele assédio. Sem compreender quase nada em português, eles conseguiram se comunicar com os brasileiros através da linguagem universal dos sorrisos.

Grande destaque do time britânico, o atacante Jamie Byatt até trocou um chaveiro por uma camiseta da Gaviões da Fiel depois de ser cutucado por um estranho.

“Os torcedores me ajudam a aprender um pouco mais do Corinthians. Eles começam a cantar, e eu tento acompanhar”, sintetizou Jamie, cada vez mais à vontade no Brasil. Afinal, ainda que não tenham vindo para vencer (conforme cantaram ao fazer “poropopó” na Gaviões da Fiel) o Corinthians no jogo amistoso de sábado, em Itaquera, ele e os seus companheiros já podiam se considerar vitoriosos àquela altura.