Por acaso, Harison não pôde integrar o elenco profissional do São Paulo no início de 2001 por ser peça importante no time sub-20. Como o técnico Oswaldo Alvarez precisava de alguém para compor o grupo, chamou o reserva Kaká e mostrou ter estrela: o então franzino meia-atacante foi decisivo no título inédito do Torneio Rio-São Paulo.
Agora, 14 anos depois, os caminhos dos dois meias voltam a se cruzar, desta vez nos Estados Unidos. Lá, Kaká é astro do Orlando City, ostenta o prêmio de melhor do mundo de 2007 e será a grande atração da MLS, principal liga do país. Já Harison, aos 35 anos, tentará a sorte no Fort Laudardale Strikers, da NASL, uma liga secundária.
As duas equipes estão em cidades da Flórida, o que permitirá que os amigos voltem a se encontrar. Na adolescência, não era difícil vê-los juntos na casa de Kaká ao lado de Renatinho e Emerson Sheik. O atacante que treina com o Corinthians em Fort Laudardale, inclusive, tem tentado ajudar Harison a ganhar uma chance na equipe local.
Os Strikers foram adquiridos recentemente por um grupo de brasileiro, incluindo o ex-jogador Ronaldo Fenômeno. A ideia de ter um brasileiro agradou à franquia e pode ser concretizada nesta quarta-feira após reunião com o empresário do jogador, Fábio Oliveira. Harison tem familiares nos Estados Unidos, mais precisamente em Atlanta, onde também poderia defender os Silverbacks.
Harison em ação pelo Duque de Caxias, do Rio de Janeiro, no primeiro semestre do ano passado
O acaso, porém, agiu novamente e fez com que uma chance na Flórida aparecesse durante testes realizados em centros de treinamentos particulares, chamados de “combines” pelos americanos. Além dos times de Fort Laudardale e de Atlanta, mais uma equipe da NASL e outra da MLS, essa uma possibilidade mais distante, procuraram o armador que defendia o Bragantino-PA, presidido pelo irmão.
– Tudo por acaso, pura coincidência. É outra liga, mas é no mínimo engraçado esse reencontro com o Kaká. Teoricamente não nos enfrentaremos, mas tem um torneio como a Copa do Brasil que une as ligas... Quem sabe nos enfrentamos? Ainda não conversamos sobre isso, só para alguns amigos daquela época, como o Emerson Sheik – contou Harison.
Confira bate-papo exclusivo com Harison, por telefone:
O que pesou para você ir para os Estados Unidos?
A questão familiar. A família da minha esposa é de Atlanta e, pelo crescimento do futebol daqui, resolvi arriscar. É um mercado que vai crescer muito. Quero dar uma vida melhor para minha família, cuidar dos meus três filhos. Penso em ser treinador e esse é um mercado diferente para isso. Eles não têm base. É só universidade, não tem muito como achar alguém que se destaque rapido. Penso em jogar três anos e parar.
Mas quem te convenceu a se arriscar?
Meu empresário, Fábio Oliveira. Eu conheci ele há um tempo já e sempre me falou daqui. Vim de férias para visitar a família da minha esposa e recebi o convite dele. Disse que eu tinha o perfil para cá, porque eles gostam de jogadores mais experientes para ajudar os jovens que a NASL busca nas universidades. Aí quis apostar.
Como chegou até o Fort Laudardale Strikers? Está tudo certo?
Está praticamente resolvido, espero que conclua nesta quarta. Eu vim para ficar no Atlanta Silverbacks, onde moram meus familiares. Só que vim para Boca Ratón, na Flórida, para poder treinar em um lugar mais quente. Aqui tem uns centros de treinamento, que eles chamam de "combine", em que você paga para treinar. Aí o auxiliar dos Strikers me viu e gostou. Foi sem intenção nenhuma! Aí conhecemos um diretor brasileiro deles e ele me convidou para a reunião agora dia 14. Vamos ver no que dá.
E o Sheik? Como está te ajudando?
Falei com ele na última sexta-feira, porque ele veio para cá treinar com o Corinthians na pré-temporada lá no CT dos Strikers. Ele disse que deu moral para mim lá (risos). Estive com ele no treino e ficamos muito tempo conversando, há muito não encontrava com ele, com o Fabio Santos, que também jogou no São Paulo. Depois o Sheik me mandou mensagem dizendo que encontrou os caras da diretoria e me deu aquela força, me deu moral. Com ele é aquela resenha monstro.