A menos de um mês das eleições, o Corinthians vive dias de uma intensa guerra política envolvendo o grupo da situação. Enquanto o presidente Mário Gobbi Filho tenta acertar as contas antes de deixar o cargo, a ala ligada a Andrés Sanchez e ao candidato Roberto de Andrade quer reforçar o elenco para disputar a Taça Libertadores. Até agora, o poder do atual mandatário vem prevalecendo.
O último capítulo da série de desavenças entre as partes aconteceu na última semana. Andrade, Sanchez e o gerente de futebol Edu Gaspar acertaram a contratação do atacante Dudu, do Dínamo de Kiev. O Timão desembolsaria € 1,5 milhão no dia 26 de janeiro e pagaria outra parcela no mesmo valor em 15 de março.
Depois da troca de documentos entre os clubes, já com tudo apalavrado, surgiu o problema. Gobbi e o diretor de futebol Ronaldo Ximenes se recusaram a assinar o acordo por considerá-lo elevado demais para os cofres do clube e deram fim às conversas com os ucranianos. Dudu, que recusou o São Paulo, acabou no outro rival, o Palmeiras.
A divisão entre os situacionistas não é de agora. No fim do ano passado, Gobbi e Ximenes foram pegos de surpresa com a informação de que a outra ala tinha fechado a contratação do goleiro Danilo, da Chapecoense. Assim que souberam, barraram a transação é optaram por uma decisão mais econômica ao promover o garoto Zé Guilherme da base.
O mesmo aconteceu com o volante Jonas, do Sampaio Corrêa. Edu Gaspar comandou as conversas, encaminhou o acerto, mas o presidente não aceitou pagar a quantia pedida pelos empresários e muito menos aumentar a oferta salarial em virtude de uma proposta de um clube europeu que o jogador recebeu de última hora.
Gobbi se ampara aos cofres vazios para bater o pé e recusar as negociações. O elenco está há alguns meses sem receber os direitos de imagem, enquanto funcionários de outros setores ainda sequer viram salário, férias e 13º do ano passado.
Mário Gobbi Corinthians
Nos últimos dias, Gobbi saiu à caça de empréstimos para poder quitar a dívida antes de deixar o poder - a eleição está marcada para o dia 7 de fevereiro. Por enquanto, os jogadores ainda não foram comunicados de quando receberão.
Outra prioridade do presidente é investir o dinheiro que ainda resta na renovação de contrato do centroavante Paolo Guerrero, vinculado ao clube só até o meio do ano. O jogador, agenciado pelos mesmos empresários de Dudu, pede R$ 18 milhões de luvas, enquanto o clube oferece R$ 13 milhões.
Nas contas da diretoria, o Corinthians tem apenas R$ 10 milhões para contratar jogadores em 2015. Até agora, o clube buscou o lateral-direito Edilson e o volante Cristian, que estavam sem clube, e o atacante colombiano Mendoza - custou cerca de R$ 1 milhão.
Gobbi tenta evitar atrito com Andrés Sanchez e chegou a dizer que ele não participou das conversas para contratar Dudu. No entanto, o ex-presidente vinha tratando por telefone com Edu Gaspar e os agentes do atleta.
O tamanho do racha no grupo da situação só será conhecido nas urnas. Roberto de Andrade continua como favorito a vencer, também amparado pela divisão na oposição. Antônio Roque Citadini, Paulo Garcia e Ilmar Schiavenato são os outros candidatos.